SOS Mata Atlântica diz que lama de Brumadinho chegou ao rio São Francisco

A lama da Usina do Córrego do Feijão, que se rompeu no dia 25 de janeiro em Brumadinho, Minas Gerais, teria chegado ao São Francisco e já causaria contaminação.

A conclusão está no relatório “O retrato da qualidade da água nas bacias da Mata Atlântica”, que a Fundação SOS Mata Atlântica divulgou na última sexta-feira (22), por ocasião do Dia Mundial da Água.

A ONG monitorou a 12 trechos do rio Paraopeba, entre os reservatórios das usinas de Retiro Baixo e Três Marias, onde o Paraopeba deságua no São Francisco.

De acordo com a fundação, a água está imprópria para consumo humano. O estudo levou em consideração a cor da água, que estaria de duas a seis vezes mais escura que o máximo permitido pelas leis ambientais brasileiras.

As concentrações de minérios, como ferro, manganês, cromo e cobre também estavam acima dos limites máximos permitidos.

Ainda segundo o relatório, a maior parte dos rejeitos carregados pela lama está represada no reservatório de Retiro Baixo, mas as substâncias mais finas ultrapassam a barreira e chegam ao Velho Chico.

A SOS Mata Atlântica coletou as amostras de água do dia 8 até o dia 14 deste mês.

O Serviço Geológico do Brasil, que monitora o nível de turbidez do rio Paraopeba, identificou alterações somente no trecho que vai até Retiro Baixo.

De acordo com o levantamento mais recente a lama está bem forte até 176 quilômetros de distância do local do desastre.

Depois, ela vai se diluindo no Rio e apresenta normalidade entre Retiro Baixo e Três Marias.

Em Minas Gerais, o responsável por monitorar a situação dos rejeitos da barragem é o Igam, Instituto Mineiro de Gestão das Águas.

Por meio de nota, o Igam informou que coletou amostras de água nos dias 2, 7 e 14 de março, na represa de Três Marias – onde o rio Paraopeba deságua no São Francisco.

E que, até agora, não detectou alterações na qualidade da água que indiquem a chegada da lama de rejeitos. Ainda de acordo com o Igam, a lama está represada no reservatório de Retiro Baixo, a 310 quilômetros de Três Marias.

O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco informou que enviaria um ofício ao Igam, pedindo mais informações, e só vai se manifestar quando tiver esta resposta – provavelmente a partir de segunda-feira (25).

A Agência Nacional de Águas também se manifestou em nota.

Informou que as análises da água do rio Paraopeba não confirmam que os rejeitos tenham passado da Usina Hidrelétrica de Retiro Baixo. E que uma análise da água feita antes do rompimento da barragem de Brumadinho já apontava níveis de contaminação, o que pode confundir análises feitas sem contemplar as séries anteriores de dados.

A agência reguladora citou como exemplo o Ribeirão das Almas, depois de Retiro Baixo, que lança muito sedimentos no Paraopeba.

Procuramos o Ministério do Meio Ambiente, para saber sobre os efeitos para o ecossistema, e a Companhia Hidro Elétrica do Rio São Francisco e o Operador Nacional do Sistema Elétrico, para saber se existe risco à geração de energia, mas ainda não obtivemos resposta desses órgãos.

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