Greve dos caminhoneiros sem previsão de término

Wôlmer Ezequiel

Ontem, a fila dos caminhões parados alcançou as proximidades do bairro Amaro Lanari, em Coronel Fabriciano

A paralisação dos caminhoneiros contra o valor dos combustíveis completou dois dias nessa terça-feira (22). Mesmo com o anúncio do governo de que haverá uma redução de 2,08% no preço da gasolina e 1,54% no diesel, os caminhoneiros ouvidos pela reportagem do Diário do Aço, em Ipatinga, disseram que essa baixa é insignificante e que estão dispostos a continuar com o movimento.

O protesto também começa a ganhar a adesão de outras categorias que dependem de veículos para o trabalho, como motoristas do transporte escolar, taxistas, motofretistas, entre outras. Também ganhou destaque a solidariedade dos ipatinguenses, que foram levar alimentos para os caminheiros nas filas. Além de Ipatinga há pontos de retenção na BR-381 em João Monlevade, Inhapim e Realeza, no entroncamento das BRs, 262 e 116.

Em Ipatinga, a paralisação teve início na BR-381, no bairro Horto, na segunda-feira e, nessa terça-feira, a fila já se encontrava no contorno rodoviário em frente ao bairro Amaro Lanari, em Coronel Fabriciano. Apenas carros de passeio, motocicletas e ambulância conseguiam passar pelo bloqueio.

O último caminhoneiro da fila (na pista sentido a Ipatinga), José Eustáquio de Almeida, de 58 anos, contou que chegou por volta das 14h de terça-feira e os manifestantes pediram para ele encostar o caminhão. “Para quem é dono do caminhão fica muito difícil de bancar o combustível. E essa redução anunciada pelo governo não vai ajudar em nada. O diesel tinha que ser abaixo de R$ 3, porque do jeito que está a gente não aguenta não”, reivindica.

Enviada por leitor

Nessa terça-feira, ipatinguenses levaram alimentos para caminhoneiros na fila

Já para o caminhoneiro Roberto Sousa, de 52 anos, o diesel tem que custar menos de R$ 2,80 para terem condições de trabalhar e conseguir pagar as despesas com o caminhão, além dos gastos dentro de casa. “Está muito difícil, principalmente para quem é autônomo. O diesel não pode ser acima de R$ 3 de jeito nenhum. Então essa redução é um absurdo”, destaca.

Questionado sobre como estão lidando com alimentação, banho e outras necessidades específicas, Roberto Sousa informou que a paralisação tem recebido apoio de muitas pessoas, ligadas a entidades, igrejas e associações, que levam comida, água e outros suplementos necessários para os manifestantes. “A população tem nos incentivado muito durante esses dias. Colocaram até banheiros químicos ao longo da rodovia. Então está legal. Podemos continuar tranquilos com a paralisação. E temos que esperar também a decisão dos caminhoneiros de São Paulo, Rio de Janeiro e de outros lugares para saber o que vamos fazer daqui para frente”, afirma.

Vans escolares
Vários motoristas do transporte escolar, que usam vans e micro-ônibus para o trabalho também apoiam a paralisação. De acordo com o motorista de van escolar, Rayon Pereira Santana, de 30 anos, as dificuldades enfrentadas pelos caminhoneiros são as mesmas dos profissionais de transporte escolar ou de viagem. “O combustível hoje está com um valor muito alto e não estamos conseguindo pagar as nossas despesas. Então por isso que decidimos apoiar os caminhoneiros nesse movimento. Estamos levando comida e água, além disso, também buscamos aqueles que precisam ir em casa para tomar um banho. E é interesse de todo mundo essa ajuda”, explica.

Segundo o motorista de van, ele já percebeu que em alguns postos de combustível, em Ipatinga, já enfrentam a falta de diesel para abastecer os veículos. “Já aconteceu comigo nesses dias de ir em um dos postos de combustível e não ter diesel. Então a gente pode esperar que daqui para dois ou três dias a situação vai piorar”, pontua.

Mais:
Aeroporto de Brasília decide contingenciar combustível estocado

Motoristas do transporte escolar aderam à paralisação dos caminhoneiros

Combustível pode faltar com a greve dos caminhoneiros
Com a greve dos caminhoneiros, o transporte de combustíveis também está paralisado. Alguns postos no Vale do Aço já sinalizam a falta de alguns produtos, em decorrência da manifestação. O empresário do ramo de postos de combustíveis na região, Gustavo Augusto Ataíde de Souza, informa que em breve pode haver um colapso no abastecimento de combustíveis.
“Devido aos altos preços passados nas refinarias, a maioria das redes de postos de combustíveis tem trabalhado com um estoque para apenas dois dias. Hoje poucas possuem estoque para quatro dias. Começou a faltar combustíveis em dois postos da minha rede e colegas do setor também me informaram que já passam pela mesma situação. Dependendo da extensão da greve, vai faltar combustível de modo geral dentro de dois a três dias”, declara Gustavo.

MAIS FOTOS
Encontrou um erro? Comunique: [email protected]

Pesquisar