Profissionais da saúde recebem treinamento para atender casos de Leishmaniose Tegumentar

A capacitação é realizada no auditório do Hospital Municipal Eliane Martins, reunindo médicos e técnicos de 13 municípios

O Departamento de Vigilância em Saúde (Devs) de Ipatinga confirma que, este ano, a Secretaria de Saúde registrou 33 casos de Leishmaniose Tegumentar no município. No ano passado, foram 58 casos confirmados. O número não chega a ser alarmante, mas há instruções importantes que precisam ser multiplicadas quanto a procedimentos específicos indicados para cada ocorrência. Por isso, médicos e técnicos de 13 municípios que compõem a região de saúde de Ipatinga participam de uma capacitação sobre as formas de diagnosticar e tratar a doença.

Realizado em duas quintas-feiras (dias 20 e 27 de setembro), o treinamento é oferecido pela Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Coronel Fabriciano e acontece no auditório do Hospital Municipal Eliane Martins (HMEM). De acordo com coordenadora de Vigilância Epidemiológica da SRS, Aline Eliane dos Santos, há situações em que a Leishmaniose Tegumentar pode ser tratada nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do próprio município, sem a necessidade de encaminhamento do paciente a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA).

Aline Eliane dos Santos diz que, em algumas situações, a Leishmaniose Tegumentar pode ser tratada nas Unidades Básicas de Saúde

“Decidimos fazer este treinamento porque Ipatinga é referência hospitalar da região, e a Leishmaniose é uma doença que gera muitas dúvidas tanto no diagnóstico quanto em relação ao tratamento. Sem conhecimento adequado, muitos municípios encaminham os pacientes para as unidades de atendimento de urgência e emergência, quando há casos que podem ser tratados nas Unidades Básicas de Saúde. Daí a necessidade de capacitar as equipes técnicas”, esclarece Aline.

A doença
A Leishmaniose Tegumentar ou cutânea humana é uma infecção causada pelo protozoário Leishmania, que provoca feridas indolores na pele e nas mucosas do corpo. No Brasil, a leishmaniose cutânea é transmitida pelo mosquito palha, e o tratamento é feito sob orientação médica, podendo ser necessário o uso de medicamentos injetáveis, conhecidos como antimoniais pentavalentes.

A doença é contraída por meio da picada do mosquito que costuma viver em ambientes quentes, úmidos e escuros, principalmente em florestas ou quintais com acúmulo de lixo orgânico. Em Ipatinga, os bairros com maior incidência de casos são o Cariru, Bom Retiro e Bela Vista, por serem bairros próximos de mata.

A médica infectologista da rede de saúde de Ipatinga, Carmelinda Lobato, que realiza o treinamento junto aos profissionais, disse que as principais dúvidas são quanto às diferenças de tratamentos, que são feitos nos postos de saúde ou nas unidades hospitalares. “Há pacientes que podem ser tratados nos postos e outros nos hospitais. Uma ferida única ou uma pequena lesão, por exemplo, pode ser tratada em uma UBS e os casos mais complicados nas unidades hospitalares”, ressalta.

Érica Dias explica que o objetivo da capacitação é orientar para a responsabilidade dos municípios na assistência aos pacientes

Manifestação
A leishmaniose cutânea é a forma mais comum da doença e costuma causar o desenvolvimento de uma ferida, que começa como um pequeno nódulo no local da picada do mosquito, evoluindo depois para uma ferida aberta indolor, em algumas semanas ou meses.

Na maioria dos casos, o médico é capaz de fazer o diagnóstico da Leishmaniose Tegumentar apenas na observação das lesões e relato do paciente. A secretária de Saúde de Ipatinga, Érica Dias, explica que o objetivo da capacitação é orientar cada município da microrregião para sua responsabilidade de assistência básica, que é o atendimento primário. “O que está acontecendo é que, mesmo aqueles pacientes que podem ser atendidos em um posto de saúde, estão sendo encaminhados para a UPA de Ipatinga, sobrecarregando a urgência e emergência, inclusive com internações desnecessárias, tirando o foco daquilo que é realmente prioritário”, ressalta Érica.


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