Aedes do Bem já liberou mais de 20 milhões de mosquitos em Juiz de Fora

Instalada em Juiz de Fora, desde o dia 15 de janeiro deste ano, a unidade móvel de produção de Aedes aegypti geneticamente modificados vem produzindo e lançando dois milhões de mosquitos, semanalmente, em três bairros da cidade.

Os chamados Aedes do Bem, não picam, não transmitem nenhuma doença e, pelo contrário, colaboram com o controle e a redução de mosquitos fêmea selvagens, os verdadeiros responsáveis pela transmissão da Dengue. A unidade de Juiz de Fora é a primeira unidade móvel de produções de mosquitos Aedes no mundo.

Nesta terça-feira, 14, a equipe do Diário Regional pode visitar e acompanhar como funciona a unidade, que se encontra instalada no bairro Santa Cruz, zona Norte da cidade.

Durante a visita, Karla Tepedino, gerente de Produção e Distribuição da Oxitec Brasil, empresa responsável pelo Aedes do Bem, explicou todas as fases do processo, desde a chegada dos ovos de mosquito até a liberação no meio ambiente.

O mosquito Aedes modificado foi criado na Inglaterra no ano de 2002. Ele chegou ao Brasil já modificado e aqui não precisou passar por nenhuma outra alteração genética. Karla explica que “basicamente dois genes foram mudados. Um que produz uma fluorescência na larva do mosquito, permitindo assim, a empresa e os agentes de saúde a identificarem quais delas são as do Aedes do Bem e quais não são. E o outro, um gene autolimitante que faz o Aedes produzir uma proteína em excesso. Essa proteína não possui nenhuma utilidade para o mosquito, entretanto, não para de ser produzida. Assim, com o passar do tempo, a sua produção em excesso mata o Aedes.”

Dentro da unidade, os mosquitos recebem um antídoto que paralisa a produção dessa substância por alguns dias e permite o inseto viver por mais tempo. Tepedino esclarece que “o Aedes então, quando liberado, busca por fêmeas, copulam com elas e seus descentes nascem com o mesmo gene que os forçam a produzir a tal proteína, sem parar até morrerem. Como os novos mosquitos não terão acesso ao antídoto, dentro de três a quatro virão a morrer. Os machos que receberam o antídoto dentro da unidade também morrem dentro do mesmo prazo, pois o produto é fotossensível e quando exposto a luz é eliminado.” conclui.

Vale reforçar que esse dispositivo também impede que, por exemplo, em caso de um vazamento do antídoto na natureza, os mosquitos criem resistência, pois neste caso a substância também seria eliminada naturalmente.

O processo

A unidade básica instalada em Juiz de Fora, recebe os ovos do Aedes aegypti diretamente da cidade de Piracicaba-SP. Eles são eclodidos dentro da unidade local através de um processo à vácuo. As larvas saem dos ovos, são separadas em grupos de 10 mil e colocadas em uma sala de criação a 28°C. Cada um destes grupos será alimentado com uma dosagem exata de ração de peixe. Através do processo correto de alimentação a fêmea crescerá mais que o macho e assim poderá ser identificada e eliminada. Os machos são colocados em um recipiente, durante três dias, onde concluirão seu crescimento para logo depois serem liberados no ambiente. Todas as fêmeas são eliminadas ao fim do processo.

Karla Tepedino destaca a funcionalidade do Aedes do Bem ao reforçar que “o uso de inseticidas vai até as larvas, enquanto que o macho modificado geneticamente vai diretamente até a fêmea, debaixo de mesas, dentro de armários, enfim, no interior das residências.”

Próximas etapas

O projeto Aedes do Bem já liberou mais de 20 milhões de mosquitos machos modificados em Juiz de Fora, desde o dia 30 de novembro de 2017. As equipes que acompanham o processo já identificaram larvas fluorescentes desde a segunda semana de lançamento, o que indica que os insetos vêm realizando o trabalho a que foram destinados.

Atualmente, apenas os bairros Santa Luzia, Monte Castelo e Vila Olavo Costa, recebem os Aedes do Bem. A expectativa, porém, é que a partir de julho deste ano, os mosquitos sejam liberados em mais bairros de JF. Até o final dos quatro anos previstos na parceria, o projeto poderá abranger uma área de mais de 50 mil habitantes.

A previsão é de que a unidade fique instalada na cidade por pelo menos mais três anos, especificados no contrato com a Prefeitura Municipal, podendo este ser estendido em caso de novas demandas.

A unidade

A unidade instalada em Juiz de Fora conta com oito funcionários, dentre biólogos, químicos, etc., que se dividem no processo de criação dos mosquitos e na liberação dos mesmos no meio ambiente. Todos os funcionários são da cidade.

A gerente de Produção e Distribuição da Oxitec também realiza visitas constantes a fim de acompanhar o trabalho desenvolvido a nível local a fim de garantir sua qualidade e eficiência.
Até o momento apenas Juiz de Fora e Piracicaba contam com o projeto Aedes do Bem no Brasil.

A parceira entre a PJF e a Oxitec do Brasil Tecnologia de Insetos Ltda. foi divulgada no dia 11 de julho de 2017.

Postado originalmente por: Diario Regional – Juiz de Fora

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