Divinopolitano cria aplicativo que elimina fiador e paga o aluguel se o inquilino atrasar

André Penha de Divinópolis é co-fundador do Aplicativo Quinto Andar

Reportagem de Queila Ariadne para o Jornal “O tempo”

Antes mesmo de começar a procurar um apartamento para alugar, o publicitário Marcos Amancio, 29, já começou a pensar em quem poderia chamar para ser o fiador. Só que a chegada de um aplicativo de locação online em Belo Horizonte poupou o inquilino do constrangimento. “Entrei, vi várias fotos, vi informações de preço, localização e pronto: deu match!”, conta. A expressão usada por Amancio para comemorar o aluguel do apartamento perfeito define o novo momento do mercado imobiliário. Em tempos de economia compartilhada, o setor também está aderindo à onda da “uberização”, que usa o ambiente digital para ligar as duas pontas do negócio.

O QuintoAndar, usado pelo Amancio, liga o inquilino ao proprietário do imóvel, sem exigir garantias como fiador ou seguro-fiança e sem necessidade de as partes irem ao cartório. “Em quatro dias, eu estava com o contrato assinado e já estava em contato com o proprietário combinando como eu pegaria as chaves. Assinei na tela do meu celular”, conta Amancio.

O executivo do app o divinopolitano André Penha, 38, explica que não tem burocracia e a segurança para ambas as partes é garantida pela plataforma. Para fechar o contrato, o interessado tem que comprovar renda de 3,4 vezes o valor do aluguel. Ele também passa por análises tradicionais de crédito.

“O locatário não precisa dar nenhuma garantia porque nós damos. Somos nós quem emitimos o boleto do aluguel e repassamos o valor ao proprietário, já descontada a taxa que cobramos pela administração, o que também ocorre nas imobiliárias. Se o inquilino não pagar em dia, nós pagamos e depois tomamos as providências contra ele, como uma ação de despejo, se necessário. Mas isso acontece em menos de 0,5% dos nossos contratos”, explica Penha. A plataforma também oferece uma cobertura de R$ 50 mil para arcar com eventuais danos ao patrimônio ao fim do contrato.

Por trás da tranquilidade prometida está uma seguradora, a canadense Fairfax. O professor da Escola Nacional de Seguros Bruno Kelly ressalta que esse é o segredo para garantir uma operação sem garantias. “A grande sacada que essa startup teve foi exatamente contar com uma seguradora, pois o risco de ter que arcar com a inadimplência dos inquilino, já que eles não dão garantias, é absurdamente alto. O que fazem não é diferente do Uber, que junta as duas pontas. Na prática, eles terceirizam o seguro, pois tiram do locatário a obrigação da garantia, chamam para si a responsabilidade de fazer a análise de risco e garantem ao proprietário que ele não terá prejuízo”, explica Bruno.

O cliente não paga para ter acesso ao app. O dono do imóvel também não paga para anunciar. Quando o contrato é fechado, o QuintoAndar fica com o primeiro aluguel e, todo mês, retém 8% do valor repassado ao proprietário. No mercado, essa taxa costuma ser de 5%. “Um diferencial é que, como muita gente acessa, a chance de o dono do imóvel alugar mais rápido é maior”, ressalta o executivo.

Tem corretor

Ao vivo. A operação é online, mas o corretor e mantido. Assim como um motorista de Uber, quando alguém agenda a visita a um apartamento, o corretor confirma e vai ao local mostrar o imóvel.

 

Avalista ainda é preferência da maioria

Pedir a alguém que garanta seu aluguel caso você não possa pagar é constrangedor. Ainda assim, o fiador, ou avalista, é a modalidade mais requisitada como garantia. De acordo com a vice-presidente das administradoras imobiliárias da Câmara do Mercado Imobiliário (CMI/MG), Flávia Vieira, mais da metade dos locatários ainda recorre aos fiadores. “É a mais procurada porque basta pedir a alguém e não tem custo”, explica Flávia. Também existem cheque caução e seguro-fiança e até títulos de capitalização.

Ela destaca que as imobiliárias trabalham com todas as modalidades e estão em uma constante busca de melhorias, e, assim como qualquer outro setor, o desafio do mercado é aliar inovação com experiência. “Qualquer instrumento que venha a reduzir a burocracia é bem-vindo. Os aplicativos e as startups que encurtam a relação entre as duas partes vieram para melhorar a prestação de serviços. Sempre que surge uma nova ferramenta, o mercado tem que se adaptar”, ressalta.

 

Mineiros criaram startup a partir de conversa sobre burocracia

Foi a partir de uma conversa sobre o quanto era difícil alugar um imóvel que os mineiros André Penha, 38, de Divinópolis, e Gabriel Braga, 36, de Belo Horizonte, criaram a startup QuintoAndar. “Em 2012, nós fazíamos MBA em Stanford, no Vale do Silício, nos Estados Unidos. Aí conversamos sobre como esse processo era burocrático, além do constrangimento de ter que pedir para alguém ser o fiador ou ter um custo alto com um seguro-fiança ou cheque caução. Voltamos para o Brasil em 2013 e abrimos a QuintoAndar em Campinas”, lembra Penha.

Hoje, a startup está presente em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Goiânia e, segundo o executivo, a empresa está crescendo a um ritmo de 20% ao ano. “Acabamos de chegar a Belo Horizonte, que faz parte do nosso plano de expansão. A meta é estar em dez regiões metropolitanas até o fim deste ano, todas nas regiões Sul e Sudeste”, anuncia. A empresa atua só com aluguel residencial.

Postado originalmente por: Nova FM

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