Opinião Febre Maculosa: Muito além das interdições – Por Sílvio França

 

Por Sílvio França

Interditar o Parque da Ilha, interditar a Escola Municipal Professor Darci Ribeiro, interditar o Estádio do Guarani e interditar o Campo do Flamengo.   Estas foram medidas anunciadas para tentar diminuir os casos de febre maculosa em Divinópolis. O problema, é que o combate a doença que já matou três pessoas na cidade não se resume a estas medidas.

Divinópolis é uma cidade cortada praticamente em toda sua extensão pelo Rio Itapecerica. Habitat natural das capivaras, o animal pode ser encontrado em praticamente qualquer parte da cidade.  Se continuarmos com as interdições sem a solução definitiva já podemos incluir a da Quadra dos Rouxinóis, da Inter Academy, do  CT dos Bombeiros, do Centro Maria de Nazaré, do Divinópolis Clube,  da Escola de Música e até do Teatro Gravatá. Estão todos na beira do Rio.

O que falta é a política pública de controle populacional das capivaras, animal que não tem predador natural na região e procria muito rápido. Sendo um hospedeiro natural do carrapato estrela, que transmite a febre maculosa, esse também cresce em focos de infestação, na mesma velocidade que o animal se reproduz.  

Em Belo Horizonte um problema parecido foi detectado na Lagoa da Pampulha e lá já estão tomando providências. As capivaras, cerca de 85, serão levadas para cativeiros, onde serão tratadas e esterilizadas.  Ficarão por 90 dias “internadas” e depois devolvidas para a habitat natural .  O custo do tratamento deve ficar em 500 mil reais. O problema é que o carrapato estrela não vive só na capivara, ele também se hospeda, no cão, no gato, no cavalo e por isso será necessário fazer o controle químico da praga.  

Não basta interditar, se não for feito este controle químico, com dedetização, o carrapato vai migrar, pode atingir animais domésticos e aí sim teremos uma situação caótica.  Outra experiência que vem dando bons resultados, é a adotada em Campinas, onde trataram capivaras com remédios que as deixam imune ao carrapato, se ele pica o animal, ele morre. Já foram encontrados níveis seguros para injetar o medicamento na capivara sem que ela sofra danos. Lá, além desta medida, também fizeram a esterilização dos animais para evitar que eles procriem indiscriminadamente. 

Em Divinópolis até agora, só interditaram e nem interditaram tudo.

Postado originalmente por: Portal MPA

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