12º Abrace a Serra da Moeda lembra vítimas de Brumadinho e cobra resposta sobre pressão hídrica na RMBH

Cerca de três mil pessoas participaram do 12º Abrace a Serra da Moeda, na manhã deste último domingo (21), na região conhecida como Topo do Mundo, em Brumadinho, na Grande BH.

Diferentemente das 11 edições anteriores, em que os participantes sempre usaram uma camisa branca, nesta, a cor preta foi escolhida pelos organizadores para simbolizar o luto pelas vítimas do rompimento das barragens de Córrego do Feijão, em Brumadinho, ocorrido em 25 de janeiro.

O evento também foi marcado por falas de ambientalistas em repúdio ao grave crime ambiental cometido pela Vale, que até o momento já contabiliza 231 mortos e 46 desaparecidos, além da leitura de uma carta, em homenagem aos bombeiros que atuaram na tragédia, escrita pela menina Helena Silva, de 10 anos, moradora de Congonhas, região Central do estado. O texto sensibilizou a corporação na época do rompimento.

Outro momento marcante do ato público foi uma intervenção com com 32 artistas, dirigida pelo bailarino, ator e coreógrafo mineiro Tiago Gambogi, que destacou algumas cenas marcantes da tragédia de Brumadinho, entre elas o momento em que os rejeitos da barragem de Córrego do Feijão se romperam, matando pessoas e destruindo toda a região ao redor, e a busca incansável dos bombeiros por corpos e sobreviventes.

No final da apresentação, todos os participantes foram convidados a interagir na performance, formando a frase “Nosso Luto, nossa luta”, tema do evento este ano.

O ápice do protesto ocorreu, pontualmente, às 12h28 – mesmo horário do rompimento das barragens da Vale -, quando um enorme cordão humano se formou no cume da serra para simbolizar o abraço à cadeia montanhosa.

Segundo a presidente da ONG Abrace a Serra da Moeda, Cristina Vignolo, o protesto é realizado, fundamentalmente, para exigir uma mudança de rumo na condução das políticas econômicas, que vem comprometendo a capacidade de prevenir a sociedade de desastres causados por grandes empreendimentos poluidores. “Mais que responsabilizar os envolvidos nesse crime, é preciso evitar que situações semelhantes sejam repetidas”, ressalta.

Além de trazer à tona o crime ambiental cometido pela Vale em Brumadinho, a 12ª edição do Abrace a Serra da Moeda continuou exigindo da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD), responsabilidade com a segurança hídrica da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Isso porque, segundo a ONG, entre vários empreendimentos denunciados pela Abrace a Serra da Moeda, que estão se instalado na região, está a fábrica da Coca-Cola Femsa, que desde a sua instalação, em meados de 2015, em Itabirito, compromete a água de nascentes da região, e o CSul Lagoa dos Ingleses, um mega complexo, que será construído em torno do Alphaville, no município de Nova Lima.

Segundo ambientalistas, o projeto, que ocupará uma área de 2 mil hectares para 150 mil pessoas, em terrenos de usos mistos, multifamiliar, unifamiliar, empresarial, tecnológico, comercial, de serviços e logística, tem demanda mensal de mais de 2.300.000 m³ de água por mês, a ser retirada das nascentes da Serra.

“Mesmo com toda essa grandiosidade, seus responsáveis não apresentaram estudos hidrogeológicos prévios consistentes, que confirmem sua viabilidade hídrica”, diz a ONG.

A Coca-Cola Femsa informou, por meio de nota, que “em relação a informações referentes à redução de vazão nas nascentes nas proximidades da unidade de Itabirito, a Coca-Cola Femsa Brasil afirma que não há evidências técnicas de que os poços que abastecem a fábrica estejam interferindo nas nascentes nem no rebaixamento de aquíferos. Essa afirmativa se dá com base nos resultados obtidos no estudo hidrogeológico elaborado pela empresa Schlumberger Water Services, que visou, entre outros objetivos, averiguar se haveria relação entre a captação de água dos poços utilizados para fornecer água à operação da empresa em Itabirito e a redução de vazão em nascentes próximas”.

Com BHAZ

 

Postado originalmente por: Portal Sete

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