O que a ciência diz sobre tomar ou pular o café da manhã?

Enquanto alguns acreditam que esta é a refeição mais importante do dia, médicos apontam a alimentação forçada como uma má ideia

Algumas verdades universais são transmitidas por anos e gerações. Uma dela é que o café da manhã é a refeição mais importante do dia e que jamais pode ser pulada. Mas, essa não é uma verdade absoluta. Segundo a Associação de Nutricionistas do Reino Unido apenas 2/3 dos adultos do Reino Unido tomam café da manhã, e cerca de 3/4 dos americanos mantém a prática, de acordo com American Journal of Clinical Nutrition.

A primeira refeição do dia, de fato, ajuda a restaurar as energias, já que as reservas são gastas durante a noite de sono. Mas, apesar disso, as pesquisas divergem quanto a eficácia da alimentação nas primeiras horas do dia. Também há uma preocupação na comunidade científica da interferência da indústria de alimentos nas pesquisas.

A relação que mais se estuda é entre o café da manhã e a obesidade. Segundo um estudo americano que analisou dados de saúde de 50 mil pessoas, em um período de sete anos, aqueles que tornaram o café da manhã tiveram menor índice de massa corporal.

A explicação dos pesquisadores se baseia no fato de que algumas pessoas se sentem mais saciadas após essa refeição, limitando o consumo de calorias ao longo do dia. Os resultados podem ser ainda mais positivos se a ingestão for por alimentos com mais fibras e nutrientes, comuns no café da manhã.

O que não ficou claro neste estudo, no entanto, é se o café da manhã foi a causa ou as pessoas que pulavam a refeição já estavam propensas a serem obesas. A médica Flávia Cicuttini, professora de reumatologia da Universidade Monash, na Austrália e mais um time de colegas revisaram os estudos que já existiam sobre o assunto. Chegaram a três estudos principais e descobriram que quem comia de manhã costumava ingerir 260 calorias extras por dia e ganhava, em média, 0,44 quilo.

A revisão também não encontrou provas suficientes para comprovar que os adeptos do café da manhã se tornam menos propensos a episódios de gula mais tarde. A conclusão é de que não faz sentido forçar a ingestão logo quando se acorda para toda a população. Mas até mesmo os pesquisadores ponderam a qualidade dos estudos revisados – muitos deles se basearam em sete dias de observação dos participantes, período considerado muito curto.

Em entrevista, Ana Bonassa, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo, diz que não é possível perder de vista as pesquisas que dizem o contrário. “Eles indicam que pular o café está relacionado ao sobrepeso, à obesidade e à maior incidência de diabetes tipo 2”.

Também há o fato da alimentação ser bastante diferente entre os países. Na maioria dos dados disponíveis nas pesquisas revisadas pelo time de especialistas, a qualidade do alimento utilizado na primeira refeição interfere no resultado final. Queijo e pão integral, por exemplo, podem ser boas opções, podendo-se adicionar frutas, leite, cereais, e até mesmo creme de avelã para quem prefere doses de doces.

Apesar dos estudos serem contraditórios, os especialistas concordam que é uma má ideia forçar qualquer refeição. Se você consegue viver sem o café da manhã e balancear a quantidade e qualidade de alimentos ingeridos, não haverá nenhum problema com o seu organismo. Existem até mesmo pessoas que se valem da dieta de jejum intermitente para ter uma maior qualidade de vida. Mas, antes de iniciar qualquer programa alimentar, o recomendado é procurar um médico nutricionista.

Alice Bachiega
Estagiária em Link Building

 

Postado originalmente por: Portal Sete

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