Operação de Três Marias pode ser alterada para impedir lama de Brumadinho no São Francisco, diz ministro

O ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, afirmou nesta quinta-feira (21) que o governo pode alterar a operação da usina hidrelétrica de Três Marias para garantir que os rejeitos da barragem da Vale, que se rompeu em Brumadinho (MG), não cheguem ao Rio São Francisco.

Canuto participou nesta quinta-feira da reunião da comissão externa da Câmara dos Deputados de monitoramento do desastre. A barragem de rejeito de minérios se rompeu no fim de janeiro deixando um mar de lama e destruição na cidade mineira. Até a última quarta-feira (20), foram confirmadas 171 mortes; 141 pessoas estão desaparecidas.

“Já está alinhado com a usina de Retiro Baixo [no rio Paraopeba] uma operação especifica para tentar reduzir a passagem e em Três Marias [no rio São Francisco] também. Caso isso chegue a Três Marias e a diluição dos rejeitos não sejam, como a gente espera, muito reduzida, a operação de Três Marias pode sim ser alterada para garantir que o rejeito não chegue ao rio São Francisco”, disse o ministro.

Segundo Canuto, não é possível garantir que os rejeitos de minérios não chegarão ao rio. “Não podemos afirmar que não haverá contaminação porque isso vai depender do regime de chuvas e como a pluma [de lama] vai se comportar ao longo do leito do rio”, disse.

Segundo ele, o governo está alinhado com as concessionárias das usinas do Retiro Baixo e de Três Marias. O ministro afirmou que o reservatório de Três Marias é muito grande e que o governo espera que os rejeitos sejam diluídos e não contaminem o São Francisco.

A contaminação do São Francisco com os rejeitos da barragem é uma das grandes preocupações ambientais atuais.

Monitoramento de barragens

Canuto afirmou que o governo estuda criar um órgão específico ou uma câmara técnica junto ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos para tratar de segurança de barragens. Esse órgão seria responsável por garantir que a lei de segurança de barragens seja implementada e cumprida pelos empreendedores.

O ministro afirmou ainda que o governo vai propor mudanças nas leis que tratam de barragens, entre as mudanças está a alteração no critério de classificação de risco das barragens e o aumento do valor das multas para as empresas que não cumprem a lei de segurança de barragens.

Na última segunda-feira (18), a Agência Nacional de Mineração (ANM) determinou a eliminação de todas as barragens do tipo “alteamento a montante”, como a que rompeu em Brumadinho.

De acordo com a decisão, as barragens a montante ou método desconhecido que estão desativadas deverão ser eliminadas até 15 de agosto de 2021 e as que estão em funcionamento, até 15 de agosto de 2023.

Em uma lista com 717 barragens de rejeitos de mineração no Brasil, pelo menos 88 têm método de construção de “alteamento a montante ou desconhecido”, segundo a ANM.

Depoimento

Na sessão desta quinta-feira, a comissão externa ouviu o depoimento do irmão de uma vítima da tragédia de Brumadinho. Durante sua fala, Gustavo Barroso rebateu a fala do presidente da Vale, Fabio Schvartsman, que afirmou que “é uma joia brasileira” e não pode ser condenada pelo rompimento da barragem de Brumadinho, “por maior que tenha sido a tragédia”.

Gustavo Barroso disse que sua irmã e as outras pessoas que morreram na tragédia “eram joias”. “Joia rara era minha irmã e as outras 310 pessoas que morreram. Uma empresa não é nada sem seus funcionários”, disse.

Gustavo era irmão da engenheira de minas Isabela Barroso, que morreu no rompimento da barragem da mina do Córrego do Feijão.

*Com G1.com / Minas Gerais

 

Postado originalmente por: Portal Sete

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pesquisar