Programa de prevenção à criminalidade discute a questão da mulher negra na periferia

Programa Mediação de Conflitos realiza encontro de formação dos profissionais atuantes nos Centros de Prevenção à Criminalidade do Estado

Cansada de sofrer violência doméstica durante anos dentro de casa, Simone Maria da Penha, 38 anos, promotora popular e referência comunitária, procurou o Centro de Prevenção à Criminalidade (CPC) da Vila Cemig, na Região do Barreiro, em Belo Horizonte, em busca de alguém que pudesse conversar sobre a situação que enfrentava. Em um encontro promovido pela Subsecretaria de Políticas de Prevenção à Criminalidade (Supec), da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), ela compartilhou sua experiência e contou que, pela primeira vez, encontrou pessoas que a compreenderam e fizeram com que ela sentisse confiança para se abrir.

Exemplo de superação, Simone disse, emocionada, que a equipe do programa Mediação de Conflitos do CPC a fez se sentir especial e ter forças para sair daquele círculo vicioso, procurando seus direitos e se empoderando aos poucos.  “Com as nossas conversas e os conselhos que recebi, fui percebendo que meu marido só fazia comigo o que eu permitia e que eu não precisava apanhar pra receber carinho. A equipe me fez firmar um compromisso de não apanhar mais. E eu consegui. Desde o dia que entrei no CPC nunca mais sofri violência”, contou.

Histórias como a de Simone fazem parte do cotidiano dos analistas que recebem e acolhem diariamente o público no Programa Mediação de Conflitos dos CPCs espalhados pelo Estado. “Achamos importante trazer a Simone para falar aqui hoje para que os profissionais em formação possam compreender melhor a importância do trabalho desenvolvido e a sensibilidade necessária para lidar com o público que recebemos”, explicou a diretora de Resolução Pacífica de Conflitos, Flávia Medes.

Discutir e compreender a realidade da mulher negra, moradora da periferia, como o exemplo de Simone. Esta foi a temática do “Encontro de Formação” que o Programa Mediação de Conflitos (PMC), da Subsecretaria de Políticas de Prevenção à Criminalidade (Supec), realizou na tarde da última quinta-feira, 19.04, para a capacitação e reciclagem dos técnicos e gestores que atuam nos Centros de Prevenção à Criminalidade (CPCs).

O Programa Mediação de Conflitos contribui para romper o ciclo da impunidade vivida pelas mulheres que moram em comunidades com altos índices de violência do Estado, e tenta mostrar a elas quais os caminhos para reivindicar seus direitos na justiça e sair dessa rotina de violência doméstica. Desta forma, encontros como o desta quinta são de suma importância para o trabalho com as equipes sobre um dos públicos que ainda sofrem mais violência diante da questão racial. Para a subsecretária de Políticas de Prevenção à Criminalidade, Andreza Rafaela Abreu Gomes, a política de prevenção tem foco na formação das equipes técnicas para oferecer atendimentos, através dos programas, cada vez mais, de qualidade. “Discutir o contexto da mulher negra, de periferia, contribui nessa perspectiva de fomentar o atendimento e as intervenções para um empoderamento, cada vez maior, dessas mulheres”, explica.

A Vereadora Áurea Carolina, defensora das causas das mulheres, esteve presente participando das discussões com os mediadores. Durante o evento, ela salientou a importância de momentos como este de formação dos mediadores e disse estar muito honrada em poder contribuir de alguma forma. “Muitas das questões aqui colocadas, são questões que me desafiam também na minha prática política. Estar aqui é ter mais um tempo de reflexão para sair de impasses e conhecer as dificuldades e as práticas que estão sendo experimentadas”, disse.

Áurea ainda enalteceu a atuação das equipes que trabalham com profundo compromisso e dedicação, mesmo enfrentando dificuldades, às vezes. “Apesar de todas as limitações que estamos vivendo nesse momento no país, as pessoas que estão trabalhando nas políticas de prevenção conseguem achar saídas para ajudar quem precisa encontrar soluções para os seus problemas. Eu me sinto muito honrada em estar aqui e ser alimentada por tudo isso”, finalizou.

Crédito: carlos Alberto/Imprensa-  MG Local:TEATRO BRASIL E AGU Assunto:teatro e palestra - Foto: Carlos Alberto/ Imprensa MG
Crédito: carlos Alberto/Imprensa- MG
Local:TEATRO BRASIL E AGU
Assunto:teatro e palestra – Foto: Carlos Alberto/ Imprensa MG

O Programa Mediação de Conflitos

É um programa de prevenção social à criminalidade que atua em territórios marcados pela violência e baixo acesso a direitos, a partir dos fundamentos da Mediação Comunitária, objetivando a resolução pacífica de conflitos, com foco na prevenção e redução de homicídios em razão de violência doméstica, familiar e contra a mulher, conflitos entre vizinhos e a violação de direitos. Isso é feito por meio da participação social e institucional, organização comunitária e orientações para acesso a direitos. Tem caráter participativo e inovador, incentivando o diálogo e possibilitando o acesso a direitos e o fortalecimento dos vínculos de grupo e comunidades.

O PMC é organizado metodologicamente em quatro eixos de atuação, que contribuem para a leitura e análise das dinâmicas das violências e da criminalidade e, assim, maior qualificação das intervenções e alcance dos objetivos traçados pela Política de Prevenção Social à Criminalidade. São eles: Atendimento Individual; Atendimento Coletivo; Projetos Temáticos; Projetos Institucionais.

Ascom SESP

Postado originalmente por: Portal Sete

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pesquisar