Promove investe R$ 10 milhões, apenas em 2018, para preparar alunos para o trabalho

Não basta ter o diploma. Para garantir uma vaga no mercado de trabalho, é preciso saber colocar a mão na massa – e o quanto antes, melhor. Mas o que parecia um desafio só para quem está prestes a vestir a beca se transformou em missão em algumas instituições de ensino superior. Mais do que formar profissionais, elas investem pesado para que o aluno se despeça das salas de aula com know how suficiente para conquistar um emprego ou dar, com segurança, os primeiros passos como autônomo.

A determinação de casar o ensino com aquilo que o “mundo real” exige levou o Promove a destinar, apenas em 2018, R$ 10 milhões a atividades de extensão dos cursos.

Iniciativas como o Restaurante Escola, o Spa Escola e o Núcleo de Práticas Jurídicas são exemplos de ações que buscam dar mais experiência aos estudantes. Atendem aos alunos de Gastronomia, Cosmética & Estética e Direito do Promove em Belo Horizonte. A instituição acaba de receber a chancela do Ministério da Educação (MEC) para se transformar em centro universitário.

Cursos da área de saúde, como nutrição e odontologia, não ficam de fora. Os estudantes são colocados em contato com pacientes desde o início da graduação, em hospitais e outras instituições parceiras das faculdades.

Thiago Muniz, diretor-executivo do Promove elaborou medidas para ajudar os alunos a pagar pelos estudos (Foto: Flávio Tavares)
Thiago Muniz, diretor-executivo do Promove elaborou medidas para ajudar os alunos a pagar pelos estudos (Foto: Flávio Tavares)

Nesses projetos, os acadêmicos desenvolvem junto à comunidade habilidades do ofício que escolheram, sempre de forma responsável, orientados por professores e auxiliados por profissionais da área.

VISÃO
Essa forma de ensinar voltada cada vez mais para a prática atende a uma demanda dos próprios universitários, mas faz parte de uma cartilha seguida por poucas instituições de ensino do país. 

Para 63% dos 849 entrevistados em uma pesquisa do Instituto Ipsos, feita para o Grupo Santander, as faculdades não preparam os alunos totalmente para as competências exigidas pelas empresas. Além disso, 54% consideram que a inserção no mercado precisa ser melhor.

Diretor executivo do Promove, Thiago Muniz destaca que os empregadores vêm, sim, exigindo um perfil diferente do trabalhador.

“O que o mercado precisa está desconectado dos números apresentados até hoje na educação superior”, diz. “Gente que saiba ‘pôr a mão na massa’, que tenha um ensino mais prático: acreditamos que essa seja a necessidade das empresas”, afirma, citando o conceito de36 hands on, ou “aprender fazendo”.

Psicóloga e sócia-proprietária da Martins & Bueno, empresa especializada em gestão de carreiras, Isabella Bueno reitera que a falta de uma vivência profissional do aluno durante a formação acadêmica interfere diretamente na busca pelo emprego.

SAÚDE – Serviços oferecidos ao público garantem qualidade dos cursos  (Foto: Divulgação Funorte)
SAÚDE – Serviços oferecidos ao público garantem qualidade dos cursos (Foto: Divulgação Funorte)

Também é importante que o estudante faça bons estágios. É a melhor forma de conhecer o mercado, saber o que se passa nas empresas”, diz. “Alinhavar a teoria com experiências práticas torna o aprendizado muito melhor. Se não há essa preparação do aluno, depois de formado ele passa a ser mais um desempregado”.

Três meses sem mensalidade e ajuda para conseguir renda fixa

A falta de recursos financeiros é um entrave para muitos estudantes ingressarem ou se manterem em instituições de ensino superior. Muitas vezes, a ausência de uma renda fixa impede que o aluno arque com as mensalidades da faculdade, forçando-o a abandonar a graduação.

Para reverter esse quadro, surgiu, em 2017, o Promove Empregos. O programa propõe ao estudante a isenção de três meses de mensalidade, enquanto a instituição tenta encaixá-lo em um emprego ou estágio.

Se, mesmo após esse período, não houver sucesso na busca por uma oportunidade, o aluno não terá que arcar com o custo dos meses em que esteve matriculado, mesmo que decida interromper os estudos. A iniciativa também é aplicada na Faculdade Kennedy e na Funorte, em Montes Claros.

“É uma oferta profissional feita ao aluno. Muitas vezes, ele se queixava que não tinha dinheiro para pagar as mensalidades. Decidimos ajudá-lo, só que bem mais fácil do que arrumar um emprego é arrumar um estágio, e, para o estágio, o aluno tem que estar estudando, o que cria um incentivo”, explica Thiago Muniz, diretor executivo do Promove.

No ano passado, houve 136 inscritos no Promove Empregos e Kennedy Empregos e foram alcançadas 27 recolocações no mercado de trabalho ou estágios. Já em 2018, somente no primeiro semestre, foram 122 interessados no programa nas duas instituições, com 29 alunos reconduzidos.

“O Promove Empregos é um diferencial muito grande. Percebemos vários alunos que não têm oportunidades em outras instituições e que buscam a nossa justamente por isso”, diz José Eustáquio Simões, coordenador de estágio e do Promove Empregos.

O incentivo crescente à participação em estágios, cursos e atividades de extensão mostra a importância dada à prática nas instituições de ensino associadas ao Promove. Mas nem de longe reduz a importância da teoria.

“Um projeto que vai entrar em vigor no segundo semestre é a eventização do ensino. São palestras, workshop’s e oficinas para dar mais um gás na formação dos alunos”, antecipa Thiago Muniz. Além de tornar a aprendizagem ainda mais convidativa, a intenção é qualificar a grade curricular dos alunos e aumentar o interesse pela parte teórica dos cursos. Saiba Mais

Fundamental para que o aluno vivencie, ainda na graduação, a profissão que abraçou, o estágio não permite apenas aprimorar conhecimentos. Muitas vezes, é decisivo para que o estudante trace o caminho que vai seguir quando deixar a faculdade.

A advogada trabalhista Diana Claudino Eustáquio foi aluna do Promove e, antes de abrir o próprio escritório, estagiou no Núcleo de Práticas Jurídicas da faculdade e no Tribunal Regional do Trabalho (TRT).

“É importante que o aluno tenha esse primeiro contato para desenvolver na prática o que viu na teoria. Os estágios, tanto em escritório quanto em um órgão público, são importantes para aprendermos a lidar com as pessoas, com a parte burocrática, e, também, para aplicar o que aprendemos na faculdade. Foi a partir dos estágios que defini qual área queria seguir no direito”, revela.


Da redação, com hojeemdia.com

Postado originalmente por: Portal Sete

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