Geladeira literária: projeto busca incentivar a leitura no Terminal Rodoviário de Manhuaçu

Geladeiras sem uso ganharam uma nova função em Manhuaçu. A cidade vem implantando o projeto “Geladeira Literária”, que transforma o eletrodoméstico em uma estante de livros à disposição da população. Uma dessas unidades está disponível no terminal rodoviário da cidade, onde a população pode deixar ou retirar exemplares gratuitamente. A discussão que aborda a situação dos leitores no Brasil aponta o baixo nível de atividade e tenta encontrar suas possíveis causas e possíveis soluções. Da precária qualidade do sistema educacional, passando por simples desinteresse, até a dominação tecnológica, chega-se a uma conclusão no fim: brasileiro não gosta de ler.

De acordo com o administrador da rodoviária, Flávio Lacerda, o projeto é permanente e deve ser instalado em outros pontos do local. A geladeira, que não fica ligada na energia elétrica, é personalizada. “O objetivo é incentivar a leitura e fazer com que cada vez mais pessoas tenham acesso aos livros. Além de retirar exemplares da geladeira, os transeuntes também poderão deixar livros que possuem em casa”, afirma Flávio Lacerda.

Fato curioso é que as pessoas que aguardam a chegada de seus respectivos ônibus param, observam a geladeira, abrem e se surpreendem ao ver diversas obras literárias de escritores renomados. Flávio Lacerda explica que a grande maioria das obras foram doadas por pessoas que abraçaram a ideia. “E elas ficam à vontade, tanto pode levar quanto ler e devolver, mas é frequente aqueles que começam a ler e assim que o coletivo chega não desejam encerrar a leitura e acabam levando o livro. E para nós é uma satisfação essa atitude tendo em vista que o gosto pela leitura foi elevado ao ponto de a pessoa continuar lendo um livro enquanto viaja para a sua localidade. Também podemos destacar que o uso de aparelhos celulares por parte daqueles que aguardam o coletivo, diminuiu após a implantação da “Geladeira Literária”, frisa o administrador do terminal.

Como surgiu o projeto

A ideia é do casal Jorge Chequer e Luciana Martins Parreira Chequer, que conheceram o projeto durante uma viagem a uma pequena cidade, no norte do Espírito Santo. Eles passaram por Itaúnas, um distrito capixaba, do município de Conceição da Barra, quase na divisa com a Bahia, quando se depararam com uma “Geladeira Literária”.

Ao retornar para Manhuaçu, o casal colocou a ideia em prática, e como não tinham uma geladeira velha em casa, Jorge saiu a procura de uma que estivesse em condições de uso para o projeto. Após encontrar uma geladeira ideal, Dr. Jorge a pintou durante o fim de semana, juntou alguns livros que possuía em casa e no dia 05 de março de 2018 a iniciativa foi implementada na rua Duarte Peixoto.

Cultura e conhecimento

A moradora de Alto Jequitibá, Naides Matos, esperava o ônibus para voltar a sua cidade quando se deparou com a geladeira contendo as obras literárias. Ela se mostrou surpresa com a iniciativa, tendo em visto que os livros, ultimamente, ficam restritos somente nas bibliotecas municipais, segundo ela. “Projetos como a geladeira literária e os livros viajantes são um caminho alternativo para atrairmos mais pessoas para os universos de imaginação e mistério que tanto amamos, ao invés de fecharmos esses mundos dentro de nichos e pequenos grupos. Essa é uma oportunidade de levar cultura e conhecimento as pessoas que passam diariamente pela rodoviária de Manhuaçu. É um jeito descomplicado e sem nenhum custo”, afirma.

Doação

Quem tiver interesse em conhecer o projeto pode visitar o Terminal Rodoviário de Manhuaçu e fazer a sua doação. Entretanto, existe um mecanismo que pode facilitar a vida de quem deseja enviar as obras para o projeto. É só acessar o perfil do Terminal Rodoviário no Facebook, onde as pessoas podem deixar o recado e endereço que os profissionais que trabalham na entidade vão até a localidade do doador e recolhem os livros. “Posteriormente, nós mandamos uma prestação de contas das pessoas que adquiriram os livros. É raro quando não sai daqui três ou quatro livros por dia através de pessoas que abraçaram a ideia”, finaliza o administrador da rodoviária, Flávio Lacerda.

Danilo Alves

Postado originalmente por: Tribuna do Leste – Manhuaçu

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