Casos de dengue e chikungunya continuam aumentando em Juiz de Fora

Assim como nas semanas anteriores, o número de casos de arboviroses segue aumentando na cidade. Até a última segunda-feira (15), a Secretaria de Saúde (PJF) registrou 717 confirmações de dengue e 109 de chikungunya – 826 no total. A pasta salienta, entretanto, que o aumento observado durante a última semana – entre 8 e 15 de abril – não é, necessariamente, referente a este período. Isto porque existem muitas notificações em investigação, ou seja, à espera do resultado laboratorial, que, em sua grande maioria, é feito em Belo Horizonte. Desta forma, os dados são atualizados à medida em que os resultados laboratoriais chegam ao departamento de Vigilância Epidemiológica.

De acordo com a gerente do departamento, Cecília Kosmann, embora o aumento significativo do número de casos seja “até esperado” em períodos sazonais como o atual – período intenso de chuvas e calor -, há uma expectativa, em comparação com outros períodos históricos, de que as notificações comecem a diminuir a partir do fim deste mês. Contudo, a gerente ressalta a importância da manutenção das ações de combate e controle às doenças, por parte do Poder Público e da população.

“Obviamente existe ainda uma grande preocupação. Tanto na Secretaria de Saúde quanto na Sala de Operações, a gente vem trabalhando e intensificando as ações desde novembro do ano passado. E continuamos precisando do apoio e desse suporte da população. Tanto na fiscalização de seus imóveis, aqueles dez minutos semanais, quanto em relação ao descarte irregular de lixo e entulho. Isso é fundamental para que a cidade não atinja incidência alta ou muito alta”, pontuou. Embora Juiz de Fora apresente um alto número de confirmações de dengue – é a segunda da região com mais casos -, a taxa de incidência é considerada média (quando há de cem a 299 casos a cada cem mil habitantes).

Circulação de novo sorotipo

A identificação da circulação de um novo sorotipo de vírus da dengue – o sorotipo 2 – foi citada pelo Ministério da Saúde como uma das principais causas para o avanço da doença no país. Em Minas Gerais e em Juiz de Fora foi comprovada a circulação do vírus – no ano epidêmico de 2016 apenas o sorotipo 1 havia sido detectado no município. Sobre o fato, Cecília também cita essa nova circulação, que, somada ao período sazonal e a outras condições, propiciou um aumento no número de casos em relação ao ano passado.

“Na epidemia de 2016 houve circulação do sorotipo 1. Então grande parte da população juiz-forana (que à época foi contaminada pelo vírus) ficou imunizada. Em relação ao novo sorotipo, a imensa maioria da população ainda estava suscetível: mesmo que a pessoa tenha tido o sorotipo 1, ela pode ter uma infecção por qualquer outro sorotipo. O sorotipo 2 é mais virulento. Mesmo que a pessoa não tenha tido a doença antes, esse tipo de vírus pode levá-la a desenvolver sintomas mais graves, especialmente em crianças e idosos”, explicou.

Com isso, alguns pacientes podem ter uma evolução para formas mais grave da doença, o que foi verificado em Juiz de Fora, inclusive com alguns casos de internação. Contudo, não é alarmante o número de casos graves e todos os pacientes neste estado já foram curados. Segundo a gerente, a minoria das 717 notificações confirmadas evoluiu de forma crítica. Ela ressalta, porém, que mesmo com uma parcela pequena, existe o risco. A orientação é para que ao apresentar sintomas (dor de cabeça e no corpo, febre alta, dor atrás dos olhos, manchas na pele), a pessoa procure uma unidade de saúde.

Mais de cem mil casos de dengue

Com mais de cem mil casos prováveis de dengue (121.699) e 14 mortes confirmadas em outras regiões do estado – outros 48 óbitos estão sendo investigados -, Minas Gerais vive uma epidemia da doença. O Estado está em alerta e, com isso, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) deve publicar, nos próximos dias, um decreto de emergência com medidas para conter a proliferação do Aedes aegypti. Em algumas regiões do estado, a SES vem intensificando ações de controle do mosquito, com aplicação especial de permetrina – inseticida utilizado para eliminar as fêmeas do mosquito dentro das residências.

Na região da Zona da Mata, o número de casos também segue a tendência estadual. As cidades de Rio Pomba, Guarani, Tabuleiro e Chácara têm incidência muito alta para dengue. Visconde do Rio Branco, Lima Duarte e Descoberto estão com alto índice da doença, de acordo com o boletim epidemiológico divulgado pela SES nesta segunda (15). A manifestação de chikungunya na região, conforme o documento, está muito alta em Santana do Deserto, cidade distante cerca de 47 quilômetros de Juiz de Fora.

Chikungunya

Juiz de Fora continua sendo a cidade do estado com maior número absolutos de chikungunya. Uma das explicações para a proliferação de qualquer arbovirose, explica Cecília, é o fato de ter, ao mesmo tempo e no mesmo local, o vírus, o mosquito e o ser humano para fechar o ciclo da doença. “O vírus da chikungunya tinha circulado muito pouco em Juiz de Fora até o momento. Então esse ciclo não se fechava. Provavelmente, antes, o vírus tenha chegado numa área com poucos mosquitos ou com poucas pessoas. Mais de 50% (dos casos) se concentram no bairro Granjas Betânia. Então em algum momento, chegou alguém com o vírus e naquele bairro encontrou as condições ideais. Com isso, houve o aparecimento de casos”, afirmou, citando que no local foi feito um bloqueio para que a doença não se espalhasse para outros pontos da cidade. Com isso, a Prefeitura conseguiu conter o aumento de casos de chikungunya em outros locais.

Durante esta semana, a Prefeitura tem realizado uma força-tarefa para eliminar focos do mosquito Aedes aegypti – transmissor das arboviroses – em dez bairros da cidade. No período, os agentes de combate a endemias vão vistoriar imóveis de 221 quarteirões e intensificar as ações nos bairros que estão registrando aumento no número de notificações. Nesta quarta (17), a ação ocorre em Nova Benfica e Ponte Preta, entre 7h e 14h. Nestas regiões serão vistoriados 51 quarteirões. Na segunda-feira (22), a ação tem como foco os bairros São Mateus, parte do Dom Bosco e Paineiras. Neste dia, o mutirão vai atuar em dois momentos: entre 7h e 11h e das 13h às 17h. Serão vistoriados 51 quarteirões. O mutirão nos bairros Santo Antônio e Alto Santo Antônio, zona Sudeste, acontece na próxima terça-feira (23), entre 7h e 14h.

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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