Motoristas da Uber paralisam atividades em Juiz de Fora

Em adesão a um movimento que está ocorrendo mundialmente, um grupo de motoristas do aplicativo da Uber em Juiz de Fora paralisou as atividades durante 24 horas, tendo se iniciado à meia-noite desta quarta-feira (8). De acordo com a Associação dos Motoristas de Aplicativos de Juiz de Fora (Amoaplic/JF), as reivindicações são voltadas à reavaliação das tarifas, tendo em vista o aumento no preço de combustível e no custo de manutenção dos veículos. Não estão programados atos públicos nas ruas da cidade.

Segundo o vice-presidente da Amoaplic/JF, Sóstenes Josué Ramos de Souza, desde que passou a atuar no município, em novembro de 2016, a Uber não promoveu ajustes nas tarifas repassadas aos motoristas. Conforme ele explicou, existe uma tarifa mínima no valor de R$4,50 para cada corrida, mais R$0, 8925 por quilômetro rodado, e 0, 0975 para cada minuto de atendimento. “Está difícil trabalhar com essa tarifa defasada há três anos”, afirma. “É preciso uma porcentagem de aumento porque os combustíveis não param de subir.”

Conforme pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), realizada entre os dias 28 de abril e 4 de maio, o preço médio do litro da gasolina em Juiz de Fora é de R$ 4,765, em uma variação de R$ 4,660 e R$ 4,899. Já o valor do etanol varia entre R$ 3,260 e R$ 3,479, mantendo uma média de R$3,356. Em fevereiro deste ano, a Tribuna publicou reportagem apontando que a gasolina vendida em Juiz de Fora é a sétima mais cara de Minas Gerais.

O preço elevado do combustível virou objeto de investigação da Agência de Proteção e Defesa do Consumidor de Juiz de Fora (Procon/JF). Conforme noticiado em março, um levantamento feito em 70 estabelecimentos que estão em atividade contabilizou os valores praticados no período de janeiro de 2018 a fevereiro de 2019 e detectou que o preço da gasolina teve uma evolução continuada em relação ao lucro até outubro do ano passado, mas depois disso foi observada uma diferença mais acentuada. O órgão instaurou procedimento no Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) para analisar se trata-se de prática ilegal.

Outros aplicativos

Para não afetar os usuários do serviço nesta quarta-feira, os motoristas estão utilizando outros aplicativos de transporte individual, reforçando que, hoje, a reivindicação é apenas contra Uber. Entretanto, conforme o vice-presidente da Amoaplic, as taxas de outros aplicativos também têm afetado os condutores parceiros.

Motorista a pouco mais de um ano pela Uber, Felipe Carvalho do Nascimento reforça que a paralisação “não é contra o usuário”, mas sim, “pelas altas taxas que pagamos pelo aplicativo, principalmente o aplicativo da Uber, que chega a descontar até 40% do valor de cada corrida para plataforma”. Conforme Felipe, desde que começou, o tempo de trabalho aumentou até três horas por dia, a fim de suprir os custos. “Quando entrei na plataforma, era o tal dos 25% que eram descontados de cada corrida, mas hoje chega a quase 40%, além do aumento dos combustíveis.”

A Tribuna solicitou posicionamento à Uber e aguarda retorno.

Organização

A paralisação em Juiz de Fora foi organizada através de redes sociais e grupos em aplicativos de mensagens instantâneas. A expectativa é que a maioria dos motoristas tenha aderido ao movimento. “Muitos motoristas nossos pararam. Quem deve estar rodando, provavelmente, é aquele pessoal que não está nos grupos, até pela rotatividade que tem pelo aplicativo, de muitas vezes só usar alguns dias da semana, mas a grande maioria aderiu”, afirma Sóstenes, vice-presidente da Amoaplic.

Por Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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