Está visível a limpeza pela qual o Parque Halfeld, no Centro, passou nestas segunda-feira (8) e terça-feira (9). O cidadão que circulou pelo espaço público notou a diferença. Até então, eram muitas as reclamações de moradores do entorno, comerciantes que atuam na região e frequentadores sobre a situação do parque. Essa insatisfação foi tema de reportagem da Tribuna, na última quinta-feira (4), quando foi revelada a situação de abandono da praça, agravada pelo tráfico e consumo de drogas à luz do dia. Este quadro vinha afastando as pessoas do local, considerado o “coração de Juiz de Fora”.
O lago junto ao quiosque, que vinha servindo para banhos e lavagem de roupas por andarilhos, era uma das maiores queixas. Foi justamente nele que os trabalhos de limpeza da Prefeitura começaram. A Companhia de Saneamento Municipal (Cesama) deu início ao esgotamento da água, para que o reservatório possa receber limpeza. Equipes da Empav realizaram a poda de árvores e plantio de mudas. O Demlurb lavou, além da região do lago, toda a área do Parque Halfeld durante a noite de segunda-feira. Como forma de manter a limpeza e também atender um pleito da população, a Prefeitura informou que vai realizar a lavação a cada 15 dias, incluindo o banheiro. Também estão previstas a pintura dos meios-fios de todo o espaço público. Esse tipo de ação irá ser feito durante o período da noite para evitar transtornos aos usuários do parque.
Reforço no policiamento
Ainda segundo a Secretaria de Segurança Urbana e Cidadania (Sesuc), a Polícia Militar está dando apoio a todas as intervenções que estão sendo realizadas, além de reforçar o policiamento na área das 14h às 22h. Já a Guarda Municipal, conforme a Prefeitura, irá permanecer presente durante todo o dia. “Ambas atuam em conjunto com o objetivo de combater o tráfico de drogas e ações ilícitas no local. Equipes da Secretaria de Meio Ambiente e Ordenamento Urbano (Semaur) atuam na fiscalização e no combate a atuações de comércio irregular no parque também com apoio da Guarda Municipal”, informou a pasta.
Em levantamento realizado pela Tribuna, entre 1º de julho de 2018 e 28 de fevereiro de 2019, o sistema de Registro de Eventos de Defesa Social (Reds) mostrou que, pelo menos, 106 ocorrências de crimes foram registradas citando o logradouro. Em 51 delas a droga aparece descrita no boletim no que diz respeito ao tráfico e ao consumo. Os números levantados também apontam para 31 casos de furtos, sete de roubos, 14 de agressão e lesão corporal, dois de desobediência e o mesmo número de porte ilegal de arma branca.
No que diz respeito à questão da grande concentração de população em situação de rua no Parque Halfeld, a Secretaria de Desenvolvimento Social (SDS) vai realizar “Ação Conjunta” de abordagem social, em parceria com Semaur, Demlurb, Guarda Municipal e Polícia Militar. O órgão destaca que é importante ressaltar que essas pessoas são constantemente convidadas a frequentar os serviços disponíveis para a garantia da cidadania, como abrigos, no entanto, só são encaminhadas caso aceitem, respeitando a legislação brasileira que garante a todos os indivíduos o direito de ir, vir e permanecer.
Avaliação das primeiras ações
De acordo com o secretário de Segurança Pública e Cidadania, José Sóter de Figueirôa Neto,“o grupo envolvido nos trabalhos de revitalização do Parque Halfeld se reunirá na próxima semana para avaliar as primeiras ações executadas e discutir novas propostas. Também serão convidados a participar do encontro representantes da Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa) e da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Agropecuária (Sedeta) com o objetivo de sugerirem projetos futuros de ocupação consciente do espaço, tornando a ambiente mais atrativo e agradável”.
A arquiteta e urbanista Fernanda Falabella, que mora em frente à Igreja de São Sebastião, afirmou que as ações realizadas são muito positivas. “Fico muito feliz de ver essas intervenções no Parque Halfeld, como a limpeza de galhos velhos, poda e lavação, que já deram um novo ar ao local. Todavia, penso ser fundamental a presença constante da Guarda Municipal no espaço. E, para que os guardas possam agir com respaldo legal, é de fundamental importância se criar uma regulamentação de uso para os frequentadores da praça, a exemplo do Parque Ibirapuera, em São Paulo, que proíbe a ocupação dos canteiros, consumo de bebida alcoólica, velocidade de circulação de bicicletas, dentre outros. Assim fica claro quais situações se deve coibir no parque para que toda a população possa compartilhar o espaço”, avalia a moradora, acrescentando: “A longo prazo, seria interessante a criação de uma associação sem fins lucrativos para ajudar o parque a ter continuidade na sua gestão, não ficando à mercê da troca de governo. E esse cuidado pode se estender às praças e parques de toda a cidade.”
O comerciante Giulio Caruso, que tem uma banca de revista no parque e trabalha lá há 33 anos, também se manifestou, positivamente, sobre as ações de limpeza. “O que estou vendo aqui hoje é algo que não via há mais de 20 anos”, afirmou. Na reportagem da semana passada, Giulio reclamou acerca da presença de adolescentes envolvidos com o tráfico de drogas no parque. Ele denunciou que esses jovens intimam as pessoas que passam e que, em muitas ocasiões, estavam armados. “Hoje (terça) ouvi esses adolescentes reclamando da presença da polícia. Espero que essas ações sejam continuadas e tragam mais tranquilidade para a praça.”
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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora
