Alunos do SENAI de Catalão criam impressora 3D de baixo custo e com funções exclusivas

O produto foi destaque no Mostra Inova 2018, do SESI e SENAI, e Mitsubischi já usa a máquina na linha de produção de automóveis

Na era digital, a força de produção de um país é proporcional à capacidade que tem de inovar e de criar novas tecnologias aptas a impulsionar a indústria, a fabricação das coisas. O Brasil, por exemplo, precisa ter uma indústria moderna tocada por profissionais atualizados com o novo universo virtual, além de incentivar os jovens para as atividades inovadoras, em todas as áreas do conhecimento. Isso é possível.

Em Catalão, Goiás, um grupo de estudantes de Eletromecânica, da Escola SENAI, criaram uma impressora 3D multifuncional de baixo custo e adaptável a linha de produção industrial. O projeto da máquina ganhou destaque e foi selecionado para participar do Mostra Inova do SENAI 2018, um programa que seleciona e apoia o desenvolvimento de projetos realizados por alunos das escolas SENAI, em todo país.

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“Nós passamos primeiro na etapa escolar, onde tivemos vários projetos da unidade e os meninos foram aprovados nessa etapa e partiram para a etapa estadual. Os meninos foram um dos seis classificados para participar da peneira que seria a classificação para o nacional. E aí, para o nacional, nós fomos um dos três escolhidos para estar entre os 25 melhores projetos a nível nacional”, conta o Instrutor de Educação Profissional em Metalmecânica, da Escola SENAI de Catalão, Goiás, Pedro Henrique Rosa.

Inovação e Funcionalidade

Multmaker, máquina CNC multifuncional, com cabeçote cambiável, é capaz de criar objetos, peças e acessórios, sobrepondo camadas de metal fundido. No entanto, os alunos do SENAI conseguiram tornar o eixo principal da impressora maleável. Dessa forma, a máquina consegue desempenhar outras funções, como gravações em laser e ser adaptada a qualquer tipo de produção. Essa atribuição torna o produto inovador, já que passa a executar tarefas que não são comuns nas impressoras 3D tradicionais.

“A Multmaker conseguiu somar um equipamento que fizesse tanto a impressão 3D, que é essa deposição de material fundido, quanto outros processos, como a gravação a laser. A máquina, ela possui um sistema magnético. Através de imãs você substitui o principal movimentador da máquina, que substitui essa parte de deposição de camadas para construir a geometria para um cabeçote laser que consegue fazer a gravação. Isso tudo a um custo extremamente acessível”, explica Pedro Henrique Rosa.

O baixo custo da Multmaker é um dos fatores que tornou o produto viável comercialmente. As peças usadas na composição da máquina são, digamos, baratas e fáceis de encontrar no mercado. Além disso, a impressora 3D, desenvolvida pelos alunos do ensino técnico profissional do SENAI, de Catalão, pode ser comercializada de acordo com a necessidade de quem a compra, ou seja, a Multmaker é adaptável a funções específicas de uma grande indústria e, até mesmo, para pequenos estabelecimentos comerciais.

“Para quem trabalha na área educacional, na área robista, na área de desenvolvimento de projetos, é você dar forma, vida própria para um produto que antes você conseguia apenas ver no meio eletrônico, e isso com custo extremamente acessível, cerca de 70% mais barato em comparação com o mercado internacional”.

Startup Multmaker

O grupo de alunos que desenvolveu o projeto Multmaker contava, a princípio, com Wesley Santos, Leonardo Martins e Matheus Borges. O projeto foi orientado pelos professores Pedro Henrique Rosa e Flávio de Souza. Durante o desenvolvimento da máquina, Wesley e Leonardo saíram do grupo cabendo a Matheus finalizar o projeto. Hoje, ele é administrador de uma Startup que é responsável pela comercialização da Multmaker.

Em Catalão, a impressora 3D gerou interesse em instituições educacionais. A máquina pode auxiliar professores transformando figuras de livros em objetos palpáveis e, assim, criar melhores condições para análises e estudos em sala de aula.

“Tornam as aulas mais práticas para os alunos. Imprimir modelos de animais, nas áreas de ciências imprimindo DNA, imprimindo moléculas. Então, a gente está tentando fazer essa parceria ficar forte aqui em Catalão”, conta Matheus Borges, 21 anos, técnico em Metalmecânica e um dos criadores do projeto Multmaker.

A Multmaker ficou entre os melhores projetos na etapa regional do Mostra Inova e, posteriormente, foi classificada entre os 25 finalistas da etapa nacional do programa, na categoria Projeto Inovador. Matheus Borges, aluno criador do projeto Multmaker, participou de aulas à distância com especialistas do SENAI e teve auxílio financeiro para o desenvolvimento do projeto. A startup dele já está prestando serviços para a montadora de automóveis da Mitsubishi, em Catalão.

“Estamos começando a prestar serviço para a Mitsubishi Motors, hoje, e, inclusive, já temos alguns projetos com eles em andamento, já. Sem o Mostra Inova, eu não teria condições de ter desenvolvido o meu negócio, tornado minha empresa real. Realmente, para você criar um negócio, você tem de estudar, sentar, desenvolver, buscar melhorar sempre o seu produto. Então, tudo foi uma experiência, trocas de informações com os profissionais do SENAI e tudo foi aproveitável”, ressalta Matheus Borges.

Programa Mostra Inova 2018

O programa Mostra Inova 2018, do SENAI, classificou 50 projetos para a fase nacional, em duas categorias: Produto Inovador e Processo Inovador. Os classificados demonstraram seus projetos na Olimpíada do Conhecimento, realizada pelo SESI e SENAI, no mês de julho.

Os 25 projetos classificados na categoria Produto Inovador tiveram consultoria com profissionais especializados, aulas à distância e auxílio financeiro de até cinco mil reais para o desenvolvimento das ideias. Na categoria Processo Inovador, os selecionados contaram com consultoria, participaram de banca virtual, de aulas à distância e auxílio financeiro de até dois mil reais.

Ao todo, as escolas do SENAI, em Goiás, participaram da etapa nacional do Mostra Inova com seis projetos. Além da Multmaker, o estado foi destaque com o projeto Vídeo Robô, capaz de inspecionar redes de água, esgoto ou gás, criado por alunos do SENAI de Goiânia, que ficou em primeiro lugar na categoria Produto Inovador, na etapa nacional do programa. 

Por Cristiano Carlos

(Agência Rádio Mais)

V.V

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