Especialista alerta para problemas ortopédicos causados por uso de aparelhos eletrônicos

Wôlmer Ezequiel

Evander Grossi destacou a importância de ter uma boa postura ao mexer no celular ou computador

Os celulares e computador oferecem, atualmente, diversas ferramentas tecnológicas para as pessoas, de modo que elas possam executar várias tarefas ao mesmo tempo, como estudar, trabalhar ou socializar. Desse modo, as pessoas acabam passando muito tempo com os eletrônicos nas mãos, o que pode provocar uma série de problemas no corpo. O alerta é do médico ortopedista Evander Azevedo Grossi. Em entrevista ao Diário do Aço, o especialista aponta os cuidados que as pessoas devem ter ao utilizar esses aparelhos.

De acordo com o profissional, os primeiros sintomas nos usuários que passam muito tempo mexendo no celular ou computador são as dores na cervical e em volta dos ombros, que geram uma sensação de cansaço nos usuários. “Em alguns casos, o paciente nem consegue levantar os braços acima dos ombros, por causa das tendinites ou tendinopatias, que também podem atingir as mãos e punhos”, alerta Evander Grossi.

O ortopedista explica que, a partir do surgimento dos smartphones, vem percebendo que, coincidentemente, aumentou o número de pessoas com dores na cervical e coluna, que surgem nos consultórios em busca de ajuda. “Em média, atendo a 20 pacientes por mês com esse tipo de dor. Então tem que observar a causa disso, mas provavelmente tem a ver mais com questão postural do que mecânica. A pessoa com esse problema não terá que fazer só uma reabilitação, mas também precisará adotar uma postura correta, além de fazer exercícios que fortaleçam a musculatura”, ressalta.

Corcunda
Para Evander Grossi, daqui há alguns anos será comum encontrar vários indivíduos com problemas na postura, andando de maneira encurvada. “Para todo lado que a gente vai, quase sempre tem uma pessoa olhando para baixo em direção ao celular. Com esse hábito, vão ficando meio corcunda com o tempo, sendo que a longo prazo, fica mais difícil da coluna voltar ao normal”, conta.

Recomendação
Para o ortopedista a melhor recomendação para não se ter problemas de postura é evitar o uso prolongado desses aparelhos eletrônicos. “Desligar o celular mais vezes e aproveitar mais a opção de conversar pessoalmente, antigamente era assim, e era bom. Já as pessoas que trabalham com esses aparelhos, infelizmente, vão ter que pagar por isso, mas mesmo assim podem fazer alongamentos ao longo do dia e pequenas pausas para esticar as pernas”, salienta.

Evander Grossi também aconselha exercícios aeróbicos, como bicicleta ou esteira, principalmente para aquelas pessoas que passam muito tempo sentadas em frente ao computador. “A pressão em cima do disco, que fica entre as vértebras, é maior quando estamos sentados do que em pé. Então, é importante que essas pessoas façam algum exercício saudável para evitar possíveis complicações no futuro”, conta.

Cabeça inclinada
De acordo com o ortopedista, a cabeça pesa cerca de cinco quilos, então quanto mais o pescoço fica inclinado para baixo, mais sobrecarrega a coluna e musculatura dessa região do corpo.

Kamila Almeida Martins, de 22 anos

“Nessa posição, a cabeça equivale a um peso de quase 25 quilos. Isso a longo prazo provoca sérias dores nas costas. Por isso, o ideal é ficar com o celular na visão reta da sua cabeça, sem precisar abaixar o pescoço. Muitos não dão importância para isso agora por não sentirem os efeitos de imediato, mas no futuro irão perceber as consequências disso. Então, está na hora das pessoas começarem a mudar seus costumes para evitar sérios problemas”, pontua.

Jovens confessam que utilizam celulares de modo incorreto

Como citado pelo médico ortopedista, Evander Grossi, a má postura ao mexer nos celulares é algo que muitos não dão uma atenção merecida. Em entrevista ao Diário do Aço, duas jovens informaram que utilizam o celular, na maior parte do tempo, com o pescoço inclinado para baixo.

Adriana Fernandes, de 23 anos

A promotora de vendas Adriana Fernandes, de 23 anos, confessou o costume de ficar, aproximadamente, duas horas seguidas mexendo nos aplicativos do celular. “Às vezes, fico deitada ou em pé, mas sempre com o pescoço inclinado para baixo. Também nunca parei para pesquisar sobre os prejuízos que isso pode causa ao nosso corpo”, afirma.

A outra jovem, Kamila Almeida Martins, de 22 anos, que também trabalha como promotora de vendas, afirmou que exagera no tempo ao mexer no celular. “Fico no celular o tempo, porque eu trabalho com isso e, na maioria das vezes, abaixo a cabeça para olhar para o aparelho. No entanto, até hoje não senti nenhuma dor nas costas ou pescoço. Além disso, não costumo parar para alongar ou fazer algum exercício”, conta.

Repórter: Tiago Araújo


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