Especialista explica a importância das vacinas e os riscos de efeitos colaterais

Wôlmer Ezequiel

A infectologista reforça que possíveis efeitos colaterais são leves, já algumas doenças são irreversíveis

O Ministério da Saúde tem realizado, de forma intensa, uma campanha de conscientização referente às vacinas disponibilizadas gratuitamente pelo Serviço Único de Saúde (SUS), de acordo com o calendário vacinal do Brasil. A ação é desenvolvida especialmente nas mídias sociais, ambiente virtual onde são disseminados diversos boatos em relação às vacinas. Como resultado imediato, campanhas anuais têm enfrentado índices abaixo da média esperada, e mesmo com a prorrogação das datas e divulgação os índices dificilmente são alcançados.

Em um dos vídeos divulgados, conduzido por Dorcas Moura, de 50 anos, pais são entrevistados e confessam que são contra a vacina em função de informações que receberam via mídias sociais. Em determinado ponto da conversa, Dorcas mostra uma fotografia. “Essa foto é de quando eu era criança. Até aos cinco anos, eu andava, corria e brincava. Agora essa é a minha cadeira”, diz, apontando para um equipamento que um assistente chega empurrando. É quando a mulher explica: “Eu deixei de vacinar, tive paralisia infantil e hoje eu necessito dessa cadeira”, conclui diante das pessoas perplexas e se dizendo chocadas.

Preconceito

Em entrevista ao Diário do Aço, a médica infectologista da rede municipal de Ipatinga, Carmelinda Lobato, informou quais são os possíveis efeitos colaterais e como são realizados os esquemas vacinais. Para a médica, o preconceito contra as vacinas é algo histórico e que precisa ser sanado por meio de informações verdadeiras.

“Devido à forma de inserção das vacinas e os efeitos colaterais, que eram fortes, isso ficou embutido na população. Nessa onda de internet, as pessoas começaram a polemizar com informações que vão contra as vacinas. Mas acho que o problema do Brasil é em relação às vacinas, não acredito que a força maior seja desses grupos de notícias falsas. Creio que é algo mais cultural, das pessoas não entenderem a importância das vacinas nas nossas vidas”, destaca Carmelinda.

Ao longo do ano, o calendário vacinal oferta 16 tipos de vacinas que imunizam a população contra diversas doenças infecciosas. Estas medicações são capazes proteger as pessoas contra gripe, tuberculose, poliomielite, hepatites e HPV. Algumas dessas doenças, como o HPV e hepatite, também aumentam a probabilidade de aparecimento de câncer. A especialista reforça que muitas vacinas devem ser tomadas na fase adulta, o que as pessoas acabam esquecendo de fazer.

“O nosso calendário é considerado um dos mais completos do mundo em fornecimento gratuito de vacinas. Vacina-se muito as crianças e gestantes, e a maioria acha que só nestas fases é que devemos tomar as vacinas, esquecendo das demais vacinas indicadas para os adolescentes e adultos. Para o idoso, isso é ainda mais grave, há muito boato que a vacina contra pneumonia é para provocar a doença e matar os idosos, o que é um grande absurdo”, pontua a infectologista.

Falta de imunização

Segundo Carmelinda, com o nível elevado de imunização de diversas doenças, muitas pessoas abriram mão das vacinas por acreditar que tais enfermidades já estivessem erradicadas.

“Tivemos o problema da febre amarela, inclusive com óbitos na nossa região, o retorno da caxumba e rubéola no Rio de Janeiro e, recentemente, o surto de sarampo trazido por imigrantes venezuelanos. Isso alertou o Ministério da Saúde, comprovando que as pessoas estão esquecendo de se vacinarem. Infelizmente, isso é por falta de informação da população, e também dos profissionais de saúde que ainda não têm a cultura de perguntar sobre o cartão de vacina do paciente. Os médicos precisam perguntar se este cartão está atualizado”, pontua Carmelinda.

Efeito Colateral

A infectologista Carmelinda Lobato explica que possíveis efeitos colaterais podem ocorrer após a vacinação. Porém, acrescenta que são raros e que a maioria são efeitos muito leves. “Não existe isso, que vacina mata, em algumas exceções podem ocorrer efeitos colaterais como dor no local de aplicação ou uma febre. Porém, as pessoas se esquecem que uma simples dipirona, que se compra em qualquer farmácia, pode dar efeitos não desejados como até mesmo um choque anafilático. Além disso, as pessoas sempre irão tomar vacina acompanhadas de um profissional da saúde. A vacina contra tétano, por exemplo, ela pode gerar dor, mas este profissional pode prescrever um analgésico por exemplo”, afirma a especialista.

Carmelinda acrescenta que, antes de serem aplicadas, as vacinas passam por estudos sérios. “Antes de serem distribuídas, as vacinas são amplamente testadas em laboratório e aprovadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Os benefícios das vacinas sempre superam os riscos, que em sua maioria são reversíveis e já as doenças nem sempre são. Por exemplo, por que homens jovens morreram de febre amarela no Vale do Aço? Por falta de vacina”, alertou.

Atualização do cartão de vacina pode ser feita nas unidades de saúde

Para as pessoas que estão com o cartão de vacina desatualizado ou até mesmo sem o documento, a médica orienta que se dirijam até a unidade de saúde na qual está cadastrado. “Vá à unidade do seu bairro e solicite a atualização do seu cartão. Em Ipatinga, e na maioria dos municípios, o sistema é todo informatizado e tem o registro das vacinas que cada um precisa tomar.

Em caso de viagem, certifique-se quais são as vacinas necessárias para o local para onde vai. O cartão é um documento que deve estar dentro da carteira, junto com os demais documentos pessoais para ser apresentado em algum caso de emergência, por exemplo”, conclui.


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