Gerente regional da Emater aponta os desafios na agricultura

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Um dos desejos dos agricultores é a aplicação de um preço mínimo nos produtos do campo

Nessa quarta-feira (17) é comemorado o Dia da Agricultura, uma das atividades de trabalho mais antigas na humanidade e que sustenta a população até os dias de hoje. Em entrevista ao Diário do Aço, o gerente regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater–MG), Fernando César Pereira, apontou os desafios no campo e suas expectativas ao longo dos anos.

No cenário atual da agricultura, cerca de 80% são pequenos agricultores, conforme o gerente regional. No entanto, essa parcela tem encontrado dificuldades para atender a demanda do mercado, que aumenta constantemente. “Cada vez mais, o mercado cresce. Com isso, os trabalhadores agrícolas precisam continuar com a produção e ainda manter a qualidade da mercadoria”, afirmou.

O gerente destacou que em Ipatinga existe um consumo muito alto de produtos do campo, além de outras cidades da região. “Os clientes querem que sua mercadoria seja entregue com uma regularidade, mas muitos esquecem que não é tão simples assim. O produto agrícola depende de vários fatores. Nem sempre tem produção no ano inteiro, porque está relacionado com a época também. Então, os produtores agrícolas precisam ter um volume muito grande, além de informação técnica e apoio financeiro para continuar no mercado”, ressaltou.

Preço mínimo

Outra dificuldade na agricultura apontada pelo gerente é a falta da existência de um preço mínimo nos produtos do campo, o que atrapalha o planejamento financeiro. “O preço da mercadoria varia muito. É na base da Lei da Oferta e Procura. Dessa forma, fica difícil para o agricultor planejar quanto que ele tem que produzir para bancar seus gastos ao longo do ano. Então, o preço mínimo é o maior sonho do agricultor, que há anos vem tentando negociar”, salientou.

Crédito rural

Em relação ao acesso ao crédito rural, Fernando César disse que tem sido plausível e que o recurso atende bem os agricultores. “Só neste ano, tivemos um crédito de R$ 32 bilhões para a agricultura familiar. Além disso, a tendência é aumentar esse recurso, porém, não se deve esquecer que os gastos também estão aumentando e a mão de obra está ficando mais cara. Ou seja, mais um motivo para ter o preço mínimo”, afirmou.

Jovens

Em uma geração em que muitos jovens desejam fazer faculdade e trabalhar em cidades grandes, acaba ocorrendo uma migração intensa do campo para o meio urbano de pessoas novas. E isso preocupa os agricultores, conforme explica Fernando César. “Temos o desafio de incentivar os jovens a ficarem no campo e se desenvolverem no meio agrícola, ajudando seus pais. Se todos começarem a irem embora para a cidade, quem vai produzir para a zona urbana? Então precisamos evitar a intensificação dessa fuga”, contou.

Chuva

Para o gerente regional, em comparação com os últimos anos, o período de chuva está satisfatório nesse ano, o que contribui para os trabalhos no campo. “Há mais de dois anos que não vejo chuva no mês de outubro. Então, acredito que a partir de agora teremos mais chuva nos próximos anos, voltando ao normal. Mas mesmo assim devemos planejar o uso da água, evitando o desperdício e a poluição dos lençóis freáticos”, pontuou.

Tiago Araújo


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