''Minha vontade não pode ser maior do que as necessidades de Timóteo''

Fernando Lopes

Após anos de intensa instabilidade administrativa em Timóteo, o futuro prefeito terá a missão de estabilizar o cenário político e retomar projetos parados. Douglas Willkys (PSB), 31 anos, foi eleito neste domingo (24) com 18.181 dos votos.

O prefeito eleito junto ao vice-prefeito eleito, professor José Vespasiano Cassimiro, o Vespa (Rede), irão comandar o município de Timóteo até o dia 31 de dezembro de 2020.

Em entrevista ao Diário do Aço, o prefeito eleito garantiu que, passada a campanha eleitoral, agora são tempos de paz e de administrar em prol do povo timoteense.

Douglas também avaliou o período eleitoral, destacou as propostas para administrar a cidade nos próximos dois anos e meio e informou como pretende lidar com alguns dos principais problemas da Prefeitura de Timóteo. Confira a entrevista.


"Minha vontade não pode ser maior que as necessidades de timóteo"

DIÁRIO DO AÇO: Qual a sua leitura do processo eleitoral que se encerrou no domingo?

DOUGLAS WILLKYS: Foi uma campanha muito rápida na qual tivemos pouco prazo para apresentar as nossas propostas para as pessoas. Justamente por causa do tempo não conseguimos andar a cidade toda, como era o nosso desejo. Usamos as redes sociais de forma intensa e buscamos formas de interação com a comunidade.

Fizemos uma campanha simples, mas conseguimos levar a nossa mensagem e atingir as pessoas. Agora, iremos entrar em contato com todos os participantes desta campanha para construirmos forças para um governo que beneficie o município de Timóteo. Este é um momento de paz. Não podemos reclamar em relação ao resultado, foi extremamente positivo. A população entendeu a nossa mensagem, uma proposta de transformação.

DA: O resultado das eleições de Timóteo apresentou peculiaridades. A quantidade dos seus votos foi quase o dobro do segundo colocado. Mas, o índice de abstenção foi muito elevado. A que o senhor atribui estes números?

DOUGLAS WILLKYS: Nós entendemos as pessoas sobre a questão da abstenção. A política no país passa por um momento muito difícil e a população está descrente com os políticos. Mas a eleição é a oportunidade de fazer diferente. As pessoas que nos elegeram concederam esta oportunidade para nós. Agora temos um desafio de fazer esta gestão do município e atender as expectativas das pessoas.

Não podemos mais trilhar o mesmo caminho que foi trilhado no passado. Durante a campanha nós frisamos muito a transparência na gestão da máquina pública, além do rompimento com o assistencialismo e a utilização da saúde pública como troca de favores políticos por exames e remédios. As pessoas necessitam ter os seus direitos respeitados. Creio que foi esta a ideia que as pessoas aderiram e que nos deu esta votação expressiva.

DA: Quais são as propostas de governo para os próximos dois anos e meio?

DOUGLAS WILLKYS: Nós não vamos reinventar a roda. A nossa gestão fará o básico funcionar bem. As prioridades não são definidas pelo prefeito, são estabelecidas pelas próprias pessoas. A campanha nos mostrou que a saúde é maior prioridade que Timóteo tem hoje. Iremos trabalhar para reorganizar o Programa de Saúde da Família (PSF). Vamos atuar para que a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Primavera saia do papel. Além disso, ainda temos o desafio de implementar os corujões. Na área da educação, com o professor Vespa à frente, trabalharemos para o retorno da eleição direta dos diretos das escolas municipais, que é a prática democrática.

Wôlmer Ezequiel

Douglas Willkys concedeu entrevista ao Diário do Aço na tarde passada

Em relação à segurança pública, precisam ser feitos investimentos em várias áreas, dentro da possibilidade do nosso orçamento. Também temos a necessidade de resgatar o desenvolvimento econômico, uma vez que a cidade sofre com a falta de emprego e isso é uma das causas de insatisfação do povo de Timóteo. Mas um dos nossos maiores desafios é a modernização da máquina pública e fazer com que o dinheiro público seja gasto com o máximo de eficiência possível. É inadmissível que um orçamento gigantesco como o da Prefeitura de Timóteo seja administrado sem as práticas modernas.

DA: Um dos principais imbróglios na Administração Municipal de Timóteo é a complementação dos aposentados. Como o senhor pretende lidar com esta situação?

DOUGLAS WILLKYS: Temos um compromisso de não descumprir o que a determinação judicial preceituar. Os servidores podem ficar tranquilos quanto a esta postura que apresentamos ainda em campanha. Aos servidores da ativa eu convido que façamos um grande debate sobre qual modelo iremos adotar para que eles não fiquem prejudicados no futuro. O município deverá tomar uma medida rápida, mas sem atropelos, para que esta situação seja equacionada.

DA: E a questão da taxa de esgoto e o contrato com a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa). Qual é o seu posicionamento sobre esta questão que se arrasta desde o fim da década de 1980?

DOUGLAS WILLKYS: Sou muito claro em relação a importância do tratamento de esgoto para a nossa cidade. O tratamento tem que ser realizado, é de extrema importância tanto para o meio ambiente quanto para a saúde pública. Existe a determinação de que o município que não evoluir neste sentido não vai receber recursos do Governo Federal. Isto é necessidade.

Temos o compromisso de cobrar um tratamento efetivo do esgoto de Timóteo. Somos tranquilos ao falar isto com as pessoas que não podemos lidar com este assunto somente pelo viés político. Sabemos que ainda existem boas discussões a serem realizadas com a Copasa e vamos ter coragem de fazer estas discussões defendendo o interesse da cidade, acima de tudo.

DA: O senhor pretende se candidatar para uma reeleição?

DOUGLAS WILLKYS: Temos que viver um momento de cada vez. Tenho falado com as pessoas que o que não suportamos mais são as ações que são desenvolvidas pensando nas próximas eleições. Queremos tentar fazer um bom governo, sem pensar nestas questões. Lá na frente, a cidade vai dizer qual decisão tomar. Seria hipocrisia da minha parte falar que não penso na carreira política e em continuar exercendo a tarefa que tenho feito, até mesmo em função da minha própria idade.

Contudo, se precisar tomar as medidas, ainda que isto me prejudique pessoalmente, eu terei toda liberdade para poder falar e fazer. Minha vontade não pode ser maior que as necessidades que a cidade tem hoje. A população pode esperar um governante que terá a coragem para tomar as decisões que Timóteo precisa.


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