Novas regas para cartão de crédito requerem atenção

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Amaury Gonçalves aconselha os consumidores a não se comprometerem com parcelas que tenham o valor acima de 20% da sua renda

Dados divulgados recentemente pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) apontam que o percentual de endividados ficou em 60,2% em abril deste ano. Tendo em vista o alto número de inadimplentes no país, o Conselho Monetário Nacional (CMN) anunciou novas medidas para o uso do cartão de crédito, que entrarão em vigor a partir do dia 1º de junho.

Em entrevista ao Diário do Aço, o economista Amaury Gonçalves explicou quais são as novas medidas e como podem contribuir na economia dos consumidores. O especialista destaca que, no sistema atual, se a pessoa pagar o valor mínimo da fatura do cartão de crédito, que é 15%, ela terá juros mais baixos, mas se por acaso não pagar esse mínimo, nem a fatura, o consumidor terá juros mais altos. “Então decidiram unificar as taxas, que devem ficar entre 8% e 10%, independentemente se a pessoa pagou o mínimo da fatura ou não. Ou seja, eles acabaram com os juros punitivos”, afirma.

Já a segunda medida, Amaury destaca que tem como objetivo extinguir a obrigatoriedade do pagamento mínimo fixado em 15% do valor da fatura. “O banco poderá escolher qual será esse valor, podendo até mesmo variar de cliente para cliente. Então isso pode servir para valorizar aqueles bons pagadores, que se esforçam para pagar as contas em dia, tendo chances de ter uma porcentagem mais baixa, ou até mesmo para facilitar o pagamento de uma dívida de um devedor”, ressalta.

O economista também alerta que no caso dos inadimplentes que pagaram menos que o mínimo ou não pagaram nada, os bancos vão poder cobrar uma multa de 2%, paga uma única vez e juros de mora (limitado a 1% ao mês).

Outra medida lembrada por Amaury, mas que está em vigor desde abril do ano passado, e que não será alterada, é aquela que estabelece um limite do rotativo do cartão de crédito (usado por aqueles que não querem pagar o valor total da fatura). Tal regra obrigou as instituições financeiras a transferirem para o crédito parcelado, que cobra taxas menores, os clientes que não conseguirem quitar o rotativo do cartão de crédito nos primeiros 30 dias, não sendo possível fazer outro pagamento mínimo no mês seguinte.

Dicas

Para o economista, essas novas medidas são paliativas e benéficas para a população, no entanto, as pessoas precisam ter certos cuidados com o cartão de crédito e saber controlar suas despesas. “Por exemplo, elas devem se comprometer com parcelas de até 20% da renda e ter um limite de no máximo de 50% do salário para evitar um descontrole financeiro. Além disso, é bom também fazer planejamentos e anotar todos os gastos para comparar um mês com outro e tentar reduzir alguma despesa desnecessária”, explica.

De acordo com Amaury, as pessoas acreditam que quanto mais parcelar um produto, mais vantajoso será, mas na verdade é o contrário. “Quanto mais parcela mais dívidas são criadas, contribuindo para um possível descontrole dos gastos. Por isso, se o consumidor tiver condições de pagar à vista, deve optar por essa forma de pagamento. Mas é claro que o cartão de crédito tem suas vantagens, entretanto, tem que saber usá-lo para que a sua saúde financeira não seja comprometida”, conclui.


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