Pop 95 FM vai manter essência da Transamérica e preservar identidade local

Era meados do mês de março de 1995 em Montes Claros. Não foi uma noite qualquer. A cidade inteira parou para ouvir a chegada da maior rede de rádios do país, a Transamérica. Numa época em que não existia internet de fácil acesso para pesquisarmos as tendências da música internacional, sentíamos, com isso, conectados ao restante do mundo. A primeira transmissão via satélite, direto de SP, foi uma vinheta histórica que narrava as sintonias de todas as afiliadas da rede, seguida da música Total Eclipse Of The Heart, na versão eurodance de Nicki French, oferecida aos montes-clarenses. E na extinta boate Open House, os DJs Jean Pierre e Wallace Silveira seguiram animando a festa de comemoração tocando “poperô” e Ice MC.

Todo mundo colou o decalque (quem fala “decalque” hoje?) da rádio do tezão (com “z” para não confundir) no vidro do carro ou na janela de casa. A marca ocupou o espaço da antiga FM 95,1, que, por muitos anos, duelou com a rádio 98 o título de mais ouvida. E, a partir de 1º de janeiro de 2021, a emissora se desvincula da Transamérica para continuar sua história de sucesso, agora como POP 95 FM.

Já vou tranquilizar quem é fã: a essência da Transamérica será mantida. O estilo continuará sendo o pop rock e o eletropop. E os programas que caíram no gosto do público, como Toca Uma e Adrenalina permanecerão na programação, agora sob novos títulos.

Agora a explicação: desde agosto de 2019, a Rede Transamérica, sob nova direção nacional, tomou rumo diferente e mirou o público que chamou de “jovem adulto contemporâneo”, com uma programação mais musical e retrô. Na prática, reduziu custos e encerrou programas de destaque como o Dois em Um e o Transalouca. Em agosto de 2020, outra novidade: selou um acordo com a CNN Brasil para transmitir jornalismo em sua programação. A nova faixa imposta vai ocupar o horário nobre do rádio, das 6h às 12h e das 18h30 às 19h30.

Sem flexibilidade para negociação, a afiliada de Montes Claros, a mais antiga da rede, perderia a maior parte da programação local, como, por exemplo, os consagrados Comando das Sete e Bola na Rede, além de sua carta de anunciantes.

A aceitação da mudança poderia ser um caminho mais fácil para economia e manutenção da emissora, mas mais traumático e com possíveis demissões. Em vez disso, a direção administrativa e artística da 95 foi corajosa em preservar a identidade montes-clarense e seguir com suas próprias pernas, carregando uma experiência acumulada ao longo de décadas. Com a decisão tomada há pouco menos de um mês, a correria agora é para fazer a transição de volta para a 95 FM em tempo recorde: novas vinhetas, identidade visual e programas para ocupar o tempo que então era da rede.

*As informações são do jornalista Luís Alberto Caldeira.

 

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