Uma semana após assumir interinamente a Prefeitura de Timóteo, Adriano Alvarenga (MDB), concedeu entrevista onde avalia a situação política e administrativa do município e reafirma as medidas que pretende adotar para manter em dia os serviços públicos no município.
PERGUNTA – Qual o sentimento o senhor tem dessa situação de instabilidade vivida pela população de Timóteo, com mais uma cassação de prefeito?
ADRIANO ALVARENGA – Vejo com muita tristeza. Não é o cenário político-administrativo que agrada a ninguém. A cidade não precisaria estar vivendo essa situação. Parte dessa situação foi causada pela legislação eleitoral, que permite que candidatos fichas-sujas possam disputar eleições através de liminares. A decisão do STF de aplicar a Lei da Ficha Limpa com maior rigor chegou atrasada. Caso os tribunais eleitorais não fossem tão complacentes, a nossa cidade não estaria vivendo essa situação de instabilidade mais uma vez.
PERGUNTA – Mas a culpa disso não seria dos candidatos? Que, mesmo sabendo que corriam sério risco de serem cassados, ainda assim disputam eleições?
ADRIANO ALVARENGA – Nesse caso, na minha modesta opinião, a culpa é compartilhada. A aplicabilidade da Lei da Ficha Limpa demorou a chegar. O ex-prefeito que eu acabo de suceder, sabia, desde o início, que poderia ser cassado. Em 2016, a menos de 45 dias da eleição teve seu registro indeferido já na primeira instância, na Comarca de Timóteo. Ele tinha total consciência dos riscos de uma iminente cassação do seu registro, provocando uma nova e possível instabilidade política local, mas mesmo assim insistiu em ser candidato.
PERGUNTA O senhor foi reeleito vereador nas eleições municipais de 2016, apoiou o ex-prefeito Geraldo Ribeiro, que acabou ficando como segundo colocado na eleição passada. Como conseguiu se tornar presidente da Câmara Municipal, mesmo não sendo do grupo político que venceu as eleições em Timóteo?
ADRIANO ALVARENGA – Primeiramente, é preciso render minhas homenagens ao ex-prefeito Geraldo Ribeiro que, infelizmente, nos deixou de forma absolutamente inesperada. Fiz campanha ao lado dele em 2016 e pude conhecê-lo de perto, no dia a dia. Um homem experiente, bem intencionado, honesto e profundamente comprometido com Timóteo. Tenho uma avaliação clara, o melhor para a cidade naquele momento era o Geraldo Ribeiro ter ganho aquela eleição. A cidade não sofreria com essa instabilidade política, teria um prefeito sem nenhuma vaidade pessoal, porque era um homem público de hábitos simples, de caráter ilibado e responsável com seus atos. Foi, sem sombra de dúvidas, uma perda irreparável para Timóteo. Mas respondendo a sua pergunta, fui eleito presidente da Câmara contando com a confiança e o apoio da grande maioria dos colegas vereadores dessa legislatura, inclusive, dos vereadores que faziam parte da base aliada do prefeito recentemente cassado por decisão judicial.
PERGUNTA– Agora no cargo de prefeito interino, nesses seis dias de governo, como o senhor encontrou a prefeitura?
ADRIANO ALVARENGA – Algumas situações a nossa equipe já detectou. E determinei que fosse realizada uma auditoria interna, para que possamos, dentro dos próximos 15 dias, ter uma visão global da máquina. Estamos nos preocupando em manter a cidade funcionando, para que a prestação dos serviços públicos não tenha interrupção. Amanhã, vamos nomear o novo secretariado, e aí sim, dar cara nova ao governo que vamos fazer. Vou aproveitar servidores de carreira em parte do nosso secretariado. Também vamos nomear pessoas que já atuam como representantes da sociedade civil organizada, pessoas idôneas, que já têm largos serviços prestados ao município de Timóteo, dentro dos segmentos que atuam. Não estou escolhendo amigos para governar, vou governar com quem quer ver Timóteo crescer e se desenvolver, política com amigos não funciona. Vou fazer gestão pública, não vou fazer agrados políticos.
PERGUNTA – O senhor disse que já foram detectados alguns problemas, quais são os principais problemas já detectados?
ADRIANO ALVARENGA – Por incrível que pareça, o principal problema encontrado reside na saúde. Constatamos a falta de medicamentos de uso contínuo, o que coloca em risco a vida das pessoas, inúmeros pedidos de exames e cirurgias eletivas sem atendimento a população, equipes do Programa de Saúde da Família incompletas, acúmulo de função de gerente para diversas unidades básicas de saúde, o que prejudica a gestão administrativa e operacional do setor. Além da limpeza urbana que ainda encontra-se muito deficiente, principalmente nos bairros distantes do centro. Outros problemas, de ordem jurídica e administrativa, também foram detectados, porém não vou antecipá-los sem antes ter finalizada a auditoria que estamos fazendo.
PERGUNTA – E sobre a UPA? Uma novela que se arrasta há muitos anos em Timóteo?
ADRIANO ALVARENGA – Lamentável essa constatação. Os recursos para contratação do projeto técnico e executivo de instalação da UPA em Timóteo foram conquistados em 2012, no governo Sérgio Mendes, e as obras avançaram durante o governo Keisson Drumond. De lá pra cá, nada de concreto foi feito, o que demonstra uma total falta de responsabilidade com os recursos públicos do município.
PERGUNTA – E qual será a sua relação com os servidores públicos municipais?
ADRIANO ALVARENGA – Será respeitosa. Em menos de uma semana de governo, já visitei diversos setores da prefeitura, ouvindo as pessoas e a opinião dos servidores. Nosso secretariado já esta orientado a ouvir a opinião dos servidores de carreira, no sentido de montarem um planejamento emergencial para efetividade das principais ações de governo. Também me reuni com o Sindicato dos Servidores Públicos. E com os aposentados, já assumi o compromisso de retorná-los para a folha de pagamento, assim que a justiça nos autorizar.
