Psiquiatra ipatinguense alerta sobre vício em jogos eletrônicos

Pedro Bolle/USP

Vício em jogos eletrônicos é classificado como doença mental

A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu o vício em jogos eletrônicos como um distúrbio mental no início deste mês. Essa é a primeira vez que essa situação está sendo incluída como uma doença pela entidade.
A 11ª Classificação Internacional de Doenças (CID) irá incluir a condição sob o nome de “distúrbio de games”. O documento descreve o problema como padrão de comportamento frequente ou persistente de vício em jogos eletrônicos, tão grave que o praticante passa a “a preferir os jogos a qualquer outro interesse na vida”. A última atualização da CID foi finalizada em 1992. Agora, nova versão do guia será publicada neste ano. O documento é utilizado por médicos e pesquisadores para diagnosticar e rastrear uma doença.

Em entrevista ao Diário do Aço, o psiquiatra ipatinguense, João Henrique Dupin, avalia essa decisão da OMS como positiva para a área da saúde. “É fundamental essa nova classificação, porque permite ao médico, psicólogo ou outro profissional classificar o vício em jogo eletrônico exatamente como uma doença e passar para o paciente um caráter patológico do seu tipo de comportamento, além de facilitar o acesso das pessoas ao tratamento”, afirma.

Segundo o psiquiatra, é possível identificar a dependência do indivíduo com jogos de videogame, computadores ou celulares, principalmente, quando ele dedica boa parte do seu tempo praticando essas atividades. “As pessoas de hoje em dia gostam muito de jogos eletrônicos, mas há aqueles que abusam no tempo e acabam perdendo algumas atividades mais interessantes. E também deixam de lado a nutrição, higiene, educação e trabalho. Então, no geral, o dependente, seja de jogo ou de droga, se acha um usuário comum. Apenas no momento que fica sem essas coisas, é que ele percebe que é viciado”, pontua.

Tiago Araújo

João Henrique Dupin apontou os principais prejuízos que os jogos de videogame, computador ou celular podem causar

Prejuízos
João Henrique também alerta a respeito dos prejuízos que a pessoa está sujeita quando se torna viciada em jogo eletrônico, como não cuidar das relações pessoais, que ficam fragilizadas. “Os pais se queixam de que não veem mais os filhos, as amizades vão se desfazendo e até mesmo os relacionamentos amorosos, que costumam iniciar na adolescência, têm um retardo por causa dos jogos”, ressalta.

O profissional ainda acrescenta que várias áreas da vida da pessoa podem ser prejudicadas quando ela dedica a maior parte do seu tempo ao jogo eletrônico. “Ela pode deixar de fazer algumas atividades de rotina, como não ir à escola ou faculdade, além de não estudar em casa e não fazer suas tarefas. Com isso, mais para o futuro, vai comprometer a carreira profissional da pessoa e sua capacidade de se relacionar no trabalho”, salienta.

Crianças
Segundo o psiquiatra, em muitos casos, as crianças são as mais propícias a se aproximarem dos jogos eletrônicos, daí a importância de pais regularem o uso de aparelhos tecnológicos nessa fase da vida. “A recomendação é de que as crianças com até dois anos não tenham acesso direto a celular, tablete, computador ou até mesmo a televisão. Vemos cada vez mais transtornos de sono, comportamento e emocionais relacionados ao uso de aparelhos eletrônicos por crianças muito novas. Já entre os 2 a 5 anos, podem usar no máximo duas horas por dia. Essas novas tecnologias são muito positivas, mas também não podemos esquecer que elas trazem seus prejuízos”, reitera o psiquiatra.


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