Tudoradio.com entrevista vice-presidente da ACERT

Por: Tudo Rádio

A primeira entrevista de 2018 no tudoradio.com é com Carmen Lucia Dummar, atual vice-presidente da ACERT (Associação Cearense de Emissoras de Rádio e Televisão) e presidente da entidade entre 2014 e 2017.

Carmen, que também é responsável pela Tempo FM 103.9 de Fortaleza (CE), fala sobre o rádio cearense, brasileiro (incluindo a migração AM-FM), ACERT e também sobre o atual momento da Tempo FM, rádio voltada ao formato adulto-contemporâneo.

Acompanhe!

Começamos falando da ACERT. A associação elegeu nova diretoria para o biênio 18/19 e você deixa a presidência, mas integra a nova diretoria como vice-presidente. Quais os planos para esse novo período?

Algumas pautas que estão em andamento são muito importantes e merecem o envolvimento de todas as Associações: a questão da readequação dos critérios de cobrança do Ecad; e da habilitação do FM no celular, que já passou na Câmara dos Deputados, mas tem as etapas seguintes pendentes.

Além disso, diria inicialmente que, a nossa administração deixa para a Acert, algumas mudanças estatutárias como legado, entre elas, a definição de dois períodos sequenciais máximos no exercício da presidência, onde antes não existia limite. Fechamos este ciclo agora de 4 anos. Deixamos também o Planejamento Estratégico, onde construímos, em conjunto com todos os radiodifusores, a missão, a visão, os valores e as prioridades para o futuro.

Esta é uma ferramenta que não só organiza, mas permite que objetivos e metas tenham visão de longo prazo e continuidade, independentemente da liderança, pois é resultado do desejo e planejamento do setor.

Portanto, uma revisão dos objetivos e metas que foram cumpridos e dos que devem ser planejados, pode ser um caminho para o novo período. Foi o que sugeri ao novo presidente, Paulo Cesar Norões, filho do nosso saudoso ex-presidente Edilmar Norões, que contará com o meu apoio e disposição para colaborar com tudo que possa acrescentar valor à radiodifusão.

Como você avalia o seu período na presidência da ACERT?

Acho que foi enriquecedor. Trabalhamos em questões mais abrangentes, como a defesa da democracia, da liberdade de expressão e da livre iniciativa.

Em objetivos mais específicos, como a preservação da tecnologia da radiodifusão, e daí a preocupação com os receptores habilitados no celular; uso de energias renováveis; proporcionalidade dos direitos autorais;

E de forma mais ampliada, conectando outras entidades de classe como a Abap-CE, Sebrae, associações de radiodifusão, e entidades locais buscando pautas comuns.

Realizamos congressos, Feiras de Negócios, Prêmio e Jornada Aboio de Publicidade, Guia do Rádio e TV do Ceará, seminários eleitorais e de conhecimentos em gestão e vendas voltados para os colaboradores.

Todas iniciativas sob uma administração transparente que deixa uma situação de caixa bastante confortável para o novo período. Acho que mantivemos uma boa pauta em debate, inclusive participando nos eventos nacionais, buscando ampliar nossa visão de negócios da radiodifusão, para que sustentável por um longo tempo, e exerça seu papel de liderança na sociedade.

Com você na presidência, a ACERT realizou o Fala Norte/Nordeste em setembro do ano passado, em Fortaleza. Qual foi sua avaliação sobre o evento?

Foi excelente. Contratamos uma empresa especializada em eventos e nos concentramos no conteúdo, convidados, palestrantes e em viabilizar economicamente as iniciativas. Hoje a Acert tem uma nova visão dos eventos. Profissionalizamos, investimos mais e temos melhores resultados financeiros do que antigamente quando os custos eram menores e os eventos também.

Na verdade, no último encontro, foram cinco eventos em um. Lançamos o Guia de Rádio e TV; a Feira de Negócios; o evento de migração do AM para FM, em parceria com o MCTIC; O Congresso Fala Nordeste e a Jornada e Prêmio Aboio de Publicidade em parceria com a Abap. O momento do encontro é muito importante porque abordamos as questões mais relevantes para o setor com pessoas especializadas e também as oficinas são muito enriquecedoras não só para os colaboradores da radiodifusão, mas para a sociedade, pois os temas da comunicação são de interesse de todos.

Durante o evento, a ACERT firmou uma parceria com o Banco do Nordeste para uma linha de crédito para a modernização da radiodifusão no Ceará. Como está a situação dessa parceria?

No Congresso revalidamos o Convênio para o Ceará e também foi estendido para outros Estados, inclusive para o norte de Minas Gerais. O financiamento para as emissoras através do Fundo Constitucional do Nordeste, administrado pelo Banco do Nordeste, tem condições diferenciadas de juros, porque na metodologia do cálculo do financiamento é considerado um Coeficiente de Desequilíbrio Regional (CDR), que representa a renda per capita do Nordeste em relação à nacional, hoje de 0,63%(IBGE).

Existem fundos semelhantes para o Norte e Centro-Oeste. Outros Estados também podem buscar financiamentos semelhantes. A partir da aprovação do crédito, a aquisição dos equipamentos pode ser feita também através de um cartão do Banco, semelhante ao do BNDES. Como é um fundo Constitucional calculado sobre o IR e o IPI, há garantia de reserva para o financiamento na região. O rádio e a TV vêm investindo muito nos últimos anos na digitalização e na migração e é importante que o setor tenha formas de facilitar o acesso a um bom financiamento.

A ACERT também tem uma tradição na divulgação do Guia ACERT de Rádio e TV. Como foi o lançamento do último guia e o que ele traz para os leitores?

Esta edição do Guia está disponível impressa e virtualmente. É um bom instrumento para quem quer se comunicar através do rádio e TV no Ceará. Este ano, dedicamos o tema editorial ao “Ano Internacional do Turismo Sustentável”, decretado pela ONU. O Ceará tem vocação turística, e com o leilão do aeroporto e a vinda da Fraport para sua administração, e o “hub” da Gol, KLM e Air France com voos internacionais, tem tudo para deslanchar no turismo. O tema interessa à região pois poderá trazer riqueza e desenvolvimento.

No ano passado, você visitou vários congressos estaduais. Qual sua avaliação geral sobre esses congressos?

São excelentes. Além de congregar a radiodifusão do Estado, muitas associações e radiodifusores de outras regiões também participam. É oportunidade para estreitar os relacionamentos, debater os temas do setor e identificar as questões convergentes. Temos as mesmas preocupações e muitas soluções diferentes. É uma oportunidade para o setor se organizar. Quanto mais diálogo, melhor.

Como você avalia a migração AM-FM no Ceará?

Está em andamento. Calculamos que acima de 90% das rádios AMs do Ceará deverão migrar. Inclusive, a primeira emissora a migrar no Brasil foi a Radio Progresso de Juazeiro do Norte, no Ceará.

Falando especificamente da Tempo FM 103.9 de Fortaleza (da qual Carmen é presidente) quais foram as mudanças que ocorreram na emissora?

Considerando que já tínhamos uma experiência razoável de como fazer rádio, decidimos tomar a liberdade de redesenhar o nosso modelo. Zeramos boa parte dos conceitos. Nada de tapetes que são difíceis de limpar, janelas retangulares…Optamos por vitrines, transparências, pelo branco, tudo muito clean e com muita leveza. Fomos para um shopping.  O estúdio é o coração do nosso produto, e, portanto, exposto na vitrine, aberto aos ouvintes, com um espaço para coquetel proporcionando maior interação. Conseguimos manter toda a estrutura da rádio no mesmo local para não perder a interação construindo um mezanino. E agora podemos dizer para o cliente que ele também compra mídia no shopping.

Somos uma rádio adulta contemporânea com informação e um estilo musical – aliás, não tocamos quase nada do que está nas paradas de sucesso atuais. Estamos desenvolvendo um modelo próprio para manter os ouvintes informados. Sem muita pretensão de sermos os donos da verdade, respeitando as divergências. Ao mesmo tempo, lidar com as redes sociais tornou o rádio mais rico e mais interativo. Então, ao mesmo tempo em que temos uma tradição no modelo rádio adulta contemporânea, com 29 anos no mercado, estamos experimentando muito. E temos recebido um ótimo feedback dos ouvintes.

Como você avalia o mercado FM de Fortaleza?

A grande Fortaleza tem 3,5 milhões de Habitantes. Não há mais espaço na faixa de FM para a migração, portanto vamos para a faixa estendida. Então, em Fortaleza, temos rádio para todos os segmentos de ouvintes, desde o jovem ao adulto, gospel, de notícias, populares, etc. No Ibope são cerca 22 FMs. Uma emissora em primeiro lugar tem um faturamento significativo. Outras, faturam  menos, mas o que importa é que sejam modelos sustentáveis. A segmentação viabiliza o mercado.

A Tempo FM é voltada ao segmento adulto-contemporâneo. Como você avalia o mercado para esse segmento no Brasil?

Muitos ouvintes de rádios adultas não suportam os formatos jovens ou populares. Portanto, diria que, não só tem seu espaço no mercado, como são necessárias. Do contrário o rádio perderia muitos ouvintes que considerariam o rádio popular demais para o seu padrão. Então, diria que o rádio adulto qualifica o “dial”, e proporciona espaço para muitos artistas que não tocam no rádio popular ou jovem. Embora não seja a maioria da população é um segmento influente e formador de opinião. Seu modelo se identifica com um perfil de anunciantes. Quanto mais diversificado os estilos das emissoras no “dial”, mais o rádio cumpre o seu papel. Cada pessoa encontra o seu perfil e assim o rádio contribui com entretenimento e informação para toda a população.

Qual sua expectativa para o Rádio em geral no Brasil para 2018?

Acredito que dará um grande passo quando for aprovada a lei que obriga a habilitação do rádio no celular. Serão 240 milhões de aparelhos de rádio nas mãos dos ouvintes, que garantem o acesso à informação mesmo onde não houver internet ou for de difícil acesso. É uma grande conquista para a população, e também para o rádio, que assegura assim o abastecimento de receptores no mercado.

Quanto às questões econômicas a pergunta é a mesma para todos os setores. Há boas sinalizações, mas também incertezas quanto ao futuro. No segundo semestre teremos eleição, o que é um período especialmente difícil para o rádio do ponto de vista da programação, pois há uma espécie de autocensura que se instala nos comunicadores pelo temor em desrespeitar a lei eleitoral, muito rígida em relação a opinião e a informação.

Obviamente, faz sentido a imparcialidade, mas as interpretações são subjetivas e os comunicadores acabam se autocensurando, o que é um prejuízo, pois é o período onde o eleitor mais necessita de informação. Do ponto de vista econômico, também é difícil, pois verbas oficiais são suspensas. Por outro lado, cumprimos nosso papel contribuindo para o processo democrático.

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