Um grito contra a prática recorrente do estupro

Wôlmer Ezequiel

Roupas manchadas de tinta vermelha são penduras em um varal

Com o intuito de conscientizar acerca da violência contra a mulher, foi montada mais uma intervenção artística, na tarde de quinta-feira (4), na rotatória do bairro Jardim Panorama, em Ipatinga. Roupas manchadas com tinta vermelha, para simbolizar o sangue das vítimas, foram penduradas em um varal, a exemplo do que já foi feito em outros bairros de Ipatinga nesse ano.

A responsável pela intervenção é a artista Denise Maria. Em entrevista ao Diário do Aço a artista explicou surgiu a ideia de fazer esse protesto a favor das mulheres. “Desde fevereiro desse ano que ocorre a intervenção urbana “O que fica?”, que aborda as formas de violência, principalmente a sexual, contra as mulheres e vulneráveis (crianças com menos de 14 anos ou que tenham dificuldade de locomoção). Os abusos contra essas vítimas são realidade e existem em grande proporção, não sendo possível negar, muito menos omitir-se”, afirmou.

Para ilustrar a intervenção, Denise esclarece que a ação performática é criada utilizando a escrita, fala e construção cênica de um varal composto com roupas manchadas com tinta vermelha para que as pessoas possam refletir a respeito do tema proposto. “O varal, criado durante a cena, permanece no espaço após a finalização do trabalho por tempo indeterminado, como uma instalação de arte. A criação de uma intervenção artística urbana com essa temática parte da necessidade de promover reflexões a respeito das violências contra a mulher e vulneráveis, assim como da cultura do estupro”, detalhou.

Conforme a artista, a vítima nunca deve ficar calada diante uma agressão física ou pensar que é normal sofrer com esse tipo de situação. “Tendo em vista que na maior parte dos casos a vítima acaba ficando em silêncio por sentir medo em denunciar o agressor, essa omissão resulta em uma vida oprimida, além de prejudicar o emocional da vítima”, contou.

Histórico

A intervenção “O que fica?” foi realizada pela primeira vez em fevereiro deste ano, em um ponto de ônibus no bairro Cariru, em Ipatinga. Foi nesse local, no período de Carnaval, que uma jovem de 20 anos foi abordada por dois indivíduos que a colocaram em um carro, levando-a para outro bairro da cidade, onde efetuaram o estupro. A investigação do caso não chegou aos autores.

Além desse ponto, a intervenção já ocorreu em outros locais, como na Praça da Estação, em Coronel Fabriciano; Praça da Matriz, em Santana do Paraíso. Já em Ipatinga, foi realizada nas praças 1º de maio e do Campo do Bigode, além do Parque Ipanema.


Um grito contra a prática recorrente do estupro

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