Saúde inaugura atendimento a adolescentes trans

Ambulatório aberto há dois meses já é referência

O Hospital Infantil João Paulo II (HIJPII), da Rede Fhemig, já conta com um ambulatório para atendimento multidisciplinar a adolescentes que pertencem a grupos de pessoas excluídas socialmente.

Neste primeiro momento, o espaço é destinado a adolescentes transgêneros. O atendimento é realizado às quartas-feiras, das 13h30 às 18h, no Ambulatório de Saúde do Adolescente da unidade, localizada na região Central de Belo Horizonte. Protocolos sanitários têm sido reforçados em prevenção à pandemia de covid-19.

“Analisando o perfil de pacientes tratados anteriormente, percebemos que uma proporção considerável deles era constituída por jovens pertencentes ao grupo de populações ‘invisibilizadas’ socialmente. A partir daí, percebemos a necessidade de prestar atendimento a esse público e demos início à recepção de adolescentes com identidade de gênero não-binária (identidades que não são masculinas nem femininas)”, conta Tatiane Miranda, pediatra de adolescentes do HIJPII, idealizadora do projeto.

De acordo com a médica, a ideia é que, daqui a algum tempo, o atendimento também seja destinado a populações indígenas, ciganas e quilombolas, entre outras.

Equipe

A equipe multidisciplinar é composta por pediatra de adolescentes, endocrinologista, psiquiatras da infância e juventude, psicólogos, pedagoga, assistente social e fonoaudióloga, e conta com o apoio de ginecologistas, urologista e cirurgião plástico. “Os jovens vêm encaminhados da atenção primária (postos de saúde) e passam, primeiramente, pela avaliação do pediatra de adolescentes, que irá analisar cada caso e direcionar aos especialistas necessários”, explica Tatiana.

Segundo ela, a proposta é contribuir para a atenção à saúde desses adolescentes. “É direito! Além disso, nosso objetivo é manter um espaço permanente de discussão sobre a diversidade e inclusão, executando os princípios de universalidade, equidade e integralidade preconizados pelo SUS”, afirma a pediatra.

Construção de identidades

M.P.P., de 13 anos, é atendida pelo ambulatório. “Pelo comportamento que tendia para hábitos femininos, chegamos a pensar que o quadro poderia ser gay. Foi aí que veio a resposta de que a identidade era feminina”, conta a mãe da adolescente trans.

Segundo ela, a criação do ambulatório tem ajudado muito, principalmente por agora saberem que caminho seguir. “A situação foi e ainda é difícil para toda a família. No entanto, a aceitamos como é e temos procurado entender mais sobre a transexualidade. O ambulatório tem sido muito importante no tratamento, já que não sabíamos nem por onde começar. Desde então, estou muito satisfeita com o atendimento. Os profissionais são excelentes e muito atenciosos”, afirma.

A diretora assistencial do HIJPII, Silvana Teotônio Simão, ressalta que a iniciativa configura oportunidade de a sociedade oferecer atenção à saúde, além de acolhimento aos adolescentes marginalizados pela sua condição de gênero. “O objetivo é oferecer ao adolescente transgênero, por vezes negligenciado pelas próprias famílias, um espaço de cuidado e de construção identitária, dando atenção à saúde dessa parcela da população.

Atendimento para adultos

Está suspenso, em prevenção à pandemia de covid-19, o atendimento ao público trans adulto. Isto porque ele é realizado pela Fhemig num espaço pequeno, que é o Ambulatório Multidisciplinar Especializado no Processo Transexualizador (Ametrans), também conhecido como Ambulatório Anyky Lima, do Hospital Eduardo de Menezes (HEM), em Belo Horizonte.

 

 

Fonte: Agência Minas

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