Pai e filho são conduzidos para a delegacia suspeitos de tráfico

A Polícia Civil encerrou o inquérito do caso da jovem grávida Mara Cristina Ribeiro, que foi morta e teve o bebê roubado, em João Pinheiro, no Noroeste de Minas

De acordo com o delegado Anderson Rosa, Angelina Ferreira Rodrigues, de 40 anos, foi indiciada pelos crimes de dar parto alheio como próprio, subtração de incapaz e homicídio qualificado pelo motivo fútil, meio cruel, à traição e mediante emboscada e ocultação de outro crime.

A jovem estava grávida de oito meses e desapareceu na tarde no último dia 15, mesmo dia em que Angelina foi até a Santa Casa de João Pinheiro com uma recém-nascida e mentiu para os médicos dizendo que a filha era dela. A jovem foi encontrada morta em uma reserva próxima à BR-040 no dia seguinte com um corte na barriga.

O delegado informou que o inquérito foi encaminhado para o Ministério Público (MP) e que a tipificação dos crimes é preliminar, podendo ser modificada em sede judicial.

O marido de Angelina, que também está preso preventivamente, não foi indiciado, pois ficou indicado que ele não teria tido participação no crime. “Como não houve indiciamento, provavelmente o marido deverá ser solto em breve. A decisão é do MP e judiciário”, informou.

As investigações apontaram também que não houve participação de terceira pessoa, nesse primeiro momento. “Ela conseguiu amarrar a grávida porque a atraiu para local ermo e em dado momento a atacou jogando álcool no rosto e passando o arame no pescoço dela, pressionando até que desmaiasse. Angelina é maior e mais forte que a Mara”

A recém-nascida está internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital São Lucas, em Patos de Minas, no Alto Paranaíba. Angelina e o marido continuam presos no presidio de João Pinheiro.

Causa da morte
Segundo o delegado Anderson Rosa, o Laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou que a causa da morte de Mara foi “Anemia Hemorrágica Interna e Externa”, o que indica que a vítima ainda estava viva quando da retirada da criança do ventre. Ainda segundo o laudo, não houve asfixia como causa da morte

Crime

Segundo o Boletim de Ocorrência, Angelina Ferreira chegou com o marido e a recém-nascida na Santa Casa de João Pinheiro, na segunda-feira (15), apresentando estar nervosa e alegando que havia acabado de dar à luz. Mas por estar caminhando normalmente e se recusar a fazer exames clínicos os funcionários desconfiaram e acionaram a PM.

No hospital, os militares colheram informações de pessoas presentes e ao conversarem com a mulher sobre o exame médico, ela acabou aceitando. Entretanto, durante o procedimento confessou que a recém-nascida não era filha dela, mas sim de uma outra pessoa, uma jovem de 23 anos que estava desaparecida.

Ainda no hospital, os militares foram informados que a garota desaparecida era amiga da mulher e que estava morando na casa dela desde o último dia 13. Uma vizinha também relatou à PM que Mara tem outra filha, uma menina de um ano, e que ambas saíram juntas na tarde do dia 15.

Buscas foram feitas pela polícia e moradores e o corpo foi encontrado no início da tarde de terça (16). Ela estava em uma área de reserva próxima à BR-040. Segundo informações da Polícia Civil, a vítima estava amarrada pelo pescoço com um arame e tinha um corte na barriga, possivelmente feito para retirar o bebê.

Recém-nascida
Angelina relatou que horas antes ambas foram até um bairro da cidade, nesta segunda-feira, e que encontraram uma outra mulher, ainda não foi identificada. Ela contou ainda que ficou às margens da BR-040 enquanto a grávida e a mulher saíram do local.

Cerca de 25 minutos depois, apenas a pessoa apareceu com uma recém-nascida nos braços e pediu para que a mulher a levasse para o hospital imediatamente. Angelina ainda passou em casa, trocou de roupa que estava suja de sangue, e foi para o hospital.

A recém-nascida, que foi levada para o Hospital São Lucas, em Patos de Minas, passou por exames e o quadro de saúde era estável. O G1 tentou contato com o hospital nesta manhã, mas as ligações não foram atendidas.

Investigação
Em depoimento à Polícia Civil, a mulher confessou o crime e negou a participação do marido e de uma terceira pessoa no caso, conforme ela havia dito na primeira versão dos fatos. Contudo, segundo o delegado, pela forma como a vítima foi morta existe a possibilidade de haver outros envolvidos.

“Ela confessou que atraiu a jovem para as margens da BR-040 e lá a dopou com álcool, enforcou ela com fio de metal, pendurou na árvore e abriu a barriga dela para tirar o recém-nascido,” informou Carlos Henrique.
Ainda em depoimento, conforme o delegado, a autora disse que percebeu que a jovem estava viva quando ela retirou a menina.

De acordo com a Polícia Civil a mulher falava que estava grávida, o que não se confirmou através dos exames que foram feitos nela. “Acreditamos que ela possa ter premeditado este crime, agindo juntamente com o marido,” informou o delegado.

Contato entre a jovem e a suspeita

Euza Ribeiro é tia da vítima e disse que o relacionamento entre Angelina Ferreira e a sobrinha se intensificou quando Mara soube que estava grávida. “A mulher sempre sonhou em ter uma menina e quando ela viu que minha sobrinha engravidou ela começou oferecer ajuda. Emprestou dinheiro para fazer ultrassom e ontem falou que iria comprar o enxoval para ajudar”, contou.

Postado originalmente por: Clube Notícia – Patos de Minas

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