Agentes dos Correios fazem protesto no Centro de Ipatinga

Alex FerreiraAgentes dos Correios, em greve, fizeram manifestação nas ruas do Centro de IpatingaApós fracasso nas tentativas prévias de conciliação, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) decidiu julgar o dissídio coletivo da greve dos trabalhadores dos Correios. A data do julgamento ainda não foi divulgada. Parte dos funcionários da empresa pública federal entrou em greve no dia 17 de agosto, por estarem sem acordo coletivo. O ministro do TSE, Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, determinou que o caso seja levado para julgamento após receber as manifestações das partes sobre a proposta feita para encerrar a greve. Na audiência de conciliação, o ministro do TST propôs a manutenção das 79 cláusulas do acordo coletivo assinado no ano passado, mantendo os atuais benefícios concedidos aos funcionários, mas sem reajuste nas cláusulas econômicas. A proposta foi aceita pelos sindicatos que participam das negociações, mas os Correios se manifestaram somente pela manutenção de apenas nove cláusulas. Diante da falta de acordo, a questão será julgada pela ministra Kátia Arruda. Vale do Aço Na manhã dessa sexta-feira (28), agentes dos Correios, em greve no Vale do Aço, se concentraram em Ipatinga para um ato público. Conforme os trabalhadores do setor, a empresa retirou 70 cláusulas de direitos em relação ao acordo anterior. Eles perderam adicional de risco, licença-maternidade, indenização por morte, auxílio-creche, parte do vale alimentação, entre outros benefícios. “Não estamos nem sequer pedindo reajuste salarial, pois entendemos a situação do país. Nesse momento pedimos somente a intenção dos direitos previstos no acordo coletivo anterior”, explicaram os agentes, durante a passeada pelas ruas de Ipatinga. Em nota, os Correios declararam que aguardam o julgamento do dissídio no TST e afirmam que o fim da greve é essencial para a população. De acordo com o comunicado, a empresa teve suas receitas impactadas pela pandemia da covid-19 e “não têm mais como suportar as altas despesas”, incluindo benefícios que “não condizem com a realidade atual de mercado”.Os agentes contestam: “Por um trabalho de oito horas diárias, sob sol ou chuva, depois de 29 anos de carteira assinada recebo R$ 1.700. Isso é fora da realidade?”, indagou um dos agentes na manifestação dessa sexta-feira.Os ecetistas, como são chamados os empregados dos Correios, são concursados, mas não são servidores estatutários. Eles têm carteira assinada e trabalham sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Alex FerreiraO agente Genilson Luís afirma que não se pede correção salarial, apenas manutenção de direitos Alvo de campanha depreciativa Os carteiros alegam que são alvo de uma campanha, que inclui até a divulgação de fake news, como estratégia para colocar a opinião pública contra a empresa pública. “No fundo querem o sucateamento para justificar a privatização”, afirmaram durante a manifestação. A respeito de uma repercussão negativa da paralisação, por parte da população, o agente Genilson Luís Oliveira, um dos representantes dos carteiros, afirma que a greve não é contra a população. “Pelo contrário, fazemos uma greve para defender nosso emprego e uma empresa pública que possa prestar um serviço eficiente para a população”, enfatizou.Conforme o agente, com a pandemia, aproximadamente 16 mil trabalhadores foram colocados no trabalho à distância, o que sobrecarregou os que foram mantidos no trabalho presencial. “Temos trabalhado muito, mas estamos numa situação crítica. Desde 2011 não é feito concurso para contratar pessoal, já havia uma defasagem que foi agravada com os afastamentos na pandemia. Então, retirar o pouco que temos em benefícios é uma situação que não podemos aceitar”, afirmou. Genilson também lembrou que os serviços dos Correios vão além de um negócio. Antes de tudo, foi uma empresa criada pelo Estado, há 357 anos, para a integração nacional. “Em muitos lugares no Brasil, a única representação do Estado costuma ser uma agência dos Correios”, observou. Ainda em relação à reação negativa de parte da população sobre a greve nos Correios e as constantes mensagens de “privatiza já”, Genilson responde: “Não tenho dúvidas que a maioria que pede privatização não sabe o que está pedindo, principalmente em se tratando de uma empresa que presta serviços de cunho social. Temos vários exemplos de resultados da privatização de empresas em que a população e os trabalhadores só foram prejudicados. Poderia citar várias, mas lembro o da Vale e a catástrofe da mineradora em Brumadinho. Visam apenas o lucro e não têm compromisso social algum. Uma privatização de uma empresa como os Correios seria catastrófica para as cidades de menor porte. Dificilmente outra empresa manteria unidades que não fossem altamente lucrativas”, destacou.Apesar da aplicação de recursos para manter a capilaridade em todos os lugares do país em 2019, os Correios tiveram o terceiro ano consecutivo de lucro, no valor de R$ 102,1 milhões, contra R$ 161 milhões do ano anterior.Agentes dos Correios fazem protesto no Centro de Ipatinga

Postado originalmente por: Diário do Aço

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