Das nove chapas que disputam a Prefeitura de Ipatinga, apenas uma tem representação feminina

Arquivo DAA vereadora Cassinha Carvalho é candidata a vice-prefeita na chapa de Nardyello RochaNão há dúvida de que a presença feminina na política brasileira é pequena diante de sua enorme participação na vida econômica e social do país, principalmente nos últimos anos. Maioria da população brasileira e do eleitorado nacional, as mulheres sequer alcançam 15% nos cargos eletivos do país. São exatos 12,32% em 70 mil cargos eletivos, segundo o Mapa da Política de 2019, elaborado pela Procuradoria da Mulher no Senado.Em Ipatinga, o atual cenário não é diferente. Este recorte pode ser observado com o registro de nove candidaturas à prefeitura na disputa eleitoral de 2020, marcada para o dia 15 de novembro. Das chapas majoritárias (prefeito e vice), a única com a participação feminina é a do prefeito Nardyello Rocha (Cidadania). A coligação “Para Ipatinga Não Parar” traz como candidata a vice-prefeita a vereadora Cassinha Carvalho (PL). Todas as demais chapas registradas como postulantes à cadeira do poder Executivo, após a realização das convenções, são formadas por homens. Em relação aos cargos legislativos, conforme a legislação eleitoral, 30% das candidaturas de cada partido nos níveis municipal, estadual e federal precisam ter no mínimo 30% de mulheres. Em Ipatinga, no pleito atual, de um total de 418 candidatos à Câmara de Vereadores, 139 são mulheres. Atualmente, Ipatinga possui mais de 180 mil eleitores, sendo que, deste total, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 53% são do sexo feminino e, assim, é natural que se procure considerar esse público e suas demandas. Hoje, as mulheres brasileiras são responsáveis únicas por nada menos que 40% dos lares e estão presentes em 44% do mercado formal de trabalho, mesmo com salários 20% menores, em média, em relação aos dos homens. Além disso, ocupam as mais diversas profissões, tanto no setor público quanto no privado.Para Cassinha Carvalho, candidata a vice-prefeita de Ipatinga pela coligação “Para Ipatinga Não Parar”, a baixa representatividade da mulher na política está relacionada a questões históricas e culturais, entre outras. “Nada para a mulher foi fácil ou dado de graça. Pelo contrário, foi com muita luta e com muita dificuldade que aqui no Brasil, nós mulheres, começamos a votar somente a partir da década de 30. Já fomos propriedade de pais, de maridos, de filhos mais velhos. E isso tudo reflete nos dias de hoje, com a baixa representatividade da mulher na política”, considera. Sobre ser a única mulher a concorrer em uma chapa majoritária nas eleições de 2020, Cassinha Carvalho, eleita com 1.932 votos para a Câmara Municipal, em 2016, e com atuação destacada na Casa, diz estar honrada por poder ter a chance de mais uma vez elevar a força feminina a outros patamares, como o Executivo. “Estamos às portas de uma eleição e somos nove chapas majoritárias que concorrem ao Executivo. É lamentável que apenas uma delas tenha uma mulher. Porque, diante de tantos valores expressivos que temos na cidade, poderíamos estar presentes em pelo menos na metade das chapas compostas. Eu sei que Ipatinga tem mulheres determinadas, corajosas, trabalhadoras e que podem fazer a diferença no mundo político”, reflete. Ranking mundialSegundo relatório da Organização das Nações Unidas (Onu) e da União Interparlamentar, com tanta importância na economia e na sociedade, as mulheres brasileiras ocupam apenas 13% do total das cadeiras do Senado e 15% na Câmara dos Deputados. O Brasil ocupa apenas a 140ª posição no ranking de representatividade feminina no parlamento, entre 193 países pesquisados. O professor Marco Abreu dos Santos lembra que 51% da população brasileira é composta por mulheres. Contudo, é possível verificar uma sub-representatividade feminina na política em todas as esferas. “Ainda que exista uma cota eleitoral que garanta um percentual de mulheres, a gente percebe que a maioria das candidaturas existe apenas para cumprir a cota, sem que haja maior esforço dos partidos ou coligações para que essas candidaturas deslanchem. A falta de mulher no debate, no diálogo político, implica em graves consequências em assuntos importantes que envolvem a mulher, como a saúde e a segurança”, analisa. Cassinha CarvalhoA vereadora de primeiro mandato Cassinha Carvalho, agora também candidata a vice-prefeita na chapa de Nardyello Rocha, tem em sua trajetória comunitária funções exercidas como bancária, educadora física, professora universitária e advogada. Ela é natural de Caratinga, onde morou até os 21 anos de idade. Deu aulas de reforço para estudantes com dificuldade de aprendizagem, cuidou de crianças e idosos. Sua aptidão para o ensino aflorou logo aos 16, quando foi estagiária no Magistério, lembra.Ela veio ela veio para Ipatinga em 1982, quando conheceu o engenheiro metalúrgico José de Souza Carvalho, hoje seu marido e pai de seus filhos, Marcos, João Otávio e Bianca. Foi no Unileste-MG, em Coronel Fabriciano, que ela se graduou em Educação Física, lecionando mais tarde em diversas escolas da região.Depois ela retomou os estudos para tornar-se advogada pela Fadivale, em Governador Valadares, e seguiu carreira jurídica nas duas últimas décadas. Cassinha Carvalho é doutoranda em Ciências Jurídicas, além do MBA em Administração Pública e Gestão de Cidades, pelo Centro Universitário Internacional.Este último curso, segundo ela, foi motivado pela decisão de ingressar na vida pública, pois diz ter convicção de que não basta honestidade e lisura para se assumir um cargo político. “É o conhecimento que nos torna bons em alguma coisa e nos permite evoluir. Juntos, o saber, a capacitação e a integridade nos preparam para usar todo nosso potencial, e nos levam poderosamente adiante”, acredita.

Postado originalmente por: Diário do Aço

Pesquisar