Os trabalhos de investigação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos medicamentos em Timóteo avançam aos poucos. Depois de integrantes da CPI afirmarem que haveria valores contraditórios no relatório da auditoria realizada na Prefeitura de Timóteo, foram solicitados novos documentos à administração municipal, já entregues, e que estão sendo analisados pela comissão. Conforme o presidente da CPI, vereador Geraldo Nanico, depois dessa análise, haverá uma terceira reunião entre os integrantes, que poderá definir o rumo das investigações. As duas primeiras reuniões foram realizadas nos dias 27 e 31 de agosto. Passados quase dois meses, a comissão ainda terá uma terceira reunião.
Em entrevista ao Diário do Aço, o presidente da CPI afirmou que recebeu os documentos da Administração Municipal há cerca de 20 dias. Conforme já foi divulgado, as notas fiscais no relatório da auditoria não estavam batendo, os valores de pagamento e recebimento de mercadoria estavam diferentes, por isso, solicitamos novos documentos, para entender melhor esses dados. Além disso, em algumas partes do relatório falam sobre medicamentos e, em outras, menciona materiais e equipamentos, disse.
Nanico ressaltou que após o fim da análise dos documentos será marcada a terceira reunião entre os membros da CPI. Ainda não temos uma data definida de quando vamos nos reunir, mas se nesse encontro percebemos que realmente não teve nada de errado, poderemos chamar a Procuradoria da Câmara e depois levar o caso para uma reunião ordinária com os outros vereadores da Casa Legislativa, destacou.
Em relação aos depoimentos, o presidente da CPI contou ao Diário do Aço que ainda serão convocadas algumas pessoas. Não chegamos a ouvir ninguém, até agora, mas pretendemos chamar quatro ou seis pessoas para nos ajudarem a entender esse caso. Mas vale lembrar que não podemos condenar ninguém, se tiver algo de errado, vamos enviar para o Ministério Público, que tomará as devidas providências, informou.
Documentos
O relator da CPI, vereador Diogo Siqueira, informou ao Diário do Aço que até o momento já foram encaminhados para o Executivo três ofícios de requerimentos, solicitando cópias de documentos. Entre eles, a cópia do processo licitatório dos medicamentos; cópia de todos os empenhos do processo, com notas fiscais assinadas, identificação dos servidores responsáveis pelo recebimento das cargas de medicamentos; relatório de entrada e saída dos medicamentos, tanto no almoxarifado quanto nos postos de saúde, enumerou.
Ao todo, o relator afirmou que o executivo já encaminhou para a CPI mais de 1.800 páginas de documentos, porém, as notas fiscais assinadas ainda não foram encaminhadas. Com isso, não é possível identificar os servidores envolvidos no processo, os quais serão convocados para esclarecimentos. Esperamos que até a próxima sexta-feira (19) seja enviada a documentação restante, para análise e verificação da aplicação correta da lei e identificação de possíveis irregularidades, na direção de identificar os responsáveis. Já na terceira reunião será apresentado aos membros da CPI um resumo das análises iniciais das documentações e será solicitado o apoio técnico para aprofundar essas análises, esclareceu.
Entenda
No dia 21 de junho deste ano, o então prefeito interino de Timóteo, Adriano Alvarenga (PMB), convocou a imprensa para informar um suposto esquema de desvio de recursos dos medicamentos, envolvendo a administração do prefeito cassado, Geraldo Hilário e a empresa fornecedora dos medicamentos. Na ocasião, Adriano Alvarenga afirmou que a empresa entregava certa quantidade de remédios, mas a outra parcela da encomenda não era entregue aos postos de saúde. O ex-prefeito interino citou indícios apontando um desvio de R$ 900 mil, aproximadamente, na compra de medicamentos.
Já no dia 22 de agosto, foi publicada pela Mesa Diretora da Casa Legislativa a portaria 4.109, determinando os membros da CPI dos Medicamentos na Câmara Municipal de Timóteo. Foram nomeados os vereadores Geraldo Moreira Nanico, Diogo Siqueira e Wladimir Careca como membros efetivos da comissão e os vereadores Fábio Campos Binha, Geraldo Gualberto e José Fernando Moreira como membros suplentes da CPI.
