Jovens empreendem em meio à conjuntura do desemprego

Wôlmer Ezequiel Feliphe da Costa explica a diferença entre empreender por necessidade e por opção Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que o número de pessoas desocupadas com idade entre 18 e 24 anos em Minas Gerais cresceu em 2019, em relação ao ano anterior, e chegou a 31,7%. Em meio à crise econômica nacional, com retração nas vendas e a redução de custos com empregados nas empresas, jovens veem na inovação uma forma de sobreviver. Isso faz com que ocorra um aumento nas iniciativas de empreendedorismo, às vezes por necessidade, às vezes por opção. E para driblar a falta de vagas de trabalho e oportunidades de crescimento, a nova geração passa a utilizar a criatividade.

“Nos últimos anos houve uma tendência de os jovens partirem para o empreendedorismo por necessidade”, afirma Feliphe da Costa, analista do Sebrae em Ipatinga, em entrevista ao Diário do Aço.Entretanto, de acordo com o analista, o conceito vai além do senso comum de abrir empresas e, sim, está ligado à realização de objetivos reais. “Por exemplo, se você quer viajar o mundo, você tem que empreender para que isso aconteça, a não ser que você nasça em ‘berço de ouro’, você tem que empreender para construir”, comenta Feliphe.

O analista conta também que, ao empreender por opção, o jovem se encaminha para segmentos não tradicionais como startups, empresas com capacidade de se replicar e potencial de gerar renda, entretanto, têm um número alto de mortalidade. Já os jovens que empreendem por necessidade acabam por escolher o setor tradicional, segmentos mais atrativos e de baixo custo inicial como o setor de comércio varejista de roupas, alimentos e prestação de serviços.

Além dessa diferença de segmentos, é importante distanciar o empreendedorismo por opção do empreendedorismo por necessidade, para que não seja criada uma falsa sensação de alívio e entusiasmo, diante da conjuntura nacional. Dados do IBGE apontam que, no último trimestre do ano passado, 41,4% da parcela de pessoas ocupadas no país estavam em situação de trabalho informal. Ou seja, quase metade dos trabalhadores está em instabilidade econômica e sem direitos trabalhistas como décimo terceiro salário, seguro-desemprego e FGTS.Charles WilliamLucas Richard teve oportunidade e pôde escolher um ramo de negócio Formalização Uma oportunidade de sair da informalidade é criar o Microempreendedor Individual (MEI), que possui algumas vantagens em relação ao mercado informal, como benefícios do INSS e abertura de CNPJ. Esse recurso representa 60% do total de empresas do Brasil, por ser uma ferramenta que, apesar das limitações, é de fácil manuseio e trabalho.

Oportunidade

Para Lucas Richard, de 25 anos, o caminho para o empreendedorismo foi por oportunidade. Ele começou aos 18 anos como auxiliar em um negócio de conserto de celular. O técnico gostou da área e, ao estudar, viu uma oportunidade de abrir seu próprio negócio. Atualmente Lucas empreende no centro de Ipatinga e utiliza a ferramenta de Microempresa (ME).

“Comecei no MEI, utilizei por bastante tempo, mas à medida que fomos crescendo, pelas limitações da ferramenta, não conseguimos mais utilizar o MEI, hoje nós somos ME, Microempresa”, comenta. Ele ainda aponta que a educação continuada é uma necessidade. “Se você não estuda você fica para trás, então todo o ano a gente investe em equipamentos novos, conhecimento e estudo tanto sobre a área quanto sobre o mercado. Estudamos para ser e fazer o diferente e, dessa forma, poder crescer”, comenta Lucas, ao ser perguntado sobre a estrutura do seu negócio.

Para o analista do Sebrae, o empreendedor deve estruturar seu projeto de negócio como forma de minimizar possíveis percalços, e fazer com que o trabalhador possa ter uma qualidade de vida melhor junto ao seu negócio. “O planejamento minimiza o impacto de uma decisão errada, mas não necessariamente é uma garantia de sucesso. Mas tem negócios que não se planejam e logo após algum tempo apresentam problemas reais de gestão, e tem outros negócios que se planejam e dão certo”, comenta Feliphe da Costa.Atendimento Atualmente, o Sebrae atende a 16 mil pessoas por ano no Vale do Aço. O serviço pode ser utilizado por aquelas pessoas que vão iniciar um negócio ou que já estão no mercado, a fim de sanar dúvidas e estruturar seu projeto de negócio.

A entidade atua em duas vertentes: com o Estado, o Sebrae promove o desenvolvimento econômico local, um exemplo disso são as salas mineiras localizadas nas cidades de Ipatinga, Coronel Fabriciano e Timóteo, onde as empresas recebem assessoria de informações; com as empresas, onde fornece suporte empresarial individual, por meio de consultorias, com atividades coletivas presenciais ou online a custos subsidiados. (Charles William sob supervisão de Alex Ferreira)

Postado originalmente por: Diário do Aço

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