Mercado da construção civil demonstra sinais de evolução

(Tiago Araújo – Repórter do Diário do Aço)A indústria de construção civil está em franca recuperação, com a melhora nos índices de atividade e do número de empregados. É o que mostra os dados da recente Sondagem Indústria da Construção, divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), da Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia. O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI-Construção) apresentou alta de 2,7 pontos no mês de agosto, e atinge 56,7 pontos. É a quinta alta consecutiva do índice, que acumula crescimento de 21,9 pontos no período. Com a alta, o ICEI-Construção se distancia de sua média histórica (53,5 pontos) e da linha divisória de 50 pontos, que separa a confiança da falta de confiança.Arquivo pessoalGilson Renhe afirmou que a economia brasileira já começa a apresentar sinais de recuperaçãoRecuperação Na avaliação do economista aposentado, Gilson Renhe, a economia brasileira começa a apresentar sinais de recuperação, mas não o suficiente para compensar a queda significativa do Produto Interno Bruto (PIB), ocorrida durante o período crítico da pandemia da covid-19. “Para 2021, o cenário é de continuidade da recuperação da economia, com projeções de crescimento do PIB entre 3% e 4%, segundo o Banco Central e o Ministério da Economia, considerando-se uma volta progressiva dos níveis normais de consumo. Pode haver uma bolha de consumo decorrente da demanda reprimida observada em 2020, a partir da redução do distanciamento social e recuperação do emprego”, destacou.Mercado imobiliário Conforme Gilson, com a contínua e acentuada queda da taxa Selic, a Caixa Econômica Federal (CEF) e outras instituições financeiras reduziram significativamente as taxas de juros para a carteira imobiliária e até inovaram com a disponibilização de novas linhas de crédito, como a utilização do rendimento da poupança ou variação do IPCA como componentes para a determinação da taxa de juro, favorecendo a aquisição de imóveis pelo Sistema Financeiro Imobiliário. “A abstenção de consumo (poupança) e queda da taxa de juros, embora não com exclusividade, foram suficientes para tornarem o mercado imobiliário o mais saudável neste ano de 2020 e estimularem o crescimento da construção civil. Esse acentuado crescimento do mercado imobiliário denota que o brasileiro está reaprendendo a investir em imóveis, evidenciando uma tendência de contínuo crescimento do mercado de construção civil, haja vista o acentuado déficit habitacional existente no país”, detalhou.Tiago AraújoWallace Barreto ressalta que a construção civil foi um dos poucos setores que não parou durante a pandemia “Não parou”O diretor da WR Construtora, Wallace Barreto, lembra que durante o período da pandemia o setor de construção civil não parou, já que foi considerado como serviço essencial pelo governo. “Na construção civil, não paramos as obras no decorrer da pandemia. Nós tomamos todas as precauções e todos os cuidados necessários. No entanto, com a campanha ‘Fique em Casa’, tivemos um problema de falta de mão de obra, porque com o auxílio emergencial do governo, o pai de família que viesse a trabalhar como pedreiro ou carpinteiro nas obras perdia o seu auxílio, portanto, nós tivemos falta de mão de obra”, afirmou. Mudanças nas aplicações Wallace Barreto também ressaltou que, com a taxa Selic a 2% ao ano, as aplicações financeiras passaram a uma baixa rentabilidade mensal. “Com isso, os rentistas estão tirando o seu dinheiro que estava aplicado há anos em rendimentos de renda fixa, e aplicando no mercado em geral e parte desse dinheiro em imóveis”, disse. Falta de materiais Apesar do setor aquecido dentro da construção civil, Wallace Barreto destaca que há falta de materiais e aumento dos preços dos produtos para as obras. “Por exemplo, nas cidades pequenas que fornecem tijolo para a nossa região, está faltando mão de obra, coisa que nunca aconteceu antes, e aí o preço do tijolo subiu 100%. Nessa pandemia, alguns altos-fornos de siderúrgicas foram desligados, o que contribuiu para que o preço das ferragens subisse mais de 50%. O cobre, que já vinha subindo antes da pandemia, já passou de 100% de aumento. Alumínio e vidro já subiram muito também. O valor do cimento está subindo na faixa de 50%. Com o isolamento domiciliar, houve um desequilíbrio no fornecimento de materiais e, com isso, está tendo aumento de preços e falta de produtos no mercado”, apontou. Expectativa Wallace Barreto também revelou suas expectativas para o próximo ano. “Acredito que no início de janeiro de 2021 vai haver um equilíbrio do reabastecimento de produtos de construção civil. Com isso, os preços tendem a diminuir e o produto volta a chegar às prateleiras. Ou seja, as coisas tendem a normalizar”. Tiago AraújoAnacleto Humberto revelou que, durante a pandemia, houve um aumento entre 20% e 40% da demanda por materiais de construçãoSituação em depósitoO proprietário de depósito de materiais de construção em Ipatinga, Anacleto Humberto de Lima, também confirmou a falta de produtos de construção civil no mercado, além do aumento do preço. “Desde maio deste ano que está essa situação. Dentre os principais produtos afetados estão o tijolo, ferragem e cimento, que de vez em quando falta”, ressaltou. Aumento da demandaAnacleto Humberto revelou que, durante a pandemia, houve um aumento entre 20% e 40% da demanda por materiais de construção. “Eu creio que teve esse aumento devido ao valor de R$ 600 do auxílio emergencial, oferecido pelo governo federal. Realmente fez muita diferença e fez a economia girar neste momento, não só na construção civil, mas de forma geral. Portanto, para mim, o cenário está bom financeiramente. Estou satisfeito com as vendas, não sei como que será no próximo ano após o auxílio, mas trabalhando direito e devagar, as coisas vão se acertando”, concluiu.

Postado originalmente por: Diário do Aço

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