No Dia do Socorrista, profissionais relatam satisfação em salvar vidas

Álbum pessoalReinaldo Luiz Santos é condutor socorrista no SAMU de Ipatinga, onde atua há quatros anos(Bruna Lage – Repórter do Diário do Aço)Neste dia 11 de julho, profissionais da área da saúde celebram o Dia do Socorrista, personagem importante no resgate e atendimento de ocorrências diversas. Para conhecer a história de quem atua neste cenário, o Diário do Aço conversou com Reinaldo Monteiro de Alvarenga e Reinaldo Luiz Santos, que dedicam suas vidas ao resgate. Para eles, mais do que atender ocorrências, a atividade envolve a vida de pessoas e a esperança de famílias inteiras. Técnico de enfermagem e morador de Coronel Fabriciano, Reinaldo Monteiro de Alvarenga trabalha no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Em sua rotina, o socorrista vivencia um desafio a cada dia, arriscando a vida desde o deslocamento para uma ocorrência, durante os atendimentos e até mesmo após, ao retornar para a base. “Lidamos com todo tipo de pessoas e classes sociais, atendemos ocorrências em todos os lugares, como asilos, igrejas, vias públicas, residências, casas noturnas, motéis e rodovias. Prestar socorro a uma pessoa é sempre um desafio, pois nunca sabemos realmente o que nos espera, atendemos desde os casos simples e estáveis, aos mais complexos, como infarto, parada cardiorrespiratória, partos, hemorragia digestiva, acidentes graves e fatais”, relata.Álbum pessoalReinaldo Monteiro de Alvarenga conta rotina como socorrista No período em que trabalha com atendimentos, ele recorda que a ocorrência mais marcante aconteceu no dia 14 de agosto de 2019. A equipe havia iniciado o plantão e foi acionada para ir até a BR-458, nas proximidades de Iapu. “Foi uma colisão frontal entre moto e carro. O motociclista, um policial, Wemerson, tinha acabado de largar serviço, vinha sentido a Ipatinga, quando bateu de frente com uma caminhonete Fiat Strada. Ele estava caído dentro de uma canaleta, com fraturas de fêmur, braços, clavícula, costelas, perda óssea, muscular, perdeu também grande quantidade de sangue. Ficou consciente o tempo todo, deixamos ele no Hospital Márcio Cunha, onde passou por várias cirurgias, ficou dias na UTI, e hoje está em casa se recuperando, fazendo fisioterapia, andando com ajuda de muletas e evoluindo muito bem. Até hoje mantenho contato e ele é eternamente grato à equipe que prestou atendimento, e da qual faço parte, com muito orgulho”, conta.Como se não bastasse a correria diária, a pandemia do novo coronavírus (covid-19) tem sido um fator de dificuldade. “Estamos mais tensos, preocupados com o aumento expressivo de pessoas que estão perdendo suas vidas pela covid-19. Alguns enterrando seus familiares, sem poder se despedir dignamente, colegas de trabalho sendo afastados porque foram contaminados ao exercer seu trabalho. Infelizmente muitas pessoas não têm noção da gravidade dessa doença, outras estão contando com a sorte, o que é lamentável”, avalia Reinaldo Monteiro.Novos riscosReinaldo Luiz Santos é condutor socorrista no SAMU de Ipatinga e reside em Santana do Paraíso. Atua na profissão há quatro anos e afirma que os tempos atuais têm sido marcados pela pandemia de covid-19. “Sofremos muita pressão psicológica, pressão das vezes que saímos para atender às pessoas e não sabemos se tem ou não covid e precisamos nos proteger. Quando chegamos em casa ficamos mais restritos, não podemos pegar um filho ou um neto no colo. Estamos na linha de frente e sabemos pouco sobre o vírus, não sabemos como lidar, como combater, o que pode ou não. Temos informações soltas e não podemos parar. Temos de cuidar dos acidentes, dos acometimentos que são serviços essenciais de socorrismo e temos de lidar com transporte de pacientes infectados ou com suspeita”, salienta.Para ele, prestar socorro às pessoas é uma dádiva para a qual acredita ter sido escolhido. “Nossa fé nos manda amar ao próximo como a nós mesmos. E ali, além de ajudar, podemos ser o último rosto que alguém viu, a última palavra que alguém ouviu, podemos dar conforto à família, fazendo que os últimos instantes da vida de alguém possam ser mais confortáveis. Ou mesmo quando nos deparamos com casos de vida ou morte, podemos fazer com que as chances de sobreviver sobressaiam. Nem sempre a gente vence, mas quando isso acontece, ficamos muito felizes”, frisa. Em seus quatro anos de SAMU, Reinaldo Luiz ganhou fama de parteiro, por ter presenciado seis partos dentro da ambulância. Mas um atendimento o marcou de forma especial. “Foi em uma força-tarefa conjunta entre SAMU e os bombeiros, onde um senhor caiu e ficou com uma barra de ferro presa nas costelas e que, por um milagre, não atingiu órgão nenhum, veia nenhuma. Os bombeiros tiveram que cortar essa barra e levamos o senhor para o Hospital Márcio Cunha e ele teve alta no dia seguinte, sem complicações. Apesar de ser um cenário pesado e de dor, a atuação da nossa equipe, juntamente com os bombeiros e pessoas ali próximas, tivemos bastante êxito. Essa cena me marcou bastante, foi logo no início da minha trajetória no SAMU”, remonta. Mensagem Nessa data, Reinaldo Luiz deixa uma mensagem aos colegas e afirma que no socorrismo não há menor e maior. “O trabalho é feito em conjunto e cada peça é fundamental para que tudo ocorra da melhor maneira, desde o condutor ao técnico de enfermagem, passando pelos enfermeiros, médicos, aqueles que atendem às chamadas, enfim…É um trabalho onde cada um é essencial para que vidas possam ser salvas, que vidas sejam prolongadas e as pessoas possam se beneficiar disso. Agradeço a todos eles por fazer parte dessa família e que de uma forma especial Deus me colocou ali naquele meio. Sou muito feliz e tenho muito orgulho de ser socorrista e de ser funcionário do SAMU. Que Deus abençoe a cada um e seus próximos plantões. Que o nome seja lembrado como sendo de uma pessoa que tem se doado pelo próximo, por alguém que a gente nem conhece, sou muito grato por todos esses amigos”, pontua.Reinaldo Monteiro acrescenta: “levante cedo, saia de casa, vista o uniforme. Você não escolheu essa profissão, foi ela que nos escolheu, vamos enfrentar essa doença [covid-19] como enfrentamos todos os desafios do dia a dia. Vamos nos proteger e que Deus esteja conosco, isso vai passar, eu creio. Parabenizo a todos meus amigos socorristas, muitos anjos não usam asas e sim fardas. Nunca se esqueçam, ‘O paciente não é apenas um paciente, ele é o amor da vida de alguém’”, conclui.

Postado originalmente por: Diário do Aço

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