Secretário de Meio Ambiente não desvaloriza fusão com a Agricultura

Wôlmer Ezequiel

Germano Vieira afirmou que é preciso fazer uma série de avaliações para saber se a fusão será positiva ou negativa

Os eleitos para a Presidência da República, Jair Bolsonaro, e para o Governo do Estado de Minas Gerais, Romeu Zema, já afirmaram que pretendem fazer a fusão das pastas de Agricultura e do Meio Ambiente. A justificativa usada por ambos seria o enxugamento da máquina pública e economizar despesas. No entanto, tais declarações causaram polêmica e discussões acerca do assunto. Surgiram dúvidas se a fusão de duas pastas, com interesses antagônicos, traria resultados positivos, principalmente na preservação ambiental e na política de produção sustentável e menos impactante para a natureza.

Em visita a Ipatinga, o secretário de Estado de Meio Ambiente, Germano Vieira, concedeu entrevista à imprensa regional e avaliou essa possível fusão das pastas. Para ele, a atual secretaria possui uma temática ambiental transversal. “Não é só focada para os serviços da agricultura, mas para indústria, parcelamento do solo e infraestrutura. Hoje os serviços de agricultura na área ambiental equivalem a 20%. Os empreendimentos mais complexos são apenas 9%”, informou.

Na entrevista, o secretário concordou que existe uma crise econômica no estado e que é necessário proceder uma negociação da dívida, além de realizar um enxugamento da máquina pública. Com isso, ele não descarta a ideia de que poderá ocorrer uma fusão das secretarias como uma necessidade para o próximo governador. “Tenho certeza que o governador eleito vai ter o entendimento de fazer a junção das pastas que são mais próximas uma da outra, de modo que não se perca nem a política ambiental, nem a política agricultura, nem da indústria. Acredito que isso ainda está em estudo pela equipe de transição, mas tenho certeza que farão o melhor para os mineiros”, opinou.

“Boa ideia ou não”

Conforme Germano Vieira, não é possível dizer, de imediato, que a fusão das pastas seria algo negativo ou positivo, porque depende de uma série de avaliações. “Pode ser que seja uma boa ideia ou não. Tem alguns países europeus que têm a fusão da Agricultura com Meio Ambiente, mas existem outros que não têm. Vai mais da avaliação do gestor. Mas eu penso que uma política transversal de meio ambiente com as demais secretarias é mais eficaz. Isso quer dizer que não é uma fusão é que vai trazer harmonia entre as políticas de meio ambiente, agricultura ou indústria”, destacou.

Wôlmer Ezequiel

Além da perda de 19 vidas humanas, rio Doce foi duramente castigado por lama com resíduos da mineração

Secretário avalia desafios com a tragédia em Mariana

Nesse mês completou três meses o rompimento da barragem de Fundão, na área da mineradora Samarco, em Mariana, considerada a maior tragédia ambiental do país. Com distritos e vilas destruídas, 19 mortes e o rio contaminado por lama de resíduos da mineração em quase a totalidade de sua extensão até a foz no oceano Atlântico. Passados três anos ainda há muito trabalho para ser feito para a recuperação ambiental.

O secretário de Meio Ambiente de Minas Gerais, Germano Vieira avalia que o fato inusitado impôs desafios. “Foi um dos trabalhos mais difíceis que tivemos, porque nem nós, nem em outro lugar do mundo teve uma tragédia dessa proporção. No dia, a atuação do estado foi muito rápida, em poucas horas, já estávamos dando socorro para as vítimas, por meio da polícia, Corpo de Bombeiro e do nosso Núcleo do Meio Ambiente. A partir daí, fizemos um relatório dos primeiros impactos”, afirmou.

Germano Vieira relatou que em menos de quatro meses, foi feito um acordo com a administração do estado do Espírito Santo, Governo Federal e a empresa Samarco, controlada pela Vale e BHP. ”Desse modo, estruturamos 42 programas socioeconômicos e socioambientais de restruturação da bacia como um todo. É um desafio gigantesco, porque é um desastre que é contínuo. Há uma tarefa ainda muito perene, que é a indenização das vítimas, porque lida com os sentimentos e frustação dessas pessoas”, contou.

Medidas necessárias

O secretário acrescentou que, do ponto de vista do meio ambiente, existem diversos programas, como a requalificação das nascentes e matas ciliares, além de trabalhos com agricultores, areeiros e infraestrutura remanescente. “Nós construímos diques para que nos períodos da chuva não tenha mais carreamento do rejeito para o Rio Doce”, ressaltou.

Germano Vieira também destacou que existem locais em que ainda a técnica e a ciência precisam avançar. “Exemplo disso é o local onde tem rejeito depositado, mas ainda avalia se é melhor para o meio ambiente a retirada do rejeito ou sua permanência, qual dos dois causam mais impacto. Então isso tudo ainda a ciência tem enfrentado”, salientou.

Monitoramento

Questionado acerca da qualidade do Rio Doce, o secretário afirmou que existe um monitoramento, em que cerca de 100 pontos são observados. “A bacia do Rio Doce é considerada pela Agência Nacional de Águas, a bacia federal mais bem monitorada do Brasil. Hoje, do ponto de vista de metais, todos os pontos estão dentro das qualidades que são impostos pela legislação”, concluiu.

Tiago Araújo


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