Tigresas driblam as dificuldades e preconceito no futebol

Wôlmer Ezequiel

A equipe já está classificada para a final da Copa Leste e se prepara o Mineiro

Com a responsabilidade de conciliar estudo, trabalho e treino, as jogadoras do time de futebol do Ipatinga se esforçam toda semana para dar conta de tudo disso. Desde a criação da equipe, em 2015, as tigresas já foram campeãs da Copa Leste, Campeonato Mineiro e Taça Minas. Mas para conquistar todos esses títulos, foi preciso muita dedicação e determinação de todo o grupo. Atualmente, as tigresas disputam a Copa Leste, que conta com sete equipes, mas já estão classificadas para a final do torneio, que ocorrerá ainda neste mês. Além disso, também se preparam para o Campeonato Mineiro, que terá início em setembro deste ano.

Em entrevista ao Diário do Aço, as meninas apontaram diversas dificuldades enfrentadas no esporte, como preconceito, falta de visibilidade, de patrocínio e de tempo. Para a atleta Jaqueline Cristina Souza, de 25 anos, que atua como volante, as tigresas melhoram a cada ano, com treinos intensos e muito trabalho. “Esse ano estamos com uma visibilidade maior; em questão de patrocínio e apoio, está bem melhor em relação às temporadas passadas. E pretendemos ir mais forte para chegarmos à final do Mineiro mais uma vez”, revela.

A centroavante do time, Jéssica Coelho, de 22 anos, que joga futebol desde criança, concorda que a visibilidade neste ano está boa, mas pode melhorar ainda para conquistar os mesmos privilégios do time masculino. “Não posso ser hipócrita e falar que não temos, porque contamos com muitos patrocinadores, mas mesmo assim existem muitas pessoas que ainda não conhecem o nosso futebol. O time masculino vive para isso, já nós precisamos trabalhar, estudar e treinar. Por isso que eu acho que a visibilidade deles é maior. Mas posso dizer que o futebol feminino já vem perdendo o preconceito e um dia vamos chegar ao nível deles”, afirma.

De acordo com a volante Helen Keleny, de 22 anos, no início tiveram muita dificuldade para manter os trabalhos do time, já que contavam com pouco apoio. “Se não fosse o nosso esforço e da nossa treinadora, as tigresas não existiriam. Acredito que o futebol feminino sofre uma certa discriminação em relação ao masculino. Podemos perceber a diferença no apoio deles com o nosso. Mas mesmo assim deixamos isso de lado e fazemos a nossa parte, como vender rifa para ajudar nas viagens, almoço e outras despesas”, conta.

Evolução

Kethelen Azevedo destacou que o desempenho do time nesses últimos anos é surpreendente

Segundo a treinadora Kethelen Azevedo o desempenho do time nesses últimos anos é surpreendente, devido aos títulos conquistados e campeonatos disputados. “Temos uma preparação bem firme e forte para os campeonatos. E a agora esperamos que os responsáveis pelo futebol na cidade tomem partido e organizem uma competição federada para a gente. Trabalhamos também para conseguir oferecer um salário às atletas, de modo que realmente possam sobreviver do futebol. Elas são guerreiras mesmo, não recebem pagamento, mas jogam por amor à camisa e pelo esporte”, destaca.

Em relação ao preconceito, a treinadora admite que sempre vai existir, isso em qualquer categoria que envolva mulher, porém, ela percebe que, ao longo do tempo, isso vem melhorando. “A mulher brigou em tudo na vida, pelo emprego, voto nas eleições e outros direitos, então não seria diferente no futebol. Mas por outro lado, vejo uma melhora muito significativa. Na minha época minha mãe não deixava eu jogar bola, hoje muitos pais permitem. Então acredito que para com acabar com o preconceito, precisa começar em casa, junto com a visibilidade, que ajuda bastante na divulgação do nosso trabalho”, pontua.

Tiago Araújo

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