Especialista reforça importância da amamentação

Um estudo desenvolvido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) a pedido da Organização Mundial da Saúde (OMS) concluiu que o aleitamento materno poderia ter salvado a vida de 823 mil crianças com idade abaixo dos cinco anos. A pesquisa levou em consideração dados de 153 países, avaliados no período de 1995 a 2014. O levantamento também revela que 20 mil mortes por câncer de mama não aconteceriam nesse intervalo, caso as mães tivessem dado de mamar aos seus filhos.

Amamentar é um ato de amor. É também um momento especial para a mãe e o bebê, proporcionando o fortalecimento do laço afetivo entre os dois. Apesar de os especialistas afirmarem que o aleitamento materno supre as necessidades da criança durante os primeiros anos de vidas, dúvidas sobre esse precioso momento aparecem, principalmente, àquelas originadas do senso comum. Mas, para desmistificar esses mitos, a reportagem do Diário regional conversou com a pediatra Márcia Mizrahy.

Segundo ela, a amamentação deve ocorrer ainda nas primeiras horas que o bebê nasce. Um dos benefícios do leite materno, conforme Márcia é o fortalecimento do sistema imunológico. “Diminui o risco de infecções respiratórias e gástricas, melhora a imunidade e a resposta a qualquer doença. Estimula o crescimento, a inteligência, o desenvolvimento da fala e da mastigação. São inúmeros os benefícios. Inclusive, se a mãe estiver com alguma doença ou infecção e amamentar até as primeiras 48 horas após o parto, ela produzirá anticorpos, que serão repassados ao bebê e impede a propagação da doença”, explica ela, afirmando ainda que o aleitamento materno combinado com alimentação saudável previne que a criança desenvolva obesidade, diabetes e hipertensão na infância.

A ação traz benefícios não só para as crianças, mas também para a saúde das mães. “Amamentar por um período mínimo de seis meses reduz a chance de desenvolver câncer de mama e de ovário”, afirma Márcia, explicando que durante a amamentação há uma redução dos hormônios estrogênio e progesterona. Essa queda, segundo ela, protege a mãe, uma vez que os tumores hormônios-dependentes. “Além disso, elas retornam ao peso anterior à gestação de forma mais rápida, já que consomem menos calorias enquanto amamentam”, diz.

QUAIS OS ALIMENTOS RECOMENDADOS?

Ainda, de acordo com a pediatra, a mulher que amamenta precisa adotar uma dieta que atenda às necessidades nutricionais exigidas no período. “A primeira coisa é beber de três a quatro litros de água por dia. Comer frutas, mamão, laranja, alimentando-se de forma variada e saudável, também com carnes, legumes, verduras, arroz, feijão, ovos, tudo, de forma balanceada, seguindo as orientações médicas”, comenta.

Alimentos que provocam gases, como água com gás, refrigerantes e chocolates devem ser evitadas. “São alimentos que podem provocar reações em quaisquer fases da vida. Mas, especialmente nesta ocasião, precisam ser evitados. Quanto mais saudável for a alimentação da mãe, melhor vai ser o desenvolvimento do bebê”, afirma.

Durante os seis primeiros meses, Márcia ressalta que o aleitamento materno é suficiente. “Os bebês amamentados são mais saudáveis e não precisam de chupetas, mamadeiras, chás, água, ou nenhum suprimento alimentar no decorrer desse período”, diz.

EXISTE LEITE FRACO?

Conforme a especialista, o leite materno é produzido de acordo com as necessidades da criança. “O leite da mãe é sempre igual e é a melhor opção para alimentar. Não existe essa história de leite fraco. A recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e do Ministério da Saúde é que a amamentação aconteça nos seis primeiros meses de vida e se estenda até os dois anos de idade”, conclui Márcia.

BANCO DE LEITE PRECISA DE DOADORES

A Coordenadora do Banco de Leite Humano de Juiz de Fora, Bernadete Monteiro Oliveira afirma que os estoques estão abaixo do indicado para suprir a demanda de consumo de recém-nascidos e prematuros nas unidades de Terapia Intensiva (UTI). A iniciativa, que atende a 60 crianças todo mês, conta um cadastro de aproximadamente 50 mulheres para doação.

As mães que quiserem doar devem entrar em contato pelo telefone (32) 3690-7436, e levar no dia uma cópia do cartão pré-natal. A coleta do leite pode ser feita diretamente em casa, e, caso haja alguma dificuldade, pode ser solicitada a visita de uma equipe, para ajudar na coleta. “As mães não precisam nem sair de casa. A única exigência é que elas estejam saudáveis e amamentando. A gente sempre fala que quanto mais leite a mãe retira, mais ela vai produzir e não vai faltar para o bebe dela. A cada litro, podemos salvar a vida de 10 crianças. São bebes de Juiz de Fora e região”, lembra Bernadete.

O Banco de Leite fica na Rua São Sebastião, 772, no Centro de Juiz de Fora. As cidades de Barbacena, Barroso, São João Del Rei, Leopoldina e São João Nepomuceno, também são beneficiadas pelo projeto.

Postado originalmente por: Diario Regional – Juiz de Fora

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