PC prende homem suspeito de abusar do próprio filho de quatro anos

A Polícia Civil (PC) prendeu na manhã desta terça-feira, 3, um homem de 65 anos, suspeito de ter abusado do próprio filho, de quatro anos. O indivíduo foi localizado em sua residência no bairro Barreira do Triunfo, na zona Norte da cidade.

De acordo com delegado Rafael Gomes, responsável pela 3ª Delegacia, as investigações duraram um mês. “No dia cinco de março fomos procurados pela então esposa do suspeito relatando que em data pretérita, o seu filho de 11 anos havia lhe relatado que o filho menor, de quatro anos estaria sofrendo abuso sexual por parte do pai. Desde então instauramos o inquérito policial, fizemos a oitiva da mãe, dos irmãos e fizemos a oitiva da criança de quatro anos. Tudo com muita cautela, muito zelo, por se tratar de uma situação muito delicada envolvendo família” esclareceu.

A criança foi encaminhada para o Hospital de Pronto Socorro (HPS) onde relatou para médicos e enfermeiras que seu pai estaria manipulando seu órgão genital e apalpando suas partes íntimas. O laudo médico obtido após os exames realizados no HPS foi anexado ao inquérito policial.

Na residência onde o suspeito foi preso, moravam ele a esposa e três filhos. Sendo que apenas a criança de quatro anos era filho de sangue do acusado.

Segundo Gomes “durante os depoimentos recolhidos todos foram categóricos em afirmar e confirmar os abusos, além de dizerem que o pai era muito apegado a criança. Outro ponto relatado é que somente o pai dormia com o filho de quatro anos e ninguém mais poderia dormir. Também indicaram alguns comportamentos que levaram a suspeita da criança estar sofrendo o abuso”.
A criança não foi ouvida na delegacia. Uma equipe de psicólogos conversou com ela, que mais uma vez, confirmou os abusos sofridos. Também foi anexada aos autos da investigação, uma gravação realizada pela própria mãe da criança, onde ela confirma os abusos sofridos por parte do pai.

O delegado explica que o crime é de difícil elucidação e que é necessário atuar com cautela e zelo. “É uma situação muito delicada por envolver uma criança de apenas quatro anos. Entretanto, o comportamento do suspeito, aliado aos depoimentos das testemunhas, às provas que nós temos nos autos, bem como a transcrição da gravação realizada pela própria mãe, são contundentes em apontar que realmente essa criança vinha sofrendo abusos por parte do genitor” reforçou.

Segundo relato da mãe e dos irmãos, não se pode precisar durante quanto tempo a criança poderia estar sofrendo abuso, uma vez que a mesma fez a queixa apenas no início de março e disse que a situação já teria ocorrido outras vezes.

A Polícia Civil realizou levantamentos da vida pregressa do suspeito, e apurou que no ano de 2010, foi registrado, pela então esposa, um boletim de abuso praticado pelo mesmo indivíduo. Na época, a mulher relatou que presenciou o marido apalpando as partes íntimas do filho de sete anos. A vítima no caso era enteado do homem, e hoje, com 11 anos, relatou os abusos do suspeito contra seu meio-irmão, vítima do caso atual.

Naquela ocasião, a mãe deixou a residência do casal. Entretanto, o suspeito negou as acusações, a mulher voltou para casa, não deu prosseguimento com a queixa e não procurou a polícia.

No caso atual, após descobrir os fatos, a mulher brigou e discutiu com o ex-marido. Ela deixou a residência do casal, com os três filhos e se refugiou na casa de parentes.

O delegado esclareceu que durante a apuração dos fatos nenhum indício levou a crer que a mulher poderia estar fazendo a acusação a fim de prejudicar o ex-marido, como algum tipo de vingança ou revanche. “Caso a gente apurasse que mulher e o marido tivessem brigado por diversos motivos, que tinham desentendimentos e então ela tivesse deixado a residência, poderíamos suspeitar de uma denúncia a fim de prejudicar o pai das crianças. Entretanto, não foi este o caso. Abriga entre o casal se deu única e exclusivamente pelo fato da mãe ter descoberto os abusos contra o filho. O próprio suspeito, em depoimento, alega que a relação com a ex-espora era boa e que não tinha qualquer problema”.

Com base de todo acervo probatório, a PC solicitou a prisão temporária do indivíduo. Por se tratar de um crime hediondo, essa prisão é elevada por trinta dias, podendo ser ampliada por mais trinta dias.

NOVAS INVESTIGAÇÕES

Na próxima etapa das investigações, será realizado um novo levantamento da vida pregressa do suspeito no bairro Barreira do Triunfo, uma vez que ele trabalhou durante 19 anos prestando serviços gerais num campo de futebol na região. No local frequentavam crianças de cinco anos até adolescentes de 17 anos. O objetivo será averiguar se existe mais algum caso de abusos envolvendo o suspeito.

Gomes frisou que a natureza do crime é de difícil elucidação quando não deixam vestígios. Segundo ele, “nestes casos, como o próprio código de processo penal explica, uma prova testemunhal pode suprir a prova pericial”.

Em depoimento e durante a coletiva onde foi apresentado, o homem negou todas as acusações. Ele afirma que apenas tocou a criança quando ela ia ao banheiro para higienização e para tomar banho. Alegou ainda que o filho só podia dormir com ele, por conta do carinho que dava para a criança e pela mãe nunca estar em casa. Ele acusou a esposa de “dormir o dia inteiro e de a noite sair para consumir drogas”.

De acordo com Gomes, a mãe de fato tem um histórico de uso de drogas, entretanto, trata-se de um fato pretérito.

Durante a ação para prender o suspeito, nenhum material suspeito foi encontrado dentro da residência.

Postado originalmente por: Diario Regional – Juiz de Fora

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