Vinte e seis pessoas são presas por participação em esquema de entrada de celulares e drogas em penitenciária

A Polícia Civil, por meio da Delegacia Especializada de Antidrogas, em parceria com a Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap/MG) desmantelou um esquema de entrada de celulares e drogas na Penitenciária Ariosvaldo Campos Pires.

Conforme o delegado titular da Delegacia Especializada de Antidrogas, Rogério Woayme, as investigações do caso duraram cerca de cinco meses e o que contribuiu para o sucesso da ação foram as interceptações de ligações entre detentos e um homem de 30 anos, que era responsável por encaminhar o material para a unidade prisional. Nessa quarta-feira, 7, a equipe da Delegacia apresentou à imprensa o resultado das investigações. “Foram 28 autores conduzidos [à Delegacia], entre mandados de prisão e presos em flagrante. Também realizamos diversas buscas nas duas celas alvo da investigação, onde foi apreendida maior parte do material apresentado”, relatou Woayme. Foram apreendidos 34 celulares, uma porção de maconha, carregadores e uma máquina para tatuagem caseira, feita com uma caneta e uma máquina de cortar cabelo. “A investigação demonstrou que a única fonte de entrada de drogas e celulares na penitenciária era esse investigado. Houve tentativa de uma outra pessoa, mas [ela] não conseguiu”, completou. Segundo o delegado, o preço de um celular na unidade prisional seria R$1.500 e uma porção de uma grama de maconha poderia chegar a R$100 dependendo da procura.

O homem de 30 anos foi preso na noite dessa terça-feira, 6, e com ele só foi encontrado dinheiro. “O dinheiro – mais de R$2 mil – ele alega que é o salário que recebeu. Com ele e na residência onde ele morava foram realizadas buscas e não foi encontrado nada de ilícito”, disse o delegado. “Em diversas ligações, ele afirmava para a outra pessoa ficar tranquila, pois não deixava nada em casa, mas que poderia ir lá que ele iria ‘picar’ a maconha”, completou o delegado. De acordo com Woayme, nos telefonemas, o homem também afirmava que “estava colocando as drogas e os celulares para dentro da penitenciária”.

O investigado também foi agente penitenciário em uma unidade de outra cidade da região e o delegado afirmou que, durante apuração, não foi constatado que ele não tinha conhecimento da rotina da penitenciária e que não há a participação de um funcionário da Ariosvaldo Campos Pires. “Os detentos que eram responsáveis pela dinâmica da ação na cadeia”, disse.

O trabalho conjunto da corporação com a Secretaria se deu através de trocas de informação. “Cruzamos as informações da Seap de dentro da cadeia com a que a gente pegou na interceptação. Algumas ações de apreensões de drogas e celulares realizadas pelos agentes em datas anteriores comprovaram os dias que foram realizadas as entregas dos materiais”, afirmou o delegado.

 

 

O ESQUEMA

A investigação apontou que duas pessoas, o autor de 30 anos e um comparsa que está foragido, eram os responsáveis pela entrada do material e cinco detentos eram os principais receptores. “[O conluio] era composto por diversos presos. Eles dividiam as funções. Inclusive, faziam ligação de videoconferência entre o investigado do lado de fora, um detento na cela que iria receber os materiais e outro preso em outra cela, que observava a movimentação dos guardas. Os demais prisioneiros ficavam em cantos diferentes da cela para facilitar a visualização dos agentes”, explicou o delegado. “Todos os presos das duas celas nas quais foram encontrados os materiais estão presos em flagrante porque participavam de forma ativa no esquema. Além do uso dos celulares, certamente havia um comércio interno e até o próprio pagamento da função de ‘auxiliares’ era quitado com o próprio entorpecente”, acrescentou.

Os presidiários principais da ação faziam a encomenda das drogas e celulares para o autor, que estava do lado de fora, e também eram responsáveis por entregar o material aos devidos “destinatários”. “Além de identificar esses presos, durante as interceptações, ouvimos o autor [de 30 anos] informar que estava mandando a droga do preso X, o celular do Y, etc”, afirmou Woayme. Ao todo, 25 presos estavam envolvidos no conchavo e, segundo o delegado, as diligências ainda continuam à procura do suspeito foragido, que possui um mandado de prisão expedido.

A ação do grupo ocorria durante a madrugada. “A dupla, do lado de fora, jogava uma pedra amarrada em uma linha para dentro da penitenciária. Os detentos, através de uma janela de ventilação, jogavam um anzol caseiro, feito com marmita de metal, para ‘fisgar’ a pedra. Assim, as linhas se tornavam uma espécie de tirolesa e por ela era passados o material para dentro da cela”, esclareceu o delegado. A carga era sempre enviada para mesma cela, mas as investigações apontaram o envolvimento dos detentos do outro compartimento. “Mesmo que os agentes às vezes interceptavam e cortavam a linha, não foi possível prender ninguém porque é uma área grande com matagal”.

Conforme Woayme, a dupla enrolava uma meia na pedra para que não fizesse barulho quando caísse no chão. Uma pedra enrolada em uma linha preta foi encontrada no ponto do terreno utilizado por eles para fazer a entrega. Apesar de não encontrar nenhum material ilícito na residência do homem de 30 anos, os policiais encontraram carretéis de linha similar ao da pedra. “O caso foi encerrado, já que o esquema foi desmantelado. Agora, iremos concluir o inquérito para o encaminhamento a Justiça”, ressaltou.

 

OUTROS ENVOLVIDOS

As interceptações telefônicas também apontaram o envolvimento de dois jovens em outros crimes, mas relacionados ao investigado de 30 anos. Uma jovem de 18 anos foi detida, pois teria guardado entorpecentes em sua casa para o autor. Já o homem de 19 anos foi preso por ter comprado 1kg de maconha e uma arma de fogo do investigado.

Postado originalmente por: Diario Regional – Juiz de Fora

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