‘Falas Negras’: Tatiana Tiburcio emociona com atuação e revela preparação para representar tragédia

A atriz parou o Brasil ao representar a doméstica Mirtes Santana, que perdeu o filho Miguel após ele cair do 9º andar

No último dia 20, a Globo transmitiu em sua programação o ‘Especial Falas Negras’, em homenagem ao ‘Dia da Consciência Negra’. A atriz Tatiana Tiburcio parou a noite com sua brilhante atuação.

Com 20 anos de carreira, sendo 15 dedicados à TV, a atriz, que também é diretora e professora de interpretação, emocionou o Brasil com sua veracidade em cena.

Aos 43 anos, Tatiana reviveu a tragédia da doméstica Mirtes Santana, que perdeu o filho Miguel, de apenas 5 anos, após ele cair do 9º andar do edifício Píer Maurício de Nessau, em Recife, devido a negligência de Sarí Gaspar Côrte Real.

Em entrevista para ‘O Fuxico’, a artista afirmou que precisou encontrar dores em comum. “Para conseguir construir, eu tive que achar um ponto de interseção entre as nossas dores.”

Além de uma bela atuação, Tatiana ainda preparou o elenco. “Eu tinha uma galera impressionante nas mãos”, contou.

Durante o bate-papo, ela também contou como construiu o personagem. “Foi dolorido, porém, o curioso é que eu acabei colocando em um lugar distanciado da dor, por mais contraditório que pareça. Para conseguir construir, eu tive que achar um ponto de interseção entre as nossas dores. Toda mãe tem medo de perder seu filho, seja em um acidente, doença, fatalidade… A mãe negra também tem todos esses medos. Mas ela também tem medo de perder o filho para o racismo”, disse

Por fim, a atriz comentou sobre a morte de Miguel e revelou sentir como se tivesse perdido um filho. “Quando aconteceu [a tragédia] com o Miguelzinho, eu não senti como se tivesse perdido o meu filho, o meu João. Eu senti como se o Miguel fosse o meu filho! E de alguma maneira, ele também era meu filho, essa dor também é minha, pelo que ela significa, dentro de um contexto social. Da forma como somos desenhados, vistos. Os problemas que são agregados a esses signos que carregamos. É nesse lugar que essa dor reside. Há um distanciamento do indivíduo e uma aproximação do coletivo. É a dor dessa mulher negra, brasileira, a partir da forma que somos invisibilizados.”

Vale lembrar que ‘Falas Negras’ é de autoria da dramaturga Manuela Dias com direção de Lázaro Ramos. A obra contou com a atuação de outros 21 atores que viveram personalidades de diferentes épocas, militantes contra o preconceito racial.

 

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