Um estudo realizado por brasileiros apontou que o vírus da Zika pode não ter sido o único causador dos casos de microcefalia no Brasil a partir de 2015. Os cientistas apontaram que más-formações congênitas, observadas principalmente no Nordeste, podem ter sido agravadas por bactéria presente na água.
A pesquisa realizada pelo Instituto D’Or, Fiocruz e pelas Universidades Federais do Rio de Janeiro e Rural de Pernambuco, comprovou que a saxitoxina, toxina liberada por bactéria encontrada em reservatórios de água, é capaz de acelerar a morte de células neuronais que são expostas à infecção pelo Zika.
O caso foi observado pelos pesquisadores em experimentos realizados em camundogas grávidas e em minicérebros humanos. Nos dois casos, a presença da saxitoxina associada ao Zika acelerou em mais de duas vezes a destruição de células do cérebro.
O estudo ainda mostrou que os cientistas também descobriram que a prevalência da cianobactéria Raphidiopsis raciborskii e da toxina produzida por ela era significativamente maior nos reservatórios de água do Nordeste do que em outras regiões.
A descoberta ajuda a explicar por que o Estados nordestinos foram os mais afetados pela a doença. Dos casos registrados entre 2015 e 2016, 63% aconteceram no Nordeste.
No entanto, o Ministério da Saúde destacou que ainda não se pode dizer que a relação entre a toxina, Zika e microcefalia observada nos camundongos tenha efeito em humanos, porém disse que os achados científicos são importantes para a próxima fase da pesquisa que vai analisar essa correlação com a água.
(com supervisão de Victor Veloso)