Índice de suicídio é maior que homicídio

A cada 40 segundos, alguém em qualquer parte do mundo interrompe a própria vida. Este foi o levantamento divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o qual aponta também que os casos registrados de suicídio são maiores que os de homicídio e de mortes em guerras. Dessa forma, este mês é dedicado inteiramente à campanha “Setembro Amarelo”, que tem como objetivo proporcionar um maior diálogo a respeito de um tema sério e que, infelizmente, ainda é um tabu na sociedade. Assim várias atividades de conscientização e prevenção acontecem no dia maior da campanha, na próxima segunda-feira, 10.

Centro de Valorização da Vida é o embaixador da campanha- Foto CVV - Divulgação

Centro de Valorização da Vida é o embaixador da campanha- Foto: CVV / Divulgação

Infelizmente, o município não foge aos dados estatísticos de suicídio. Na última semana, por exemplo, em um intervalo de quatro dias, foram registradas duas tentativas. Dessa forma, na próxima segunda-feira, as Secretarias de Saúde de Minas Gerais e de São João del-Rei realizam uma manhã voltada para o tema. A partir das 8h, na Praça do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, ocorre uma apresentação da banda municipal, em seguida serão feitas palestras sobre a importância do diálogo na prevenção ao suicídio. A programação segue até às 11h e conta ainda com aulas de yoga, dança, atividades voltadas para as crianças e programações especiais feitas por escolas e entidades da cidade.

Agravamento da situação
Para o psicanalista, João Batista Rodrigues, é justamente por ainda ser um tema de difícil compreensão que a maioria dos casos não podem ser evitados. “O tema envolve uma série de mitos que contribui para o isolamento e para a falta de diálogo a respeito, o que não ajuda na prevenção. Apesar de ser complexo, nós não podemos deixar de falar, daí surge a ideia principal do Setembro Amarelo, para estarmos falando abertamente sobre, assim como orientando as famílias e pessoas próximas”, destaca.

Em 2017, o Ministério da Saúde divulgou pela primeira vez dados em relação ao suicídio no Brasil, os quais revelam estimativas preocupantes: em um valor total, entre os anos de 2011 e 2016, 62.804 pessoas tiraram suas próprias vidas no país; e as preocupações aumentam cada vez mais, no mesmo estudo foi apontado como vulneráveis a tal situação, jovens e idosos de 70 anos ou mais. “O Brasil é o quarto país em que os índices de suicídio entre os jovens são maiores. E isso ocorre, porque nessa faixa etária é tudo muito intenso, inclusive as frustrações e as instabilidades emocionais. Sem falar que a internet proporciona um maior acesso a sites que incentivam e até mesmo ensinam a cometer o suicídio, o que prende a atenção do jovem. Já os idosos estão relacionados a uma maior melancolia e sensação de abandono presente nessa idade”. O psicanalista, entretanto, afirma que a ânsia de querer cometer o suicídio pode ocorrer em qualquer fase da vida e não somente nas duas mencionadas, e por vários motivos.

Falar é preciso
Para reverter os números alarmantes, acima de tudo, é preciso falar sobre a situação. A sociedade acredita que ao falar abertamente sobre o suicídio poderia estimular mais ainda as pessoas. O psicanalista, João Batista Rodrigues, explica que é preciso sim procurar uma ajuda e divulgar os meios de prevenção. “A verdade é que falar sobre o assunto é a maneira mais adequada e correta de desmitificar esses tabus”.

Dessa forma, o psicanalista afirma que é preciso estar atento aos sinais de que as pessoas vão dando ao longo de vários dias. “Se a pessoa passa a comentar com frequência que ‘quer desaparecer’, ‘dormir por um longo tempo’ ou ainda que fique falando que ‘sumirá da vida das pessoas’ entre outras frases do tipo nós chamamos de fantasias de evasão e são sinais de alertas de que a pessoa está precisando de ajuda. E a família tem um papel fundamental nessa hora para realizar um diálogo aberto e franco, sem a necessidade de críticas”, Rodrigues ainda informa que no quadro de pessoas depressivas, cuja a melhora acontece de forma rápida e inesperada, a atenção deve ser redobrada.

Além disso, a ONG Centro de Valorização da Vida disponibiliza um chat em seu site, www.cvv.org.br e o telefone 188 para que pessoas que precisem de ajudam possam conversar sobre o assunto.

Postado originalmente por: Gazeta de São João del Rei

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pesquisar