Fundador da Ricardo Eletro é preso por não repassar R$ 400 milhões em impostos aos cofres de MG

O fundador e ex-acionista da Ricardo Eletro, Ricardo Nunes, foi preso na manhã desta quarta-feira (8) em São Paulo durante operação que investiga crimes de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro. De acordo com investigações, R$ 400 milhões em impostos não foram repassados aos cofres do Estado de Minas Gerais.

A operação “Direto com o Dono” foi realizada pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), o Ministério Público do Estado e a Secretária de Estado de Fazenda (SEF).

A força-tarefa teve como objetivo o cumprimento de três mandados de prisão temporária e 14 de busca e apreensão nos municípios de Belo Horizonte, Contagem e Nova Lima, na região Metropolitana da capital, e São Paulo e Santo André.

O dono da empresa foi preso em São Paulo e, a filha dele, em Belo Horizonte. Um terceiro investigado não foi localizado e é considerado foragido.

Durante a operação, o segurança de uma das casas onde foi cumprido mandado de busca acabou sendo preso e encaminhado à delegacia por dificultar a entrada dos agentes no local. Ele irá responder pelo crime de desobediência.

Por solicitação da Polícia Civil, a Justiça determinou o sequestro de R$ 60 milhões em bens imóveis do empresário, com o objetivo de ressarcir o erário.

Em nota, a Ricardo Eletro esclareceu que Ricardo não é mais acionista da empresa desde o ano passado. “A operação realizada hoje faz parte de processos anteriores a gestão atual da companhia e dizem respeito a supostos atos praticados por Ricardo Nunes e familiares, não tendo ligação com a companhia.”

Reprodução/Polícia Civil

Investigação

As investigações iniciaram em 2018, por meio de inquérito policial, e ganharam força após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), em novembro de 2019, que definiu como crime a apropriação indébita tributária.

Atualmente, a empresa alvo da força-tarefa está em situação de recuperação extrajudicial. Porém, o principal dono da empresa dispõe de patrimônio composto por dezenas de imóveis e participação em shoppings na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Esses imóveis e investimentos estão registrados em nome de parentes do empresário.

Ainda de acordo com as investigações, o crescimento do patrimônio individual do principal sócio da empresa, no período em que os crimes tributários foram cometidos, aponta para o crime de lavagem de dinheiro.

A expectativa é de que os presos nessa operação prestem depoimento ainda essa semana. Outros suspeitos e demais testemunhas também serão ouvidos no decorrer das investigações. Documentos recolhidos serão encaminhados à Secretaria de Estado de Fazenda, que tem um prazo de 30 dias para emitir relatório preliminar e 180 para envio do relatório definitivo.

Ação conjunta

Desde a decisão do STF, a Secretaria de Estado de Fazenda vem realizando um trabalho detalhado sobre os repasses dessas tributações e encaminhado casos com suspeitas de irregularidades ao Ministério Público e à Polícia Civil para a devida investigação criminal.

A operação “Direto com o Dono” é a primeira ação conjunta, em Minas Gerais, após decisão do STF. A operação contou com a participação de 59 policiais civis, 60 auditores fiscais da Receita Estadual e três promotores de Justiça.

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