Um dia assentado junto ao sofá do Vô Cachico ele me disse algo que há poucos dias foi ativado na minha memória. E não é que ele tinha razão!
A casa era simples, perto de um bambuzal, com uma bica de água ao fundo. Ela era pintada de amarelo com uma porta estreita e uma janelinha na sala, duas janelas laterais que ficavam nos quartos da frente. O terreiro da casa de chão batido, varrido dia a dia e mantido sem mato pelas galinhas que circulavam sem medo algum. Na sala um sofá de couro, daqueles para quatro pessoas e duas poltronas individuais, uma ou duas cadeiras e um banquinho de madeira para duas pessoas com três pés em cada uma das pontas.
Eu me assentava junto ao meu tataravô e ouvia as histórias da Bíblia. Não me lembro de que narrativa ele falava. Mas ele falava muito sobre Davi, Daniel, Sansão, Salomão e outros personagens. Sempre ao final contava como era o cuidado de Deus sobre a vida de cada um deles. Naquele dia ele me disse com sua voz tremula característica da avançada idade: “Olha Rodrigo, um dia teremos o mundo na palma das mãos”.
Não sei se era o que ele imaginava. Mas realmente o Vô Cachico tinha total razão. Hoje temos o mundo nas palmas das mãos. As informações chegam quase que instantaneamente. Somos filmados o tempo todo, recebemos mensagens, fazemos vídeo conferências, vídeo chamadas, conexão total com o mundo. Tudo na telinha dos dispositivos móveis.
Para Paulo o envio de informações e seu retorno eram demorados. Por isso, eram necessárias que as informações contidas nas cartas fossem claras precisas e bem elaboradas. Não poderiam conter erros, ou duplo sentido, pois a solução de determinadas demandas poderia ser prejudicada se não fosse assim. Uma falha que precisasse de repreensão deveria ser feita de forma eficiente. Um elogio, ou uma ênfase a manutenção da persistência também deveria ser bem clara e precisa.
A demora na comunicação obrigava as pessoas a ter clareza e precisão nos escritos. Hoje mesmo com o mundo em nossas mãos muito erramos em comunicar. Pois, a pressa nos leva a escrever errado, a comunicar com falhas de pensamento, ou mesmo respondermos ou enviarmos a outras pessoas algo que não era para ela.
Pense comigo, mesmo com a facilidade de transmissão de informações é necessário que nossas palavras, voz e gestos sejam precisos. Uma fala errônea pode comprometer inclusive a vida de uma pessoa. Ter o mundo em suas mãos acarreta uma responsabilidade tremenda em enviar e receber mensagens que preencham o coração e tragam paz, alegria, consolo, conforto, exortações e esperança reais. Use o que você tem em suas mãos para edificar vidas, transformar pessoas e não o contrário.
Um grande e forte abraço!
Nos eternos laços do amor de Cristo.
Rodrigo Fonseca Andrade
Um servo que tenta usar o mundo em minhas mãos de uma forma adequada.
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