Eu tenho uma convicção, a de que pessoas mais simples entendem e compreendem mais o amor e o sofrimento humano do que pessoas com alto nível social.
Há alguns ano atrás passei na igreja onde estava auxiliando o filme “A Paixão de Cristo” de Mel Gibson. Após a exibição veio até a mim o irmão “Toniquinho” um senhorzinho trabalhador, coletor de recicláveis, de coração simples e sorriso espontâneo nos lábios. Era um homem honrado, de cor negra, descendente direto de escravo liberto da escravidão, que ouvira dos pais como era pesado o castigo investido sobre seus lombos.
Chegou a mim com os olhos em lágrimas, apertou minhas mãos e disse com a voz trêmula a soluçar: “como alguém pode negar um amor tão grande”?
Sim, o peso das chicotadas e dos ferimentos causados em Cristo Jesus tiveram um peso maior para aquele que sabia qual o sofrimento dos lombos dilacerados. Eu sempre me questionei, porque “Sexta-feira Santa da Paixão de Cristo”? Se paixão é um sentimento avassalador, turbulento, sofredor, irracional. Enquanto amor é o mais belo sentimento humano, cativante, estável, sereno, penetrante, dedicado, decidido, controlável e racional.
Por que não chamamos de “Sexta-feira do Amor de Cristo”, se Jesus voluntariamente entregou sua vida por nós miseráveis pecadores que não podem conquistar os céus por merecimento próprio? A origem da palavra paixão é latina e significa sofrimento. Então na sexta-feira celebra-se o sofrimento de Cristo o bom mestre por mim e por você no Palácio, no Sinédrio, no caminho, no Calvário, e na Cruz. Tudo feito por amor. Um amor inegável e inimaginável.
Pense nisso, pois Cristo por você suportou os cravos e não os cravos suportaram seu corpo.
Um grande abraço.
Nos verdadeiros e grandiosos laços do amor de Cristo.
Rodrigo Fonseca Andrade
Um servo que reconheceu no sofrimento de Cristo o peso dos cravos.
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