Vereadora Janete desabafa e fala da mudança de posicionamento de vereadores

“Não consigo compactuar com quem muda posicionamento só para aparecer na imprensa”, diz Vereadora Janete sobre redução salarial

A Câmara Municipal de Divinópolis continua com debates extremamente acirrados entre os vereadores. Mesmo como a paralisação das atividades presenciais devido à pandemia do novo Coronavirus, dezenas de reuniões entre vereadores e comissões especiais vêm sendo realizadas neste período.

Na semana passada, um projeto encaminhado pela mesa diretora da Câmara – composta por Rodrigo Kaboja (PSD), Ademir Silva (PSD), Renato Ferreira (PSDB) e Nego do Buriti (Patriota) – gerou grande discussão na cidade, uma vez que se tratava de uma drástica redução no salário dos vereadores. De acordo com o projeto, os vencimentos passariam para R$1.045,00, valor referente a um salário mínimo.

A proposta dividiu opiniões, e muitas críticas foram feitas ao projeto, classificado por muitos como populista. Na última quinta-feira(23), durante a quarta reunião extraordinária do ano, com a presença de 16 dos 17 vereadores (Dr Delano (MDB) estava de licença médica), a proposta foi colocada em pauta para discussão e votação dos edis.

A vereadora Janete Aparecida (PSD) foi autora de uma emenda no projeto, que visava a diminuição de 25% nos salários, mas que envolvesse, além dos vereadores, todo o corpo diretivo da Prefeitura Municipal (Prefeito, Vice-Prefeito, Secretários e cargos comissionados) e também de diversos cargos da Câmara Municipal (alguns com redução de 20%).
“É uma proposta de razoabilidade, sem populismo, e que apresentei com embasamento e estudos. Além disso, a proposta é para que a redução comece a valer já no próximo mês, e não para a próxima legislatura, como quer a mesa diretora, sem nem saber se algum de nós estaremos aqui. Precisamos cortar do nosso bolso, por coerência e transparência”.

VOTAÇÃO

A reunião extraordinária foi convocada pela presidência da Câmara especialmente para a votação do projeto, mas não foi o que ocorreu. Depois de longa discussão no plenário, os vereadores Edsom Sousa (CDN) e César Tarzan (PSDB) pediram sobrestamento de até 60 dias do projeto, para que a proposta fosse melhor discutida entre os vereadores e com entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Os pedidos, no entanto, foram prontamente rejeitados pelo presidente Rodrigo Kaboja.

Autora da proposta, Janete disparou contra a proposta da mesa diretora. “É um convite para a corrupção, para as chamadas “rachadinhas”. E sabemos que isso vai acontecer se reduzir para um salário mínimo. Se eu tivesse provas, seria a primeira a trazer à tona, mas todos aqui sabem que isso vai acontecer. Não podemos ser irresponsáveis a este ponto e colocar o futuro da cidade em xeque num momento tão delicado”, explicou.

TRAIÇÃO

Bastante elogiada pela maioria dos colegas vereadores por conta de seu discurso, Janete ainda expôs que foi ameaçada e durante ofendida nas redes sociais. “Quando me posicionei contra uma proposta tão populista, me chamaram de prostituta, de cadela, colocaram fotos minhas atacando a minha índole. Eu sou o que eu me conheço, e continuarei firme com meu posicionamento, como sempre fui”, disse Janete.

A emenda apresentada pela vereadora foi aprovada por 12 votos a 3. Apenas Mateus Costa (CDN), Roger Viegas (REPUBLICANOS) e Carlos Eduardo Magalhães (PRB), que foi empossado nesta quinta-feira após a renúncia do ex-vereador Sargento Elton (Patriota), foram contra a proposta de redução salarial por 25%.

César Tarzan afirmou que todos os demais vereadores foram traídos. “No plenarinho (espaço de reuniões fechadas entre vereadores) combinam uma coisa, se mostram a favor da proposta. Quando chega na reunião, na frente das câmeras, da imprensa e do público, votam contra, porque eles têm medo da pressão. Quem tem medo de pressão não pode ser vereador. Tenho certeza de que os quadrinhos estão prontos para irem para as redes sociais atacando os demais vereadores, dizendo que não estão do lado da população”, disparou o edil.

Janete disse respeitar a opinião de todos, desde que fosse feita com transparência. “O Carlos (Eduardo, recém empossado) já havia dito que votaria contra, por não concordar. Entendo e respeito. Foi coerente com o seu pensamento. Agora, quando se dá uma palavra, discute o projeto, não se apresenta nenhuma outra proposta e muda o posicionamento na frente da imprensa para aparecer, eu não concordo. Não consigo compactuar com isso. Não estamos brincando de ser vereador ou vereadora. Aqui é coisa séria, não tem espaço para joguinho político”, reforça Janete, que lembrou ainda que a proposta primária era de corte de 50%, também apresentada por ela, mas que, num consenso entre os vereadores, ficou definido que seria 25%. “Nós discutimos entre nós, como adultos e agentes políticos preocupados com a cidade, fora dos holofotes. Conversamos como vereadores, com a seriedade que essa função exige. Mas preferiram aparecer para a mídia jogando um compromisso por água abaixo”, conclui.

Após isso, mesmo com a rejeição da presidência, os vereadores optaram por não votar o projeto na quinta, adiando para a próxima reunião extraordinária.

NOVA DATA

O presidente Rodrigo Kaboja afirmou que pretende colocar o projeto em pauta novamente na próxima semana. “A emenda foi aprovada. É um fato. O projeto que será votado será nas condições da proposta da vereadora Janete, com redução de 25% para todos os agentes políticos, tanto da Câmara quanto da Prefeitura”, finaliza.

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