Violência dentro do Mineirão e do Independência cai 36,5%

O número de ocorrências policiais nas áreas internas dos estádios da capital caiu 36,5% no ano passado, na comparação com 2016. Somando-se os registros das duas praças esportivas, os incidentes diminuíram de 200 para 127, ao passo que a quantidade de partidas pouco variou (apenas quatro a menos em 2017).

Os dados são da Polícia Militar (PM), encaminhados pelas concessionárias Minas Arena, que administra o Mineirão, e Luarenas, do Independência. No Gigante da Pampulha, a média de ocorrências diminuiu de 2,29 para 1,64 fatos por jogo. No Horto, a média de registros por partida passou de 1,31, em 2016, para 0,87, em 2017. Em ambos os estádios, as ocorrências mais comuns se referem ao extravio de objetos pessoais, provocação de tumulto ou conduta inconveniente, desacato a autoridades, atrito verbal e uso ou consumo de drogas.

“Tivemos queda de cerca de 24% no total de ocorrências, o que nos faz crer que o plano de segurança e, a efetiva participação da PM e dos seguranças privados têm alcançado êxito na manutenção da ordem na arena”, avaliou Helber Gurgel, gerente de operações do Independência. “O Mineirão, por meio do setor de segurança, trabalha em conjunto com o poder público para garantir a segurança do torcedor dentro do complexo”, ressaltou a Minas Arena, em nota.

Externo. A pedido da reportagem, a Secretaria de Estado de Defesa Social e a Polícia Civil elaboraram, no fim do ano passado, um relatório sobre a quantidade de ocorrências gerais, que tem o Mineirão e o Independência como origem dos fatos. O levantamento é diferente dos números internos apresentados pelas concessionárias, já que considera o que aconteceu não só dentro, mas também nas imediações dos estádios, incluindo shows.

Nesse caso, o número absoluto dos dois estádios mostra um pequeno aumento, de quase quatro ocorrências por jogo, em 2016, para 4,54, no ano seguinte. A média foi puxada pela arena da Pampulha, já que, no Horto, o dado teve um decréscimo de 1,32 ocorrências por partida para 1,18.

“Tal fato é fruto das diversas modalidades de policiamento (motorizado, a pé, com cães, montado etc.) lançadas na área do estádio Independência e imediações, além do auxílio das câmeras de vídeomonitoramento que permitem à Polícia Militar oferecer à comunidade do bairro Horto um ambiente tranquilo e seguro”, explicou o 16º Batalhão, responsável pela área do Independência, em nota. No Mineirão, o número de ocorrências por jogo aumentou de 6,41, em 2016, para 8,12, no ano passado. (Com Bruno Trindade)

Mais pontos no entorno incentivaram registros de BOs

Segundo a Polícia Militar (PM), adotou-se no entorno do Mineirão, no ano passado, numa estratégia de atuação do 34º Batalhão, o aumento da quantidade de postos de registros de ocorrências, com o lançamento de policiamento específico nas imediações, o que proporcionou uma maior visibilidade (o torcedor vê o policial em ação) do público, facilitando os registros de delitos por fatos acontecidos no local.

“A cifra negra – fatos criminosos ocorridos que não são registrados pelas vítimas –, em função da estratégia adotada, tende a reduzir, vez que a vítima se vê num ambiente favorável à comunicação da notícia do crime”, explicou a PM, em nota. Assim, baseando-se em estatísticas das unidades policiais, o planejamento para jogos e shows é facilitado, proporcionando o lançamento de efetivo ideal às demandas apresentadas. Por esse motivo, a PM reitera e incentiva o registro de todo e qualquer fato criminoso ocorrido em qualquer região da cidade.

Eventos. Em 2017, o Mineirão recebeu 42 partidas, com público pagante que superou os 800 mil torcedores. O destaque foi a final da Copa do Brasil, entre Cruzeiro e Flamengo, que registrou 61.017 de público presente, quebrando o recorde do novo estádio que era de Brasil e Alemanha, na Copa de 2014. Na ocasião, o público divulgado pela Fifa foi de 58.141.

Além do futebol, o estádio foi palco de 94 eventos, entre shows, congressos, palestras e encontros corporativos, recebendo 607 mil pessoas. Uma a cada três datas do estádio no ano foram ocupadas com jogos ou eventos. As atrações musicais atraíram grande público, como nos casos do Festival Brasil Sertanejo e da gravação do Show da Virada, da TV Globo, além dos internacionais Aerosmith e Paul McCartney. Somando-se futebol e demais eventos, o Gigante da Pampulha recebeu quase 1,5 milhão de pessoas. Para 2018, a expectativa é que o número bata 2 milhões.

Gargalo longe

A quantidade maior de ocorrências na chegada do torcedor aos estádios na comparação com os registros interno só reforça que o gargalo da violência está longe das praças esportivas. “Geralmente, os problemas internos são muito pouco. A parte externa tem dado mais trabalho”, avaliou o tenente Assunção, na última quarta-feira, no Horto.

Trabalho conjunto

Os estádios da capital possuem delegacias, que atuam nos jogos, trabalhando em conjunto com autoridades do Poder Judiciário, Defensoria Pública e Ministério Público, podendo, inclusive, julgar casos de menor potencial ofensivo no local. Em dias de shows, o espaço integrado não funciona. A responsabilidade é do organizador do evento.

Estádio terá os três da capital em campo no mesmo dia

O dia 4 de março deste ano será marcante para a história do Independência. No mesmo dia, Atlético, Cruzeiro e América vão jogar no estádio pela nona rodada do Campeonato Mineiro. Pela manhã, às 11h, tem o clássico entre Galo e Raposa e, mais tarde, às 17h, o duelo entre América e Tombense.

A mudança do horário atendeu um pedido dos clubes e não atrapalhou a programação da emissora detentora dos direitos de transmissão, já que o clássico do primeiro turno do Mineiro nunca é transmitido em TV aberta. Na terça-feira anterior, dia 27 de fevereiro, o Cruzeiro joga na Argentina, contra o Racing, pela Libertadores. Na quarta, 28, a data está reservada para a terceira fase da Copa do Brasil, quando o Atlético pode estar presente.

A polícia também não fez objeção aos jogos no mesmo dia no estádio, já que, até o meio da tarde, atleticanos e cruzeirenses já deverão ter se dispersados da região, pouco coincidindo com a chegada dos americanos.

PELO BRASIL

13.2.2017. Torcedor do Botafogo foi morto por um flamenguista com um espeto de churrasco nas imediações do estádio Nilton Santos antes de um clássico.

19.2.2017. Um torcedor do Atlético-PR foi morto, vítima de um disparo de arma de fogo, antes do clássico contra o Coritiba, na capital paranaense. O tiro partiu da arma de um policial.

9.4.2017. Torcedor do Bahia é baleado e morre após duelo contra o rival Vitória, em Salvador. Outro torcedor saiu ferido, mas sobreviveu.

24.6.2017. Torcedor do Goiás levou um tiro na nuca e morreu a caminho do Serra Dourada, em Goiânia, para um clássico contra o Villa Nova. No estádio, houve briga de torcidas.

1.11.2017. Um torcedor flamenguista morreu após confronto de torcidas organizadas do Flamengo e do Vasco, no Rio de Janeiro.

13.12.2017. Cenas de selvageria marcaram a final da Copa Sul-Americana, entre Flamengo e Independiente-ARG, no Maracanã. Sem ingresso, torcedores invadiram o estádio.

NÚMEROS

2.650 policiais trabalharam na final do Mineiro de 2017, maior efetivo da história

104 episódios de violência no país foram registrados no ano passado

11 mortes ocorreram no Brasil segundo dados da Faculdade Universo

casos de morte eram investigados até o fim do ano passado 

 

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Fonte: JORNAL O TEMPO/THIAGO NOGUEIRA

 

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(Foto: Ilustrativa)

Postado originalmente por: Portal MPA

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