Covid: alta na taxa de transmissão acende temor de ‘segunda onda’ em BH

A taxa de transmissão da Covid-19 em Belo Horizonte alcançou 1,13 na segunda-feira (16). É o número mais alto desde o início de julho, mês que concentrou a maior alta de mortes pela doença na cidade, entretanto ainda é menor que o recorde municipal, que foi de 1,24, no final de maio. Em meados de julho, a taxa de ocupação dos leitos de UTI ultrapassava 80%, mas agora é de 31,8%, sob controle. Mesmo nesse cenário, alguns sinais deixam especialistas em alerta para o perigo de uma segunda onda da pandemia na capital.

“Temos visto tendência do aumento de casos e tivemos uma taxa em torno de 100 (novos) casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias. Antes, no final de outubro, havia uma tendência de queda e chegamos a 70, 80 casos por 100 mil habitantes. No auge, na semana tenebrosa de 15 de julho, tivemos em torno de 360 a 370”, pontua o infectologista Unaí Tupinambás, membro do comitê de enfrentamento à pandemia em BH.

Ele prefere não utilizar o termo “segunda onda” para se referir a uma nova alta de casos, pois tem dúvidas se uma primeira onda já teria passado. Atividades comerciais têm sido retomadas na cidade há pouco mais de três meses, e ainda não se notou um aumento explosivo na ocupação de leitos — pelo contrário, ela diminuiu, em relação ao início de agosto. Vale lembrar, contudo, que até 5 de agosto a conta era baseada apenas nos leitos do SUS e agora também considera a rede suplementar, com leitos privados.

Tupinambás pontua que o controle da ocupação não quer dizer que a cidade está em terreno estável. Na Europa, onde hoje países enfrentam nova escalada de internações, também houve meses de aparente normalidade antes da pandemia retomar a força, em outubro.

Os boletins de monitoramento da rede de esgoto da cidade, que avaliam amostras nos Ribeirões Arrudas e Onça, também têm soado o alarme: a edição mais recente, publicada na última semana, estimava cerca de 500 mil pessoas infectadas pelo coronavírus em BH. É um número menor do que no ápice de casos confirmados, em julho, quando a estimativa foi de 862,2 mil doentes, incluindo assintomáticos. Mas é um passo atrás no patamar mais baixo que se notava após o início de agosto. A primeira quinzena de outubro havia terminado com estimativa de pouco menos de 80 mil casos.

Questionada pela reportagem, a Secretaria Municipal de Saúde ressaltou que o Rt apresenta ciclos de aumento e redução nas últimas semanas e que “a quantidade cada vez menor de infectados faz com que as oscilações em pequenos números gerem maior impacto no indicador de transmissão”. A pasta também reforçou que uma taxa abaixo de 1,2 é considerada aceitável.

Em altas anteriores do Rt na cidade, o comitê de enfrentamento da pandemia em BH sinalizou que é necessário observar a variação do índice por pelo menos uma semana para entender se ele apresenta tendência de alta. Atualmente, a taxa aumenta desde o dia 10 de novembro, quando era 1,01.

Exaustão de se isolar e economia fragilizada seriam desafios em segunda onda em BH

Uma eventual segunda onda da pandemia de Covid-19 encontraria um cenário diferente do que o primeiro ápice de internações na cidade encontrou: pessoas cansadas de manter algum nível de isolamento social por meses, comércio fragilizado pelo período em que passou fechado e uma demanda reprimida por procedimentos hospitalares eletivos que foram adiados.

“É como se estivéssemos em uma balança. Na medida em que o conhecimento dos profissionais de saúde sobre a doença e a disponibilidade de testes aumentou, as pessoas se cansaram. É um processo social que precisa ser repensado, principalmente com (as festas do) final do ano, em que poderemos ver agrupamentos de doença em famílias e grupos que se relacionam”, destaca a coordenadora do Observatório de Saúde Urbana (OSU) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Waleska Teixeira Caiaffa.

O infectologista Unaí Tupinambás destaca que seria necessário pensar em novas estratégias de controle da pandemia em uma eventual explosão de casos — talvez mantendo parte do comércio aberta, por exemplo, mas restringindo acesso a bares e restaurantes, em que pessoas tendem a falar mais alto e a retirar a máscara. Apesar de ser membro do comitê de enfrentamento à pandemia da PBH, ele diz que essa hipótese é uma avaliação pessoal e, por ora, não está nos planos da prefeitura.

 

Fonte: O Tempo

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Postado originalmente por: Portal Onda Sul – Carmo do Rio Claro

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