Exportações e alta do dólar causa alta nos preços dos alimentos básicos

O crescimento das exportações de produtos, alta do dólar e a maior demanda interna, em decorrência da pandemia do novo coronavírus (Sars-Cov-2), estão causando alta generalizada no preço dos alimentos básicos de consumo dos brasileiros. É essa a justificativa da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) reforçada pelo analista de agronegócios do Sistema Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg), Caio Coimbra. Segundo ele, os reajustes estão acontecendo nos preços do arroz, feijão, carnes, óleo, entre outros itens de primeira necessidade.

Na avaliação de Coimbra, os principais fatores que geraram o aumento no preço do arroz, por exemplo, foram o consumo interno e a exportação para países asiáticos, que têm o grão como prato essencial. De acordo com ele, alguns desses países enfrentaram um período de insegurança alimentar – juntamente com problemas climáticos – e, por essa razão, importaram mais arroz.
“Com o dólar alto e a demanda aquecida do mercado externo, o Brasil começou a exportar mais. Nós (Brasil) exportamos 582 mil toneladas de janeiro a julho de 2019 e quase o dobro no mesmo período de tempo deste ano. Isso, certamente, fez com que o produto ficasse mais caro para o consumidor final aqui no mercado interno”, explicou.

Em Belo Horizonte, os gastos das famílias que dependem da cesta básica de alimentos subiram 23,12%, em média, apenas com arroz, de janeiro a agosto. No mesmo período, o custo com o feijão carioquinha aumentou 15,06%. Enquanto isso, os 13 produtos que compõem a cesta encareceram 3,14%. Os dados são da Fundação Ipead, vinculada à UFMG, que calcula a inflação na cidade medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Ainda para o analista de agronegócio, ao contrário dos fatores específicos que contribuíram para a alta do arroz, a alta do custo de um pacote de feijão está voltada totalmente ao consumo interno, já que o grão não é tão exportado como o arroz. O feijão atingiu a sua maior alta em abril e, deste então, se manteve elevado.

Na pesquisa de preços feita pelo site Mercado Mineiro em BH, com as variações de preço dos produtos da cesta básica – de abril a setembro, período da pandemia -, o arroz ficou até 46% mais caro. Em contrapartida, o feijão teve queda de 21%, mas se manteve elevado. Confira:

Arroz branco Prato Fino Tipo 1 (5kg) – custava em média R$ 18,44 e subiu para R$ 26,92 (+46%);
Arroz branco Camil (5kg) – custava em média R$ 15,22 e subiu para R$ 20,42 ( 34%);
Arroz branco Tia Jú (5kg) – custava R$ 12,77 e subiu para R$ 16,68 ( 30%);
Feijão Carioca (1kg) – custava em média R$ 9,64 e caiu para R$ 7,52 (-21%)

Margens pressionadas

Tendo em vista o avanço dos preços dos itens que compõem a cesta básica, a redução ainda maior da margem nos supermercados seria inviável para os empresários do setor, segundo o presidente executivo da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Antônio Claret Nametala.

Para ele, os supermercadistas estão operando com as margens quase próximas do limite mínimo. Com isso, o repasse de preços seria quase que inevitável.

“A margem dos supermercados está cada vez mais achatada. Nós temos trabalhado de forma extremamente responsável, levando segurança e tentando garantir o abastecimento ao consumidor e com isso nossos custos estão muito elevados. Então, neste momento, as margens estão extremamente reduzidas e não tem como os supermercados não considerarem isso ao receberem a tabela dos fornecedores com os aumentos”, declarou Claret.

Projeção de preços

De acordo com o analista de agronegócios do Sistema Faemg, mesmo sem uma data estimada para o fim da pandemia da COVID-19, os preços dos produtos básicos tendem a cair, mas não devem retornar ao mesmo valor que estavam antes da pandemia.

“Essa queda se dará pela continuidade dos preços altos até que o consumidor comece a trocar os produtos que estão mais caros por outros mais baratos. Com esse movimento, os preços tendem a baixarem. É essa a lógica do efeito de substituição e da regulação natural de mercado. Outro ponto de destaque seria a expectativa em relação às safras que estão sendo plantadas por agora. Caso ela seja alta, os preços devem abaixar”, projetou.

 

Fonte: Estado de Minas

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Postado originalmente por: Portal Onda Sul – Carmo do Rio Claro

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