Moscas podem ser ferramenta para apontar data e local de homicídios

A utilização de moscas em investigações criminais, estratégia largamente usada nos Estados Unidos, pode chegar às delegacias mineiras em médio prazo. Por meio desses insetos é possível evidenciar data e local de morte. Essa ciência, chamada de “entolomologia forense”, foi objeto de um estudo inédito em Belo Horizonte, que ganhou as páginas da “Revista Brasileira de Criminalística”.

Uma das orientadoras do estudo, a parasitologista e entomologista Thelma de Filippis, professora da Faculdade da Saúde e Ecologia Humana (Faseh), defende que a pesquisa abre possibilidades para que a prática seja utilizada em investigações criminais em Minas Gerais.

“O estudo que nós fizemos foi com carcaça de suíno deixada em uma mata. Catalogamos as espécies que estavam colonizando aquela carcaça em diferentes estágios da sua decomposição. Ao final da pesquisa, conseguimos, com precisão, ter a data em que o animal foi colocado na mata”, explicou.

Além da identificação da data da morte e do momento em que o animal foi colocado lá, foi possível catalogar tipos de moscas que existem em Belo Horizonte. Para a pesquisadora, é o primeiro passo para se formar um banco de dados que ajudará na ampliação de estudos na área no Estado.

“Estamos precisando catalogar em Minas Gerais quais são as espécies de moscas que ocorrem na área urbana, no ambiente silvestre, os que ocorrem em cidades do Norte de Minas, do Sul de Minas, por exemplo. Porque com certeza existe uma variedade”, defende Thelma.

Participaram do estudo os alunos Amanda Aparecida de Paula e Marlon Bernardo Costa, do curso de ciências biológicas do Centro Universitário Una, orientados pelos professores Elisa Neves Vianna, da Universidade de Brasília (UnB), Thelma de Filippis, da Faseh, e Pablo Alves Marinho, da Una.

Especialistas e banco de dados são essenciais

Para o perito criminal Pablo Alves Marinho, do Instituto de Criminalística de Minas Gerais, a falta de pessoas com formação na área de entomologia é um dos desafios para o método começar a fazer parte das investigações criminais no Estado.

O perito também destaca que a criação de um banco de dados com os insetos que atuam na decomposição de cadáveres é importante.

“Esse estudo acaba instigando outras pessoas a replicarem essas pesquisas. Os dados publicados podem ser usados pela Polícia Civil de Minas”, diz.

O perito, que também atuou na pesquisa sobre as moscas, lembra que, em outros locais do Brasil, a técnica já é usada, como Distrito Federal, Bahia, Rio de Janeiro, Paraíba e Amapá. Em Minas, segundo ele, um grupo de estudos está sendo montado dentro das delegacias.

Suicídio e uso de drogas são detectados

O intestino das moscas tem pistas poderosas, segundo a pesquisadora Thelma de Fillipis. “Nas investigações de mortes violentas ou suicídio, com o conteúdo intestinal do inseto, você pode fazer análises químicas para encontrar alguma substância tóxica que aquela pessoa possa ter usado”, diz. Sendo assim, se a pessoa tiver tomado um veneno, por exemplo, ou consumido uma droga ilícita, é possível detectá-lo com a ajuda do inseto.

 

Fonte: O Tempo

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Postado originalmente por: Portal Onda Sul – Carmo do Rio Claro

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